Fine Line - One Shots BL

78. Estrelinha - PhuphaTian (1000 Stars)

{Um agradecimento especial para @apemelag por pedir por esse plot de PhuphaTian}

     Phupha e Tian estavam começando a ficar preocupados. Khama os havia chamado para uma reunião urgente em sua casa, e não parecia ser algo bom. Assim que chegaram, puderam notar as olheiras incomuns nos olhos do senhor, além de uma energia de cansaço e preocupação que ele não costumava expressar. Fosse o que fosse, era algo sério. 
     - Ah, que bom que vocês chegaram! - Khama disse, quando abriu a porta - Entrem, sintam-se em casa.
      O lugar estava mais bagunçado que o normal, mas o casal não se importava. O importante era que tudo estivesse bem, e eles estavam torcendo para que não fosse nada grave.
     - Sentem-se... acho que temos uma longa conversa pela frente - o amigo se sentou, apontando cadeiras para os dois.
     - Está tudo bem? O que aconteceu? - Tian não conseguiu mais se segurar, querendo ir direto ao ponto. Ele estava morrendo de curiosidade.
     - Bom... tenho uma notícia triste para dar, mas uma proposta que pode ser muito boa, dependendo da perspectiva de vocês - ele respondeu.
     - Como assim? - Phupha questionou, confuso.
     - Bom, vocês conheceram a Wattana, certo?
     - Sim, claro - disse Phupha, e Tian também assentiu - Ela é alguns anos mais velha que eu, e foi tentar uma vida na cidade depois de os pais dela faleceram, não é?
     - Isso - Khama confirmou. - A morte dos pais foi bem difícil pra ela, então ela resolveu tentar viver em outro lugar por um tempo. Foram poucas as vezes que ela entrou em contato, mas sabem como é... como esquecer ou deixar de sentir falta de alguém que cresceu na vila?
     - Pois é... - Phupha concordou, lembrando das memórias de infância que faziam daqueles que cresceram com ele quase como irmãos - Mas o que tem ela? Ela está bem?
     - Na verdade... - Khama deu um longo suspiro - Eu sinto informar, mas ela faleceu recentemente.
     - O quê? Como? - Tian perguntou, em choque, e Phupha parecia abalado demais para se pronunciar.
     - Ela faleceu enquanto dava luz à uma criança - ele contou, e as palavras pareciam pesar ao saírem de sua boca.
     Os olhos de Tian se encheram de lágrimas, e Phupha permaneceu em silêncio, ainda tentando assimilar a notícia. Era difícil pensar em como essas coisas podiam acontecer; em como o corpo de uma mãe podia não resistir ao nascimento de um filho, e como essa criança não poderia crescer com ela.
     - Aparentemente ela conhecia os riscos, porque a complicação de saúde apareceu antes do parto - Khama continuou, depois de alguns segundos. - Me ligaram do hospital, e disseram que ela escreveu um documento dizendo que, caso ela viesse a falecer, a criança deveria tentar encontrar um lar aqui em PhaPunDao. Ela disse para as enfermeiras que o bebê não tinha pai, e que ela pretendia voltar à vila assim que possível, para criar sua filha aqui.
     - Então o bebê vai vir pra cá? - Phupha enfim se pronunciou, por mais que falasse baixo.
     - Na verdade, ela já está aqui - disse Khama, que arranjou forças para formar um leve sorriso. - Está dormindo ali no quarto, mas ando cuidando dela desde ontem.
     - Então ela está bem? - Tian perguntou, preocupado.
     - Sim, está forte e saudável - Khama disse. - Daqui a pouco, vou convocar uma reunião com todos da vila para dar as notícias... mas eu gostaria de falar com vocês primeiro - ele olhou nos olhos dos dois, como se fosse uma conversa muito íntima - porque eu gostaria de perguntar... se vocês gostariam de adotá-la.
     Phupha e Tian se entreolharam, surpresos. Eles já haviam conversado sobre o desejo de terem filhos uma vez ou outra durante os sete anos em que estiveram juntos, mas nunca tomaram nenhuma iniciativa. Eles costumavam dizer que pensariam nisso quando se casassem, mas eles se casaram (duas vezes: uma seguindo as tradições da vila, e outra para atender as exigências dos pais e amigos de Tian na cidade) e não voltaram a tocar no assunto.
     - Por favor, não se sintam pressionados - complementou Khama, com pressa - Tenho certeza que muitas famílias aqui na vila gostariam de acolhê-la, então não se sintam obrigados a aceitar pela responsabilidade. Eu apenas quis fazer essa proposta pra vocês primeiro, porque sei que não seria tão fácil para vocês terem um filho, e pensei que essa poderia ser uma ótima oportunidade caso estejam interessados nisso.
      - Será que podemos... conversar particular um pouquinho? - Phupha perguntou.
      - Claro, claro, sintam-se à vontade - Khama sorriu - Na verdade, eu posso marcar a reunião para amanhã, assim vocês podem ter mais tempo para pensar. Eu daria ainda mais tempo se pudesse, porque sei que é uma decisão muito importante, mas as pessoas da vila precisam ficar sabendo, e a pequenina precisa de um lar... provavelmente, outros vão querer pedir pela guarda dela caso isso não esteja decidido.
     - Okay... - Tian olhou para seu marido e depois para Khama. Ele queria muito ir ver a criança, mas sabia que se botasse os olhos nela estaria perdido. Por ele, a proposta seria aceita na hora, mas ele ainda precisava conversar com PhuPha - Vamos conversar e te dar uma resposta assim que possível.