14. Susto - TanBun (Manner Of Death)

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Tan estava voltando para casa depois de mais um longo dia de trabalho, e mal podia esperar ver Bun e ter uma noite especial para descansar e desestressar.
Ele havia acabado de ligar para o marido avisando que estava a caminho, e sorria como um bobo enquanto dirigia apenas por ter ouvido sua voz no telefone.
     Pensar em Bun era seu passatempo favorito.

Mas talvez Tan estivesse distraído e relaxado demais naquela noite, pois não notara nada suspeito na estrada isolada pela qual passava todos os dias no caminho de casa, e só percebeu que havia algo muito errado quando ouviu o tiro atrás do carro.

- Merda! - ele acelerou por instinto depois do susto, tentando identificar a origem do barulho pelos espelhos e verificar se estava sendo seguido, mas não havia ninguém visível ali, e seu próprio veículo parou de andar do nada, com um barulho alto de que algo havia sido danificado.
Um pneu traseiro.

Tan respirou fundo e se abaixou com cautela, pegando a arma que guardava no carro por segurança.
Tendo a família que ele tinha, e depois de tudo que acontecera, toda precaução ainda era pouca.
Ele abrira a porta do carro preparado para se defender, encontrando um único cara encapuzado, com o rosto coberto por uma simples bandana, vindo da floresta que cercava a estrada.

O cara também estava armado, mas suas mãos tremiam, e dava para ver que não era experiente naquilo. Ele provavelmente havia sido enviado por alguém covarde o suficiente para não cuidar da questão por si mesmo. Se estivesse lá para matar Tan, não conseguiria daquela forma.
Com alguns movimentos rápidos e inesperados, o professor de biologia - que na verdade era bem mais que isso - conseguiu atingir o braço instável do adversário com um golpe e desviar a ponta da arma do cara para a lateral, evitando o risco de levar um tiro, enquanto lutava contra a resistência do homem até imobilizá-lo no chão.
Comparado com o que ele já tivera que lidar, aquilo havia sido fácil até demais.
Ao arrancar a bandana ridícula, encontrou apenas um rosto desconhecido, o que sustentava a teoria de que ele trabalhava para alguém mais poderoso.
- O que você quer?! - Ele perguntou, em tom ameaçador - Pra quem você trabalha?!

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Tan estava demorando mais que o normal para chegar, e Bun começara a ficar preocupado.
É claro, ele poderia ter apenas ficado preso no trânsito... mas seu marido não era apenas uma pessoa comum. Sua família tinha relações perigosas, e a reputação de Dam - como ele era conhecido - não era das melhores. Sendo assim, sempre havia a chance de acontecer algo bem pior do que um engarrafamento.
Por isso, Bun resolveu checar o sistema de localização do celular de Tan, apenas para ver se estava tudo bem.
Ele esperava ver o pequeno símbolo se movendo no mapa, se aproximando de casa, e então ele correria para finalizar o jantar. Mas sua intuição de que havia algo errado pareceu estar certa, pois o mapa mostrava Tan no meio de uma estrada isolada e cercada de mata, parado por tempo demais.

Sem pensar duas vezes, o médico pegou a arma de emergência e correu para o carro, implorando aos céus para que ele estivesse bem.

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No caminho, o símbolo de Tan sumiu do mapa.
Merda.
A bateria do celular dele provavelmente acabou... Pelo menos era isso que Bun esperava.

