24. Quando as máscaras caem - SabPhadbok (Gen Y)

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{Continuação do cap 21 ("Facetas")}

P.O.V. Sab

     Os últimos dias foram no mínimo insanos.
     Sinceramente, de vez em quando eu ainda acho que isso é algum tipo de sonho muito longo... e definitivamente estranho.

     Tudo começou quando Phadbok, o cara mais galinha e sem noção que eu já havia conhecido, me chamou pra sair. Isso já pode soar esquisito por si só, mas considerando que ele literalmente me odiava até então, a coisa fica bizarra de verdade.
     Acontece que, quando eu ainda trabalhava no café, eu já estava cansado de vê-lo sendo tão escroto com as pessoas, então resolvi fazer uma bebida especial para ele. Digamos que Phadbok tenha ficado um pouco bravo... mas ele não me assusta. Depois de ver tudo que ele já fez, e como ele sai por aí arranjando brigas por nada, é claro que o afetado da história é ele.
     O que de fato me fazia sentir péssimo era que, antes de conhecê-lo, eu o via por aí e idealizava um cara incrível. Talvez eu até tenha parecido um pouco com aquelas adolescentes com um platônico num cara que nem conhecem, e que na verdade era um babaca, mas pelo menos agora eu sabia a verdade.

     Algum tempo depois ele voltou ao café, com mais uma garota. Não que fosse novidade.
     Ele pediu um café forte e eu já estranhei na hora, porque ele nunca havia pedido nada do tipo antes, mas quando fui servi-lo tudo fez sentido. Phadbok esbarrou em mim de propósito só pra derrubar a bebida na minha roupa.
      É claro que foi um choque, mas eu não podia me estressar. Não podia dar esse gostinho pra ele. Comecei a rir da situação, pensando em como era engraçado o fato de que ele provavelmente só veio para isso, e acho que nem preciso dizer que ele ficou puto da vida.
     Depois disso, eu só o via na universidade de vez em quando.
     Dava pra sentir o olhar de ódio dele de longe, mas eu nem o encarava de volta. Não valia a pena. Também era uma forma de fixar na minha cabeça de que ele era o tipo de pessoa com quem eu não deveria me envolver, independente das aparências.

     Mas voltando ao primeiro dos acontecimentos absurdos que me ocorreram recentemente: ele me chamou pra sair.
     Era dia dos namorados, e eu estava almoçando com alguns amigos. Ganhei vários presentes esse ano, talvez por ter conhecido muita gente nova, e as pessoas costumam gostar do meu carisma... mas é a primeira vez que me sinto admirado dessa forma.
     Uma das minhas seniors citou o Phadbok na conversa, comentando sobre os dias dos namorados dos anos passados e como ele costumava ganhar dezenas de presentes também. Mas depois que ele traiu a Yuki, uma das garotas mais populares e queridas da universidade, ninguém mais queria saber dele.
     O rumor sobre a vez que ele derrubou café em mim também veio à tona, mas esclareci a situação dando a entender que não era nada demais e que ele já havia se dado mal pelas más intenções. Dessa forma eu pelo menos evitava que as pessoas o odiassem mais ou tentassem fazer algo contra ele por minha causa.
     Eu sei que ele me odeia e que não fez coisas boas com pessoas que eu conheço, mas eu acho que ele já sofre o suficiente por isso. Phadbok sempre se faz de durão, mas eu tenho certeza de que é porque ele não sabe lidar com os próprios sentimentos... e talvez haja outros motivos além desse.
    O que eu não esperava era que ele aparecesse logo depois que eu falasse do assunto, com a raiva quase fazendo seus olhos saltarem pra fora como sempre.
     - Algum problema? - perguntei, tranquilo apesar de surpreso. Não há nada mais divertido do que tratar bem as pessoas que te odeiam e ver a cara delas.
     - Veio dar presentes pro Sab também? - minha colega perguntou, com ironia.
     -E se eu viesse? Algum problema com isso? - ele respondeu, por impulso é claro. Ele estava na defensiva, mas isso não impediu ninguém de se surpreender com a sugestão.
     E lá começou a confusão de pessoas falando sobre todos duvidarem da sua capacidade de ser romântico e fazer gestos bonitos, e ele pistola querendo claramente socar a cara de alguém.
     - Eu... não trouxe nada  - obviamente - Mas eu vim chamar ele pra sair.
     Quase comecei a dar risada de tanta surpresa, mas acho que seria muito rude da minha parte, mesmo que no fundo eu soubesse que ele só estivesse falando isso pra se safar da situação complicada que acabou se colocando.
     Por um momento me senti tentado. Ele nunca levava nenhum encontro a sério, como eu bem sabia, mas era impossível impedir a curiosidade dentro de mim. Como ele lidaria com a situação, considerando que havia me convidado na frente de todo mundo e o que quer que acontecesse nesse suposto encontro viraria assunto popular?
     - E... por que eu deveria aceitar? - perguntei, curioso sobre justificativa ele arranjaria.
     - Pra ver que eu não sou tão ruim assim, já que é disso que vocês tanto falam - Ah, então ele queria mesmo provar algo pra alguém...
     A parte de mim que se interessava um pouco por ele, e que há tanto eu andava tentando oprimir, falou mais alto naquele momento. Eu poderia estar sendo muito trouxa... mas eu não precisava necessariamente criar expectativa alguma, certo? Eu poderia apenas me divertir um pouco com a situação, sabendo que só aconteceria uma vez.
     - Tá bom então - respondi.

Fine Line - One Shots BLWhere stories live. Discover now