Eu o encarei esperando alguma resposta plausível para o que tinha acabado de acontecer, ele me encarou parecendo ofendido com a minha pergunta.
— Não acha mesmo que eu tentei te matar não é? — perguntou ele
— N-não foi o que eu disse. Só que... É estranho a chamada ter caído justamente no seu celular.
Ele deu de ombros, sério.
— Você sabe que se eu quisesse te matar só de te tocar conseguiria isso.
— Não disse que você tentou me matar apenas que...
— A loira... — Ele falou levantando-se como se acabasse de lembrar-se de algo.
— O que? Quem? A investigadora? — perguntei e ele balançou a cabeça fazendo que não — A Ambre?
— Eu volto depois. — disse ele indo até a porta
— Espera! Você... Você tem que me dizer quem...
— Depois.
— Mas Neythan... — comecei, mas ele já tinha saído.
Outra reação estranha, ele nunca saia assim quando eu estava falando com ele, ou alguma coisa parecida. Não tinha certeza, mas parecia que desde que a gente começou a ficarmos juntos as coisas pareciam ter ficado meio... Estranhas e insuportáveis. Ele não passava mais de cinco minutos perto de mim e quando isso acontecia sempre ocorria uma coisa estranha. E o que ele tinha com a Ambre? Já começava a ficar com raiva de tudo isso, não achava que ele tivesse tentado me matar porque como ele disse, se ele quisesse isso só de me tocar conseguiria, mas eu queria uma explicação para a chamada ter caído justamente no celular dele.
Eu não iria ficar ali parada. Precisava sair e não estava nem ai se a pessoa que estivesse tentando me matar estivesse lá fora. As coisas estavam acontecendo e eu era a única que não sabia de nada e ficar sem saber nada com essa dúvida toda não era nada bom.
Tomei um banho e me arrumei colocando uma roupa confortável com um bracelete e deixei o cabelo solto como eu sempre usava. Peguei meu celular e sai do quarto, liguei para as meninas e combinamos de nos encontrar na casa da Alycia e de lá decidiríamos para onde ir. Elas já sabiam que eu estava namorando com o Neythan, mas também não tinha contado sobre a parte do que ele era. Meus pais eram os únicos que não sabiam, eles não iriam aceitar isso, mas tinha combinado que breve contaria para eles.
Passei no quarto onde minha mãe estava para avisar aonde eu ia e depois quando estava saindo dali acabei me deparando com a Ambre conversando com o Neythan.
Agora fazia sentido quando ele disse a loira.
Mas o que ele tinha com ela e ela com ele? Por que ele não tinha me falado nada sobre ela? Tive vontade de ir até lá e descobrir as respostas para isso, mas não fiz, eu não achava que ele estaria mentindo pra mim então com certeza ele me diria (sem que eu perguntasse) o que ele estava fazendo conversando com ela. Eu confiava nele, mas ultimamente começava a ter dúvidas sobre isso, ele estava sendo tão mais misterioso que antes que eu não sabia no que devia acreditar.
Eu era covarde.
Não iria causar uma confusão justamente com a Ambre, não sabia se o Neythan era o tipo dela. Na verdade, ele era! Claro que era! Bonito, charmoso, elegante, misterioso, olhar e sorriso sedutor, ele era o tipo de qualquer garota. Não negava que por dentro estava morrendo de ciúmes, mas tinha que tentar manter o controle sobre a situação.
Fiquei parada observando, Ambre pareceu dizer uma coisa que o Neythan não gostou, ela tentou tocar nele, mas ele desviou saindo e ela deu aquele sorrido de cobra dela. Quando percebi que o Neythan já estava longe, sai para ir encontrar com as garotas. Foi ai que percebi também que não tinha ido até lá por que queria evitá-lo. Ou... Evitar o obvio.
Eu estava com medo de pensar naquele assunto.
Fui até a casa da Alycia e as garotas já estavam esperando lá. Eu tinha atrasado um pouco por causa dos pensamentos sobre Ambre e Neythan juntos, ele nunca tinha me contado que tinha algum tipo de relação com ela. Não que eu tivesse perguntado, mas era a Ambre. Uma das suspeitas de ter tentado me matar, se bem que eu não acreditava sem por cento nisso, mas isso não eliminava o fato de que era ela. Eu estava com raiva e com medo do que poderia descobrir.
