Fine Line - One Shots BL

16. O acidente - PhuphaTian (1000 stars)

     O trabalho de Phupha sempre havia sido arriscado.
     Afinal, não era fácil proteger as florestas ao redor de PhaPunDao, fosse de atividades ilegais, invasões, ameaças ambientais ou qualquer coisa do tipo.
     Seu pai havia tomado os mesmos riscos anos atrás, e acabara perdendo a própria vida por isso. Mas Phupha sempre pensara que não se importaria em morrer da mesma forma... se ele tivesse que se sacrificar para proteger todos, ele o faria sem pensar duas vezes.
      Acontece que tudo foi muito diferente do que ele esperava quando ele de fato levou um tiro, alguns anos atrás.
     Ele não se arrependia nem um pouco de ter se jogado na frente de Tian para salvá-lo, mas quando a bala o atingiu e tudo o que ele via era o cara que ele amava desesperado, chorando como ele nunca o vira chorar na vida, tudo que ele conseguia pensar era no quanto queria viver.

     Ele queria viver e falar o que sentia para Tian, que na época não era seu namorado.
     Ele queria viver e continuar estando ali pra ele.
     Ele queria viver para continuar amando do jeito que ele amava.
     E de fato, ele viveu.
     Viveu para contar a história, para se resolver com Tian, para esperá-lo por dois anos e ainda amá-lo da mesma forma quando ele voltou, e para hoje estar feliz com ele.

     Ele era muito grato pela sorte que teve, mas isso não o impedia de fazer as coisas com um pouco mais de cautela, e mais medo do que tinha antes. Porque agora que ele tinha Tian, havia sempre alguém esperando que ele voltasse.
     Isso trazia de volta as lembranças de sua infância, quando ele via a mãe preocupada, esperando o marido voltar bem. Até que um dia ele não voltou. Ele não queria que Tian se preocupasse, muito menos passasse pela mesma coisa.
      Por isso ele se manteve sempre atento, mesmo que as atividades ilegais tivessem diminuído muito desde a prisão do Sr. Sakda. Mas ainda sim, até a máxima cautela não era capaz de impedir um ou outro acidente de vez em quando.

     Naquela manhã, Phupha estava com sua equipe fazendo uma patrulha comum, em um ponto mais distante da vila, quando viu um grupo de adolescentes fumando na floresta e jogando os cigarros no chão.
     Se quiserem ferrar o pulmão de vocês okay, a consequência é só de vocês, Phupha pensou, Mas eu não vou deixar ninguém causar um incêndio florestal por causa de cigarro.
     Ele sinalizou para o resto do grupo da patrulha, se aproximando com calma dos adolescentes.
     Seria apenas uma conversa séria, com algumas advertências, mas nada além disso. Então ele escondeu sua arma para não parecer tão ameaçador.

     Acontece que, quando um dos jovens viu Phupha chegando antes do resto da patrulha, pensou que ele estivesse sozinho e sacou uma faca, parecendo louco de raiva por saber que levaria uma bronca.

     Agora isso... o chefe concluiu, vai exigir mais que uma simples conversa.

     Phupha sacou sua arma, fazendo o adolescente se arrepender na hora. O resto da patrulha chegou logo em seguida, estranhando a situação, mas a tensão acabou aumentando ainda mais.
     O garoto entrou em pânico, alarmando o resto do grupo e correndo pela floresta em uma tentativa de fuga. Os outros jovens, por medo e impulso, fizeram o mesmo.
     Mas isso não poderia ficar assim.
     Eles já não podiam fumar ali, ainda mais de forma irresponsável, mas ameaçar um chefe militar com uma faca era um ultraje muito mais grave, que exigia a garantia de que jamais aconteceria de novo.

     A patrulha correu atrás dos jovens, em especial do garoto com a faca, e esperavam pelo menos conseguir uma informação para poder cuidar do assunto depois, com seus responsáveis, mas os fugitivos ficaram violentos.
     Um deles catou uma pedra durante a corrida e atirou na direção de Phupha, que conseguiu desviar, mas acabou se distraindo no processo e tropeçando de mal jeito na raiz de uma árvore.
     Foi apenas mais uma queda, então ele tentou se levantar o mais rápido possível para continuar correndo, mas foi aí que ele percebeu que havia algo muito errado.
     Seu braço.
     Ele havia caído sobre o braço esquerdo, e lá estava ele, parecendo um galho quebrado.
     A dor terrível veio logo em seguida.