Vanessa Aguiar
O motorista estaciona o carro e aqui estamos nós no morro novamente. Me sinto nervosa e apreensiva. É uma droga não saber o que realmente está acontecendo aqui. E pior, essa desconfiança fica na minha cabeça o tempo todo, acho que eu vou surtar se eu continuar pensando nisso. Ao menos já chegamos aqui e agora de um jeito ou de outro vamos saber. Espero que eles não estejam mesmo tentando nos colocar nas estatísticas.
Gota abre a porta do carro para nós e então descemos em silêncio, e todo esse clima deixa tudo mais estranho.
— Vem, o Elfo tá esperando a gente lá dentro — Ele avisa e começa a nos guiar para dentro de uma casa, ela parece um pouco maior e melhor que a maioria das outras.
Respiro fundo, minha cabeça está começando a doer de tanto que esse nervoso está me atingindo, minha dúvida sobre o tópico da reunião martelando na minha cabeça. Não surta agora, Vanessa, qualquer coisa você vai ter que implorar ajuda para o seu pai. Quase rio, não vejo em qual das situações eu saia viva.
De qualquer forma, estou transformando tudo em uma catástrofe enorme, eu nem mesmo sei sobre qual o tópico dessa conversa, nem mesmo sei como vai ser toda a conversa, preciso relaxar e pensar de maneira calma. O Elfo não seria louco de fazer alguma coisa com a gente por sermos filhas de quem somos, não escolhemos os nossos pais, não escolhemos nossa família de sangue.
— Vocês demoraram — O Elfo comenta no instante em que pisamos na sala.
E apesar de estar muito nervosa com tudo o que está acontecendo, minha mente vira uma chave, e tudo o que fizemos na praia me atinge com força e meu rosto esquenta no mesmo instante. Preciso manter o foco de entender o que realmente está acontecendo aqui.
— Nem deveríamos estar aqui — Rebato cruzando os braços sobre o peito.
— Nós precisamos conversar sobre um assunto intrigante — Ele responde se sentando em uma poltrona.
— Seja direto — Eu peço, mas meu tom de voz faz parecer uma exigência, mas realmente é uma.
— Eu fiz algumas pesquisas e descobri algumas informações — Ele comenta me encarando, enquanto a Laura senta em um sofá e o Gota encosta em uma das paredes da sala azul.
— Preciso que seja mais rápido do que isso, porque eu ainda tenho que voltar para casa — Reforço, estou sem tempo para esse suspense infantil. E sem a menor paciência para um teatro.
— Roberto Aguiar, delegado da polícia federal, quarenta e sete anos...
— Eu não preciso ouvir essa biografia, me chamou aqui para isso? — Pergunto levemente irritada, o que é bom para disfarçar o meu medo. Parte de mim acredita que ele não faria nada, mas é sempre bom estar atenta.
— Não precisa ouvir porque se trata do seu pai! — Ele exclama a afirmação e olha para a Laura — Ainda nem falei sobre a mãe dela ou o pai. Então tenho muito o que falar ainda.
— Incrível, você sabe sobre os meus pais, sobre os pais dela, e daí? — Questiono completamente na defensiva.
— Para de enrolar, Elfo, vamos acabar com isso logo — O Gota fala em um tom cansado e eu fico desconfiada.
— Por favor! — Peço concordando com o Gota — Vamos acabar com isso logo. Seja direto, Elfo.
— Qual a de vocês vindo para o morro? — O Elfo pergunta e eu rio não entendendo o ponto dele.
— Como assim? — A Laura pergunta confusa em um tom temeroso.
— Aguiar é um filho da puta que é associado ao Drogo, por que a filha dele viria logo para cá? — Ele pergunta e eu fico séria no lugar — Por que a filha do desembargador que fodeu muitos dos nossos estaria com um?
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Anatomia do Caos - Morro
RomanceSinopse: Vanessa, uma patricinha de família rica, sobe o morro com sua melhor amiga, Laura, na intenção de conhecer o baile mais falado do Rio de Janeiro, só não contava que a festa seria invadida e ela ficaria no meio de uma troca de tiros, e o que...