Laura Fonseca
Entro dentro da escola torcendo para que hoje eu consiga ver a Vanessa, já fazem duas semanas que ela não aparece, desde o dia que nós fomos no morro pela última vez. Já tentei ir na casa dela, mas fui informada de que não há ninguém lá. Será que tiraram a Vanessa do país? Eu não duvido de nada vindo daqueles pais dela, e por isso estou tão preocupada, não sei o que fazer, não sei como ajudar a minha melhor amiga. Ela nem recebe mais mensagens, eu acho que vou enlouquecer.
— Laura! — Escuto a Pietra ne gritar e viro para olhar para ela — Espera, quero falar com você.
Eu aceno, e fico parada esperando ela se aproximar de mim. Pietra é a filha da dona da escola, e é a garota com o estilo mais alternativo daqui. Deve ser legal ter uma família que respeita seus gostos e sua forma de viver.
— Aconteceu alguma coisa? — Pergunto quando ela para na minha frente, respirando fundo depois de correr.
— Isso é o que eu quero saber — Ela diz e eu fico confusa.
— Do que você está falando? — Questiono com as sobrancelhas arqueadas — eu não estou sabendo de nada.
— Você poderia me deixar falar primeiro — Ela rebate e eu reviro os olhos — Eu quero saber porque a Vanessa saiu da escola? Faltam quatro meses para acabar o curso, minha mãe disse que não deveria me meter, mas eu só estou curiosa mesmo, ela era tão dedicada e...
— Espera, Pietra — Peço interrompendo a fala dela — O que você quis dizer com isso?
— Com o quê?
— Como assim a Vanessa saiu da escola? — Pergunto me sentindo atordoada.
— Como assim você não sabe que ela saiu da escola? — Ela pergunta confusa e preocupada — A mãe dela esteve aqui essa semana e cancelou a matrícula dela e disse que ela iria estudar fora.
— Eu... Eu não estava sabendo... — Respiro fundo tentando manter a calma, mas acho que isso é impossível — Você sabe de mais alguma coisa? Qualquer coisa.
— A mãe dela e a minha não são muito próximas, então desculpa, só sei disso — Ela fala parecendo realmente sentir muito — Mas está acontecendo alguma coisa? Tenta a polícia.
— Eu acho que ela deve estar bem, é que a gente se desentendeu e eu não fiquei sabendo de nada, mas eu vou falar com ela hoje e perguntar o que está rolando — Falo com um sorriso pequeno, não vou demonstrar o medo e o desespero que eu estou sentindo.
— Ah sim, nunca imaginei que vocês brigassem — Ela fala rindo e eu dou de ombros — Quase fiquei preocupada achando que tinha acontecido algo grave.
— Deve estar tudo bem, depois até te conto o que pode ter sido — Digo, começando a me sentir desesperada para me afastar logo dela, preciso pensar com calma e sair de dentro dessa escola.
— Tá bom, até depois então — Ela fala e eu sorrio me despedindo dela também.
Caminho até as escadas que vão para as quadras e me sento, preciso respirar fundo e devagar, não gosto nem de pensar no que a Vanessa deve estar passando, e o pior de tudo, não saber o que eu posso fazer para ajudar.
Minha mãe nunca se envolveria, assim como das outras vezes, tenho certeza que ela diria que é um problema de família e que eu não devo me meter, mas dessa vez eles tiraram ela da escola, duas semanas sem notícias, e quando eu vou lá, os funcionários dizem que não tem ninguém em casa.
Suspiro sentindo meu coração doer e meus olhos se encherem de lágrimas. Eu sou uma péssima amiga!
Pego o meu celular, sei que não adianta nada, mas eu queria tanto ver ela ficando online novamente, acho que seria melhor se os pais dela a mandassem para alguma escola mesmo, mas acho que eles fizeram de novo, estão a mantendo presa dentro de casa.
Será que eles descobriram sobre o morro? Se for por isso, a culpa é realmente minha. E isso faz de mim a pior das piores amigas. Eu nunca vou me perdoar se algo grave acontecer ou se já tiver acontecido com ela.
Olho para a tela do meu celular, sem saber o que fazer, mas faço a primeira coisa que me vem à mente neste momento, não sei se vai ter alguma utilidade, mas ele vai saber o que fazer para me ajudar a pensar.
— Achei que não iria me atender — Falo quando o Gota me atende.
— Aconteceu alguma coisa? — Ele pergunta preocupado, acho que é pela minha voz de choro.
— Aconteceu e eu não sei o que fazer — respondo me sentindo um lixo de pessoa.
— Respira fundo e me conta, vou fazer tudo para te ajudar — Ele diz em tom de preocupação. — Você está machucada? Precisa de alguma coisa?
— Preciso, mas não é para mim — Falo chorando e respiro fundo — Aconteceu alguma coisa com a Vanessa.
— Como assim? — Ele pergunta confuso.
— Ela sumiu desde aquele dia que deixamos ela em casa, não sei de mais nada que possa ter acontecido — Falo em meio às lágrimas — Ela não recebe mensagem, quando vou na casa dela, dizem que não tem ninguém lá e hoje eu descobri que a Eliza, mãe dela, a tirou da escola. Aconteceu alguma coisa.
— Tudo bem, calma — Ele pede suavemente — O que você acha que pode ter acontecido?
— Acho que eles estão mantendo ela presa em casa — Respondo rápido.
— Eu vou falar com o Elfo, mas não sei se vou poder te ajudar com ela, não podemos invadir a casa de um policial federal assim — Ele diz receoso e respira fundo — Mas se o Elfo autorizar, a gente tira ela de lá.
— Fala com ele, por favor — Peço, talvez eu esteja ficando louca, mas eu topo qualquer ideia.
— Eu vou conversar sobre isso, então fica calma, respira fundo — Ele diz em um tom calmo — Quer que eu mande te buscar?
— Eu não posso sair da escola agora — Respondo limpando os olhos.
— Quando acabar a aula, eu vou ai te buscar e você passa o dia comigo, pode ser? — Ele pergunta e eu suspiro.
— Eu vou para casa hoje, quero ficar sozinha — Respondo chateada comigo mesmo — Eu prejudiquei a minha melhor amiga, preciso só dormir e esquecer o mundo.
— Tudo bem, mas quando quiser companhia, é só me ligar — Ele responde me confortando.
Mas antes que eu possa responder, vejo um dos fiscais vindo na minha direção e suspiro. Eu tenho que voltar para sala, não vou mais conseguir me esconder.
— Eu preciso desligar, te mando mensagem depois — Me despeço.
— Fica calma, para tudo tem jeito — Ele diz e eu tento ficar mais positiva, mas não dá — Até depois.
— Até depois — Respondo e desligo a chamada.
Ignoro tudo o que o fiscal está falando e começo a andar em direção a minha sala. Eu queria mesmo que eles pudessem fazer algo, queria não ter ido aquela festa e nem ter prejudicado a Vanessa. Ela deve estar se sentindo no inferno presa em algum lugar há duas semanas pelos pais.
Mas quando eu me acalmar, eu vou pensar em alguma coisa, qualquer solução.
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Oie, tudo bom?
Espero que gostem do capítulo ❤️
@ thainarro
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Anatomia do Caos - Morro
RomanceSinopse: Vanessa, uma patricinha de família rica, sobe o morro com sua melhor amiga, Laura, na intenção de conhecer o baile mais falado do Rio de Janeiro, só não contava que a festa seria invadida e ela ficaria no meio de uma troca de tiros, e o que...