142. Crime e Castigo - ToddBlack (Not Me)

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     {Um agradecimento especial para @Glaucya por pedir por ToddBlack. Perdão pela oneshot gigante, gente... me empolguei com o desenvolvimento que achei que eles estavam precisando hehe}

     Black encarou o teto por longos minutos após despertar. Era difícil pensar em um bom motivo para sair da cama. Ele odiava se incomodar com a solidão que o atormentava nos últimos dias, mas a melancolia era inegável. Ele sentia falta de um propósito.
A série de batidas em sua porta o arrancou de seus pensamentos de repente. A única possível visita que lhe veio em mente foi White, o que o fez levantar para atendê-lo sem pensar muito.
     - Pensei que só viria aman... - Black acordou de vez com o susto que levou ao abrir a porta. Ele não esperava que Todd viesse procurá-lo tão cedo. - Você!
     - Não se preocupe, eu vim em paz - Todd ergueu os braços, em rendição. - Sem armas, pode checar.
     Black o encarou, desconfiado, e então deslizou as mãos pelo corpo de Todd, fiscalizando seus bolsos e possíveis esconderijos. Neles, achou apenas um celular e um par de algemas com chave, confiscando ambos por precaução.
       - Ah é... tem essa arma aí - Todd ousou brincar quando as mãos de Black chegaram perto do meio de suas pernas, mas seu "amigo" não achou a mínima graça, chutando sua canela com força suficiente apenas para arrancar-lhe um gemido de dor e lembrá-lo de com quem estava se metendo.
      - O que você quer? - Ele questionou, com a expressão séria.
      - Será que a gente não pode conversar?
     Black continuou encarando-o com seu olhar mortal, em absoluto silencio.
     - Não custa nada! - Todd insistiu. - Não é como se eu fosse te matar. Você sabe bem que eu já tive oportunidades demais pra isso. Também não tenho interesse em te machucar de qualquer forma. Acabamos de ficar quites, e não estou interessado em ficar em coma de novo.
     - Você não está muito longe disso...
     - Black... - Todd respirou fundo. - Por favor...
     Era difícil para Black encará-lo daquele jeito. A mágoa no olhar de Todd era visível, mas acreditar em qualquer palavra ia contra toda a racionalidade de Black. Já havia doído demais ser traído uma vez. Ele não se permitiria ser traído de novo.
      - E o que eu ganho com isso? - Ele questionou.
      - Você só vai descobrir se me escutar.
      Por mais que odiasse admitir, Black estava curioso. Por que diabos Todd viria até ele? Ainda mais sozinho e 100% vulnerável.  Não fazia sentido, e tornava tudo muito mais suspeito.
      - Você tem 5 minutos... - ele suspirou, enfim permitindo que Todd entrasse no apartamento após deixar o celular e as algemas bem longe de seu alcance.
     - Você estava certo.
     Black congelou. Que tipo de jogo ele estaria usando dessa vez?
     - Você ouviu? Você tinha razão esse tempo todo - Todd repetiu. - Eu fui um grande hipócrita egoísta e escroto. Eu deveria ter te escutado e ficado do seu lado ao invés de dificultar as coisas pra você.
     - Interessante... agora diga-me algo que eu já não saiba - Black debochou.
     - Eu sei que você sabe, mas eu preciso que você saiba que eu sei - Todd explicou. - Depois que eu acordei do coma e descobri tudo o que tinha acontecido, eu soube que tinha errado.
     - Porque você não fazia ideia do tamanho do movimento...
     - E porque fiquei aliviado.
     Black ficou em silêncio por um instante, confuso.
     - A primeira coisa que senti foi alívio, Black. E você não sabe o quanto isso me deixou confuso. - Todd continuou. - Por estar em coma, eu perdi minha oportunidade. Todo o poder que poderia ter sido meu simplesmente escapou pelos meus dedos, e eu não pude fazer nada. Eu nem sequer estava consciente.
     - Por que o alívio então? Não era isso que você tanto queria? - Black caçoou.
     - Exatamente. Era o que eu pensava que mais queria quando estava ao meu alcance, mas que me causou o maior alívio quando já não estava. - Todd suspirou. - Você entende? O poder era um fardo esse tempo todo. Um problema. Só por estar próximo ele me corrompeu. Pensei que o único jeito de mudar algo era se eu o tivesse nas mãos, mas foi assim que todos os tiranos do mundo já pensaram, certo?
      - Jura? - Black riu. - Eu nunca tinha pensado nisso antes.
      Todd respirou fundo mais uma vez, cabisbaixo.
     - Sei que estou fazendo papel de idiota, mas não há mais nada que eu possa fazer. Não me resta nada significativo, Black. Eu não tenho ninguém. Você é a única pessoa que já me entendeu, apesar de tudo que aconteceu, e eu acredito que você ainda me entenda.
      - E o que você quer que eu faça? - Black questionou, um tanto revoltado. - Te dê um abraço, passe a mão na sua cabeça e juntos seremos felizes para sempre?
     - Na verdade sim - Todd sorriu por um instante, mas a melancolia não o permitiu segurá-lo por muito tempo. - Mas eu sei que não é assim que as coisas funcionam, e eu entendo. Eu só queria vir aqui e pedir pra tentarmos de novo, mesmo que não seja fácil. Você ainda é meu amigo, Black.
      - E você espera que eu confie em você?
      - Não... - Todd admitiu. - Por isso eu trouxe isso - ele apontou para a algema na bancada, e então deixou claro que iria pegá-la para não assustá-lo. Com cuidado, ele prendeu um dos lados em uma das barras da cabeceira da cama, e o outro em seu próprio pulso.
      - O que você pensa que está fazendo? - Black perguntou.
     - Estou me rendendo - Ele jogou a chave para Black. - Vou ficar aqui até você confiar em mim de novo.
     - Eu sabia que você era idiota, mas não sabia que era tanto. - Black bufou. - E se eu só te abandonar aqui?
     - Você não faria isso - Todd afirmou. - Você também não conseguiu me matar quando teve a oportunidade. Você pode ser impulsivo e violento de vez em quando, mas você não é uma pessoa ruim. Você luta pelas causas certas, e não me deixaria aqui apodrecendo à toa. Você pode não confiar em mim, Black... mas eu confio em você.
     - E se você estiver errado sobre mim?
     - Como eu disse, não me resta nada. Eu não tenho nada a perder. Se eu apodrecer aqui, pelo menos apodreci tentando.
     - Você é engraçado - Black apenas virou as costas e foi embora, trancando a porta do apartamento atrás de si.

Fine Line - One Shots BLWhere stories live. Discover now