113. Subitamente pais - OatM (Manner of Death)

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      {Um agradecimento especial para @Asg253 por pedir por esse plot de OatM}

     Oat estava sentado pensativo durante seu intervalo, cansado e preocupado, e por sorte Fah chegou bem a tempo, com seus biscoitos deliciosos e humor admirável para alegrar seu dia.
     - Dr. Oat? O que foi? Que carinha é essa, hein?
     A enfermeira sentou-se na sua frente, arrastando o prato em sua direção.
     - Obrigado... - ele tentou sorrir um pouco, aceitando um biscoito e mordiscando-o antes de explicar sua situação. - Eu estou bem... é só que...tem muita coisa na minha cabeça agora.
     - Hm... entendo. Se quiser desabafar, sou toda ouvidos. Você sabe que não faz bem ficar acumulando preocupações e mantendo-as para si mesmo, certo?
     - Certo... verdade - ele concordou. - Acontece que eu e o M... estamos querendo adotar um bebê.
     - Sério?! Oat! Isso é maravilhoso! Parabéns! - Ela sorriu, toda empolgada.
     - Sim, é muito bom. Mas o problema é que eu liguei para algumas agências, e existem filas de espera gigantes! De meses até mais de um ano! Eu sabia que seria complicado, mas eu sempre quis cuidar de uma criança desde recém-nascida. Não sei se é coisa de médico, mas eu acho o desenvolvimento infantil fascinante.
     - É mesmo impressionante... e é uma pena que seja um processo tão demorado pra vocês, mas escute: talvez esse tempo de espera seja bom. É bom para vocês se prepararem, arrumarem a casa, organizarem a vida... talvez você possa até explorar um pouco toda essa coisa de cuidados com bebês e crianças aqui mesmo, no trabalho. Experiência nunca é demais. Não se preocupe, as coisas darão certo no momento certo. Apenas espere por alguns meses, e aposto que em breve terão uma oportunidade.
     - Você tem razão... precisamos nos preparar de qualquer jeito. Eu acabei ficando um pouco desanimado com essa demora, mas é verdade que podemos aproveitar bem esse tempo. Obrigada, P'Fah... você é incrível!
     - Eu sei! - Ela fez uma pose, sorridente, e Oat riu. - Agora coma mais biscoitos e ligue para o seu marido para tranquilizá-lo também.
     - Okay... pode deixar.

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     Os meses foram se passando, e o casal ansioso foi se preparando o quanto podia. Eles prepararam um quarto, leram livros e assistiram vídeos com dicas e orientações de paternidade, e frequentemente conversavam sobre o futuro que imaginavam.

     - Eu provavelmente vou ser o tipo de pai superprotetor que não vai deixar ninguém fazer mal para criança, mas que também vai aterrorizar qualquer pretendente a namoro na fase da adolescência - M disse uma vez.
     - Isso com certeza - Oat riu. - E eu vou ser o pai bonzinho até demais, que vai precisar da sua ajuda pra por limites de vez em quando.
     - Pode deixar, eu te ensino a fazer minha cara séria.
     - Assim? - Oat tentou imitar a expressão ameaçadora do marido quando estava em serviço, e acabou fazendo uma careta estranha.
     - Não! - M deu risada. - Acho que ainda vamos ter que praticar bastante.

     Oat conversou com seus superiores a conselho de Fah, e conseguiu negociar um período de residência para explorar mais as áreas de obstetrícia e pediatria em sua profissão. Ele acabou se surpreendendo com o quanto realmente achou o trabalho prazeroso.
     Por meses, ele acompanhou gestantes, acompanhou partos e crianças na maternidade do hospital. Oat mal podia esperar para poder chamar um bebê como aqueles de filho, mas até então nem ele nem M haviam recebido notícias.

