CAPÍTULO 35: A VERDADE

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Ele sentou-se novamente na cama e respirou fundo, eu sentei ao lado dele esperando que ele contasse.

— Eu andei pensando sobre os meus pais naquele dia do restaurante... E me lembrei de que, de alguma forma é fácil encontrá-los aqui, eu fui até lá. Foi meio complicado, sabe... Eles ainda estão juntos e... Eu acho que felizes. É claro que no fundo fico feliz com isso, mas é complicado...

Eu entendi o que ele quis dizer com aquilo. Deveria ser muito difícil ver os pais que te abandonaram sendo felizes sem você, ainda mais sabendo, ou pelo menos achando que você era parte do sofrimento deles, não que Neythan os fizesse sofrer, mas sim pelo fato de quem ele era.

— Eu entendo! Queria poder conversar com eles.

Sabia que parte do Neythan gostaria de conversar com eles e os confrontar, eles o tinha abandonado, quando ainda era uma criança, ele poderia ter morrido se não tivesse achado alguém que cuidou dele, bom... Não exatamente já que ele era imortal e tinha uma inteligência enorme, mas isso não alterava o fato de que ele era uma criança. De que precisava de carinho e atenção.

— É quase isso. Eu descobri que a loira...

— Ambre? — Falei e ele assentiu com a cabeça

— É! Descobri que ela tem algum tipo de ralação com as pessoas que mataram a Loren.

— Loren?

— Amiga... — Falou ele observando-me

Ele estava esperando que eu me lembrasse do nome, mas já sabia quem era. A amiga dele que supostamente estava morta, ele devia sofrer muito com isso.

— Ah! Sei quem é.

Era a primeira vez que ele falava o nome dela e quando falou pareceu não gostar.

— A Ambre? Mas ela parece tão...

— Eu me encontrei com ela na estrada quando estava indo para casa. Ela disse que o carro dela tinha estragado ou alguma coisa assim. Ela me pediu o celular emprestado. Acho que na verdade foi uma armação, porque ela mandou a mensagem para o seu celular e quando percebeu que tinha mandado restrito mandou uma segunda mensagem.

— Mas por que ela iria querer isso? Quer dizer que... a Ambre que está tentando me matar?

Ele negou

— Eu não sei. Talvez ela esteja fazendo isso para alguém.

— Ou talvez porque ela gosta de você.

Ele sorriu de canto como se aquilo fosse algo impossível.

— Não! Descobri que ela tem um tipo de obsessão pelo Alexander, mas ele não gosta dela.

— O Alexander? Por isso eles estavam conversando na escola um tempo atrás. Ela parecia estar morrendo de raiva de mim por alguma coisa. Ela deve ter descoberto sobre o jantar.

— Possivelmente.

Isso explicava muita coisa. A Ambre parecia querer pular no meu pescoço quando me viu ao lado do Alexander aquele dia, mas o que ela não entendia, era que, eu não gostava do Alexander do jeito que ela imaginava, só podia ser obsessão mesmo, como o Neythan havia dito.

— Por que estava falando com ela na entrada do hotel?

Ele deu de ombros

— Ela veio falar comigo. Perguntou se estávamos juntos ou se você tinha alguma coisa com o Alexander.

— Você acha que tem algum tipo de possibilidade de Ambre ser como vocês? Ou... Ter tentado me matar? Pois isso não faz sentido.

— A Loira é mais do que imagina. Tenho quase certeza que talvez ela tenha tentado isso, mas não dá para saber.

— Como era a relação entre você e a Loren? Pareceu não gostar quando falou no nome dela.

— Não poderia dizer que éramos bem amigos, ela era muito... Rebelde, por causa do namorado dela, quase sempre estávamos discutindo. Ela não acreditava quando dizia que o cara não gostava dela e achava que no fundo eu estava com Inveja porque ela tinha alguém e eu não.

— Então, por que mesmo assim convivia com ela?

— Porque ela precisava disso. Ela também não tinha quase ninguém. E a cada dia ela ficava pior. Achei que ela fosse se tocar de que ele não era bom, mas quando isso aconteceu foi tarde.

— Você... tinha atração por ela?

— Não. – Respondeu ele, sorrindo – Ela nunca foi meu tipo. Digamos que ela tinha o ego alto demais e se achava. Se ainda estivesse viva faria uma bela dupla com aquela loira.

— Como ela sabia sobre você?

— Eu acabei contando. Ela insistia demais que tinha alguma coisa e como sabia que ela não desistiria, eu contei. Além disso, ela não podia chegar perto de mim.

— Acho que dificultei tudo pra você, eu não pensei pelo seu lado, desculpa.

— Não tem problema.

Eu tinha sido injusta com ele, mas não tinha culpa por ele não ter me dado as respostas antes, as coisas ficavam mais claras quando eram melhores explicadas, assim eu não tirava conclusões precipitadas ou coisas do gênero.

— Eu tinha saído com as garotas. Fomos dar uma volta pela cidade.

— Eu já sabia. — Disse ele, observando-me com um meio sorriso.

Isso era injusto.

— Como sabe as coisas sobre mim assim? Eu fico surpresa. E por que sempre sai rápido daqui?

— Não posso ficar muito tempo aqui. Seus pais podem acabar vendo e vai ser ruim pra você. E também porque estou tentando descobrir uma coisa importante.

— Quase achei que estivesse mentindo pra mim. — Falei, constrangida

Gostava do fato de ele pensar por nós, já que eu não me preocupei tanto com aquele fato, era verdade que se minha mãe nos visse ali sozinhos iria dar muita confusão, ela iria entender tudo errado como sempre acontecia. Sem contar o meu pai que poderia me proibir de ver o Neythan, e isso era uma coisa que eu não queria que acontecesse.

— Não faria isso. Nunca fiz com você, apenas escondi a verdade.

— Eu sei. Desculpa.

— Não precisa se desculpar. — Disse ele, levantando-se — Agora eu vou pra casa. Te vejo depois.

— Ficou magoado comigo?

Ele deu de ombros

— Não!

— Vai voltar amanhã?

— Talvez.

— Então... Boa noite.

— Para você também.

Ele me deu um beijo e depois foi embora. Agora entendia um pouco melhor a situação, o que significava que a Ambre não era só o que aparentava ser, talvez ela conhecesse a pessoa que tentou me matar ou talvez ela fosse essa pessoa. Só que me perguntava, por quê? Se fosse por causa do Alexander ela estava enganada, eu não gostava dele e esperava que ele continuasse longe de mim.

Deitei na cama sem interesse em dormir e peguei o meu diário escrevendo resumidamente tudo o que tinha acontecido naquele dia.    



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