Ao se aproximar do local, já era possível ver o carro de Tan e duas viaturas de polícia.
     Um alívio tremendo expulsou a maior preocupação do peito de Bun ao ver seu marido vivo e aparentemente bem, conversando com o inspetor, parecendo surpreso ao o vê-lo chegando.
- Tan! - ele gritou, correndo em sua direção e jogando-se em seus braços, aliviado - O que aconteceu? Você está bem?
- Está tudo bem, amor - Tan o abraçou apertado, levando uma mão aos cabelos de Bun para acariciá-los um pouco antes de soltá-lo e explicar a situação - Tinha um cara escondido na floresta, e ele atirou no pneu do meu carro pra me parar. Consegui algumas informações, mas ele vai ser levado para a delegacia para ser interrogado. Desculpa não ter te avisado, meu celular acabou a bateria depois que liguei pra polícia.
- O que ele queria? - Bun questionou.
- Queria apenas passar um "recado". Mais uma ameaça mesmo, mas aparentemente foi instruído para não me matar mesmo se pudesse. Não revelou o nome do chefe, mas não foi preciso. O recado era para parar de investigar os casos de tráfico.
- Você acha que foi o Songchai? Ele fugiu do país, não fugiu?
- Eu tenho certeza. Ele deve estar em situação complicada para manter o "negócio" imundo dele, tanto que mandou um cara inexperiente pra vir atrás de mim. Provavelmente sabia que o cara seria pego, por isso não revelou muitas informações. Sou mais vulnerável que o meu irmão, mas aquele monstro é esperto o suficiente para saber que se me matasse, meu irmão o encontraria e faria um inferno da vida dele nem que fosse a última coisa que fizesse.
- Bom, o que importa agora é que você está bem. Vamos ter que tomar mais cuidado daqui pra frente - disse Bun - O que vamos fazer com o seu carro?
- Vou ter que trocar o pneu - Tan suspirou - Mas pode ir voltando para casa se quiser. Acho que não vai demorar. O pior já passou.
- Nem a pau que eu vou te deixar sozinho de novo - Bun cruzou os braços, fazendo Tan rir e puxá-lo para um beijo, pelo qual foi reprimido logo em seguida - Tan! Ainda tem gente aqui... - ele reclamou, se referindo aos policiais que ainda estavam terminando de analisar a área, em busca de mais algum possível envolvido no caso.
- Não se preocupe - O inspetor M se aproximou dos dois, risonho - Já estamos indo embora, e vocês podem voltar para a sua lua de mel eterna. Informo vocês em caso de mais alguma descoberta relevante. Querem que eu chame um técnico pra cuidar do carro?
- Não, deixa comigo - Tan sorriu - Obrigado Inspetor.
- Obrigado também. E boa sorte no seu encontro com o dr. Oat amanhã - Bun provocou, deixando o Inspetor tímido o suficiente para recolher a equipe com pressa e partir de volta para a delegacia.

- Tan... - Bun chamou, enquanto ele trocava o pneu furado pelo reserva - Se a questão era a investigação do tráfico humano, porque vieram atrás de você? Pensei que isso estivesse a cargo da polícia.
- E está - Tan confirmou - Mas eu conversei com o meu irmão depois que o Songchai fugiu. Não consegui me conformar com o fato de que aquele desgraçado tinha escapado, e que continuaria fazendo o que fez com Jan e com todas aquelas mulheres. Isso é desumano, e eu não quero que nossa história se repita em outros lugares, então pedi que meu irmão tentasse localizá-lo.
- Tá... faz sentido - Bun suspirou - Eu até ficaria bravo, porque você está se arriscando de novo e me fez tomar um baita susto hoje, mas eu sei que faria a mesma coisa no seu lugar. Você poderia pelo menos ter me avisado.
- Eu não quis te preocupar à toa - Tan o olhou e sorriu, carinhoso, tentando convencê-lo a não ficar chateado - Como eu disse, não estou em risco porque ele já não tem mais uma base tão forte, e não pode arriscar a ira do meu irmão. Hoje foi só um alarme falso - ele disse, como se um cara atirando no carro dele não fosse nada demais - Admita... você gosta do meu senso de justiça.
- Hm... - Bun acenou com a cabeça, cedendo à desculpa do marido - Tá - ele não admitiria, mas teria sido mais difícil conseguir o perdão dele se Tan não ficasse tão atraente fazendo trabalhos manuais.
- Prontinho - ele guardou os restos do pneu furado e o kit com as ferramentas no porta-malas, e o carro parecia novinho em folha - Podemos ir para casa. Desculpa pela confusão.
- Tudo bem... te vejo em casa então...

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Como estavam com os dois carros, tiveram que tomar o resto do caminho separados, intensificando a pressa para chegar em casa.
      Tan voltou a dirigir sorrindo como um idiota, pensando em como ele amava a forma que Bun se preocupava com ele, enquanto este, por sua vez, não conseguia parar de pensar no alívio de poder ter Tan seguro, e na vontade de tê-lo consigo para sempre.

Ao chegarem em casa, bastaram alguns segundos para que estivessem com os corpos e lábios colados. O susto fez com que aproveitassem a noite um pouco mais, felizes com a lembrança de sua vitória, sabendo que poderiam se amar em segurança.

Fine Line - One Shots BLOnde as histórias ganham vida. Descobre agora