     Era um dia relativamente comum quando Fah foi chamá-lo para um caso de parto, chocando-o com a informação de que ele seria o principal responsável na operação.
     Oat já havia observado vários partos, além de ter feito parte da assistência em alguns, mas nunca havia tomado responsabilidade tão grande.
     - Não se preocupe, estarei lá para ajudar - disse a enfermeira, tentando trazer confiança.
     Com uma mistura de empolgação e nervosismo, ele foi conhecer a paciente, que era uma mulher jovem e parecia bem tensa. Por sorte ele era bom com pessoas, e conseguiu tranquilizá-la antes de explicar com calma e clareza como seria o procedimento.
    As horas de espera pela frequência adequada de contrações passaram voando, e logo eles estavam na sala de parto, presenciando o grande evento.
     O processo foi difícil, e exigiu muito da futura mãe, mas no fim tudo ocorreu bem. Oat se emocionou ao pegar o bebê e ouvi-lo chorar, comunicando que estava vivo e respirando.
     Fah e as outras enfermeiras o auxiliaram no corte do cordão umbilical e enrolaram o pequeno em um cobertor, antes que Oat pudesse levá-lo à mãe.
     - Melhor não... - a mulher disse, antes que a criança pudesse ser entregue aos seus braços.
     - Como assim? Está tudo bem? - Oat questionou, preocupado.
     - Está sim. Mas mantenho minha decisão. Fah estava certa sobre o que falou de você, Dr. Oat. Você é uma ótima pessoa, e um bom médico. Por favor, cuide bem dele.
     Oat olhou para Fah, em choque, e ela acenou a cabeça com um sorriso.
     - Eu a conheci há alguns meses, naquela outra clínica que trabalho - a enfermeira explicou, sem entrar em detalhes sobre a clínica. Oat sabia de que tipo de lugar se tratava. - Ela não poderia ficar com o filho, mas na verdade não queria tomar nenhuma medida drástica, então conversamos, e eu falei sobre você e M. Contei sobre como eram ótimas pessoas e sonhavam em ter um bebê, e que com certeza poderiam dar boas condições e muito amor para a criança.
     - Então quer dizer que...
     - Ele é seu - a mãe confirmou, e os olhos de Oat se encheram de lágrimas de emoção. Ele encarou o filho, já quietinho em seu colo, e depois a mãe.
     - Tem certeza?
     - Absoluta.
     - Eu não sei nem como agradecer...
     - Apenas cuide bem dele e será suficiente. . Já providenciei os documentos, e o processo de adoção oficial não deve demorar. Por favor, não fale sobre mim para ele, e não tente entrar em contato, okay? Não quero tornar as coisas complicadas
     - Claro... como quiser.

     O bebê foi levado para os cuidados da maternidade, e Oat se retirou por um instante, ainda em choque, para ligar para M.

     - Oi amor! Tudo bem por aí?
     - M...
     - O que foi? Aconteceu alguma coisa?
     - Nós temos um filho.
     - O QUÊ?!

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     M foi para o hospital o mais rápido possível, respirando fundo enquanto tentava processar a informação. Ao ver Oat esperando por ele na entrada, o inspetor correu e o abraçou apertado.
     - Tá, deixa eu ver se eu entendi direito... você acabou de fazer o parto do nosso próprio filho? E nós finalmente somos pais? - Ele questionou, tão chocado quanto o marido.
     - Sim... uma loucura, eu sei, mas é isso mesmo.
     Os dois andaram apressados pelos corredores, a caminho da maternidade, e ao chegarem em frente à janela da sala, Oat apontou e M viu.
     O bebê dormia tranquilo em sua roupinha de hospital, e as lágrimas de emoção rolaram pelos rostos dos dois.
    - Ele é muito fofo - M comentou.
    - Sim. Ele é.
    - Isso não é um sonho, certo?
    - Pode acreditar, eu já me belisquei. Somos mesmo uma família de três agora.
    M virou-se para o marido, e com um sorriso radiante puxou-o para um beijo apaixonado.
    Toda a espera havia valido a pena.

Fine Line - One Shots BLWhere stories live. Discover now