— Você demorou. — Disse Maya
— Me desculpe, eu... — comecei, mas parei, não sabia como explicar.
— Já sei! Nem precisa dizer.— Falou Alycia.
Dei de ombros, parecia que isso estava meio obvio.
Elas também sabiam que as coisas entre eu e o Neythan estavam basicamente dizendo; uma bagunça.
— A Ambre estava falando com ele lá no Hotel. Ele nunca me disse que a conhecia. Apenas a mencionou hoje, perguntando se eu conhecia.
— Você acha que...
— Não! Tenho quase certeza que a Ambre não é o tipo dele. — Falei, mas na verdade estava meio insegura.
— Se for, o relacionamento de vocês está em perigo — Disse Maya
— Prefiro pensar que não é. Se é que pode chamar isso de relacionamento. Mas mudando de assunto, aonde a gente vai? Eu estou tentando não ficar pensando nos dois, isso está me deixando louca. Ou no caso, mais louca. Ainda estou tentando adivinhar meu estado atual.
— Tarde sem garotos — Disse Maya abrindo um enorme sorriso.
— Acho que por hoje é melhor assim. Cadê a Roberta?
— Já era para ela estar aqui. Está atrasada que nem você. — Falou Alycia, passando uma mão pelo cabelo.
Ficamos alguns minutos esperando a Roberta chegar e depois saímos. Eu e as garotas aproveitaríamos a noite para nos distrair, se bem que, algumas delas pretendiam fazer compras ou coisas assim, a única coisa que eu queria fazer era esquecer aquela cena do Neythan e Ambre e perguntar diretamente à ele sobre aquela ligação, eu não iria me esquecer disso.
Cheguei ao hotel quase à noite e o Neythan estava lá, sentado na cama. Como ele tinha conseguido entrar? Que eu me lembrasse, tinha trancado a porta do quarto.
— Oi — Disse ele
Ele estava com uma expressão normal, não parecia com raiva, ou sério demais ou qualquer coisa do gênero. Como se ele nunca tivesse saído daquele quarto sem me explicar o motivo da ligação ter caído no celular dele.
— Olá — Falei brevemente
Queria ter tentado disfarçar o quanto estava chateada com aquela situação, o quanto queria explicações para as ações dele e o quanto queria que ele sentasse e conversasse comigo descentemente, mas não falei nada. Só conseguia agir de maneira seca, como se estivesse com ciúmes ou algo do gênero.
— Onde você estava? — Perguntou ele, avaliando-me.
Seu olhar percorreu meu corpo de cima até em baixo, eu tentei não ficar constrangida e muito menos corar, — não que isso fosse alguma coisa que eu conseguisse controlar — isso significava que ele tinha desarmado todas as minhas defesas, então não me deixaria ser levada por aquele olhar lindo e hipnotizante.
— Por ai. — Falei, colocando o celular em cima da cômoda.
— Por ai tem um nome? — perguntou ele com uma sobrancelha arqueada.
— Vários! Se é que isso importa pra você.
— Ah! Na verdade eu já sei. — Ele falou sorrindo.
— E a Ambre? — perguntei. E ele levantou-se me observando.
Parecia que não tinha entendido a pergunta, mas a meu ver, ele apenas estava se fazendo de bobo.
— O que tem ela?
— Achei que fosse me contar.
— Contar o que?
Dei de ombros, indignada, cruzando os braços.
— Como assim o que? Muitas coisas. Primeiramente por que chegou tenso aqui aquele dia, depois por que a ligação caiu no seu celular e depois por que estava conversando com a Ambre na entrada do hotel? Nunca me disse que a conhecia. Eu fui à única ou você também percebeu que desde que a gente começou a ficarmos juntos as coisas começaram a ficar... Tensas?
— Ela...
— Desculpa estar falando tanto. Eu não queria, preferia as coisas como eram antes.
— Eu estou tentando descobrir uma coisa e quando descobrir você vai ser a primeira a saber.
— Por que a Ambre? Por que novamente ela? Perguntou-me se eu a conhecia e depois estava falando com ela.
— Ela tem mais relação nesta história do que você imagina.
— O que? A Ambre? Sério? Pode explicar melhor?
Eu já desconfiava que a Ambre pudesse ter alguma relação com alguma coisa, mas no fundo duvidava. Ela parecia ser só o tipo problemática de patricinha que queria atenção, mas eu não a conhecia bem, então não poderia julgá-la.