Fine Line - One Shots BL

22. O que se passa no coração dele - RamKing (My Engineer)

{Continuação da one-shot 18 ("O que se passa na cabeça dele?"). O que será que Ram estava sentindo depois de descobrir que gostava de King?}

     Quando estávamos indo embora da casa de King, quis ficar para trás e terminar o que tinha começado. Quis desabafar de uma vez por todas, e contar pra ele sobre o meu pai... mas meus amigos me chamaram, e eu acabei tendo que ir embora.
     O único consolo que tive foi mais tarde, quando ele mandou mensagem e me roubou um sorriso, me marcando nas fotos do almoço...
     Eu queria poder ter mais momentos como aquele.

     Mas minha a paz durou pouco.
     Foi só deslizar o feed para baixo para ver uma publicação da minha vizinha, com uma foto onde duas mãos se entrelaçavam.
     E lá estava o relógio do meu pai...
     O relógio que minha mãe deu pra ele.

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     Eu não podia suportar mais.
     Enfrentei meu pai, peguei minhas coisas e meus cachorros e fui embora.
     Ele nem sequer negou ou se justificou pelo que fez, e ainda teve a cara de pau de botar o peso do silêncio nas minhas costas.
     Era pior do que eu imaginava.

     Andei sem rumo pelas ruas, sem saber o que fazer ou o que pensar, até que os trovões começaram a ecoar ao longe.
     A chuva ainda não havia chegado onde eu estava, mas era apenas uma questão de tempo, e eu não queria voltar para casa.Tudo o que me restava era sentar embaixo da primeira área coberta que vi e esperar.

     Sinceramente, não sei o que eu faria se King não tivesse aparecido.
     Ele estava distante, com medo dos cachorros, mas apenas por vê-lo eu já me sentia menos pior. Ele me perguntou o que eu estava fazendo ali e para onde iria e, como eu não tinha resposta, acabou me levando para o apartamento dele.
     Fiquei relutante por causa dos cachorros, já que King estava realmente assustado. Eu não queria incomodá-lo, mas ele insistiu que eu ficasse pela noite.

     Deixei meus cães na lavanderia e fui tomar banho como King sugeriu, indo esperar por ele no sofá depois que terminei.
     Tinha tanta coisa na minha cabeça... e eu não sabia nem o que pensar ou como me sentir.
     De todas as mulheres do mundo, POR QUE ELA?
    POR QUE TINHA QUE SER A MINHA MELHOR AMIGA DE INFÂNCIA?
     E POR QUE ELA FEZ ISSO COMIGO?
     A minha mãe não merece isso. Ela nunca fez nada de errado. Por que meu pai tinha que ser tão... nojento?!
     Quantas vezes ele mentiu e eu não sabia?
     Quantas pessoas próximas de mim seriam capazes de me trair desse jeito?
     Eu me sentia mais sozinho do que nunca.

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     King chegou do seu banho alguns minutos depois, dizendo que iria dormir no sofá, sem comentar sobre mais nada.
     - Você não vai perguntar o que aconteceu? - perguntei.
     Era estranho... porque as pessoas geralmente morrem de curiosidade para saber dos motivos quando vêem alguém mal, e depois de ter me trazido até aqui acho que eu lhe devo pelo menos uma explicação, mas nem isso ele exigiu de mim.
     O que ele disse foi que meus motivos eram deduzíveis... que algo havia acontecido na minha casa e me deixado chateado, então resolvi ir embora para algum outro lugar que não fosse o meu dormitório, para que meus pais não me encontrassem.
     Como sempre, ele estava certo.
     Ainda era bizarro como ele parecia me entender com tanta facilidade.

     King se deitou para dormir e eu fiquei ali, olhando a chuva cair, até não conseguir mais segurar as lágrimas.
    Eu precisava botar tudo pra fora.

     Chorei até soluçar, e todas as minhas barreiras que escondiam minha sensibilidade caíram quando senti a mão de King no meu ombro.
     Ele estava ali.
     - Meu pai e minha melhor amiga me traíram - enfim verbalizei o que me aflingia, e a dor pareceu me atingir em cheio de novo - Eles estão tendo um caso. O que eu posso fazer?
     - Eu... também não sei - King disse, levando sua mão até os meus cabelos para acariciá-los, e acho que ninguém além da minha mãe já havia me confortado daquele jeito - Mas você pode ficar aqui pelo tempo que quiser. Até se sentir melhor.
     Era tudo que eu queria ouvir.
     Apenas me encostei nele e continuei chorando até que não tivesse mais o que chorar, e eu pudesse dormir mais tranquilo em sua cama, por mais que o lado de estivesse vazio.