20. Diário de Sobrevivência Paterna do Bohn - BohnDuen (MyEngineer)

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{Continuação da one-shot 12 (O melhor pai do mundo)}

Diário de sobrevivência paterna do Bohn

Caro Bohn do futuro, Mali e quaisquer pessoas que eu tenha permitido ler isso,

Resolvi escrever esse diário de sobrevivência para contar um pouco dos meus dias com a Mali enquanto o Duen trabalha, falar sobre minhas primeiras experiências como pai e registrar as histórias desses primeiros anos.
Atualmente Mali está com 4 meses, e acho que será legal guardar isso para ela ler quando estiver crescida. Assim acho que consigo garantir que esses momentos não se percam com a memória.
Vou manter esse caderno escondido de todo mundo até decidir que está na hora de mostrar, para ser surpresa, e assim eu também não corro o risco de me desmotivar com provocações.
     De qualquer forma, espero que gostem.

Dia 1:

Hoje é o primeiro dia de Duen de volta ao trabalho depois do período de licença à paternidade que conseguiu, e a primeira vez que passarei o dia sozinho com a Mali. Ela está dormindo como um anjinho agora, mas deve acordar com fome daqui a pouco.
Acho que vou conseguir lidar com tudo sem problemas, por mais que ainda me reste um pouco de insegurança.
Minha principal preocupação é com o choro. De alguma forma milagrosa, Duen consegue acalmá-la em poucos segundos, sabendo exatamente o que ela precisa. Acreditem, eu tentei, mas não tenho essa mesma habilidade.
Quando perguntei o grande segredo, meu marido disse que: "Ela está tentando se comunicar com a gente... então quando ela começar a chorar, pense no que ela pode estar precisando. Lembre da última vez que ela comeu, cheire a fralda para ver se está suja e veja se não é apenas sono. Caso o choro for mais estridente e você já tiver descartado essas três últimas opções, deve ser cólica. Nesse caso, apenas pegue ela no colo e faça massagem na barriguinha dela pra ajudar"
Pensando assim, não deve ser tão difícil, certo? Acho que eu consigo.
Mais tarde escreverei como foi.

...

Estou acabado, mas quero pelo menos registrar esse primeiro dia.
Sobre a questão do choro... na primeira vez foi fácil. Mali chorou um pouco quando acordou, e como estava na hora de comer não foi difícil adivinhar o motivo. Preparei a mamadeira e ela se acalmou rapidinho.
Depois o motivo foi a fralda. Uma coisa que eu não entendo é como uma criaturinha tão pequena e tão linda pode ser capaz de liberar essa bomba podre de gás tóxico na atmosfera, mas acho que já me acostumei até certo ponto.
O problema foi depois...
Eu estava mostrando brinquedinhos que fazem barulho pra ela, e estava tudo ótimo. Mali estava dando aquele sorriso desdentado que sempre derrete meu coração, até que o momento de paz acabou do nada e ela começou a chorar alto.

Comida? Não, ela havia comido há pouco tempo. Fralda? Acabamos de lidar com o estrago ambiental. Sono? Não... ela parecia bem agitada poucos minutos atrás. Então só podia ser... cólica.

Peguei ela no colo e fiz exatamente como Duen explicou, um tanto desesperado com o susto, mas o choro continuou. A pior parte não foi nem a gritaria no meu ouvido, mas que dava pra perceber no choro o quanto ela estava sentindo dor.
Só de sentir o sofrimento na vozinha dela os meus olhos se encheram de lágrimas.
Não me julguem, okay?
Ela é tão pequenininha... por que tem que sentir dor daquele jeito?
Como se já não bastasse o meu pânico, balançando com ela pra lá e pra cá tentando acalmá-la, o Duen me ligou por vídeo bem na hora.
E agora?
Eu pensei em não atender, mas isso o deixaria preocupado. Além disso, eu realmente precisava de uma ajuda.
Atendi o telefone e o apoiei na estante da sala, pra continuar ajudando Mali o máximo possível.
- Alô?
Assim que a voz dele ecoou no cômodo, Mali parou de chorar e começou a olhar em volta, como se tivesse reconhecido a voz e se distraísse da dor para procurar Duen.
Garota esperta.
     Se tem uma coisa que eu aprendi nesses primeiros meses é que essa criança mal chegou no mundo e já parece mais inteligente que eu.
- Bohn, você tá chorando? - E ali estava o pior timing possível.
- É que... - tentei me explicar, limpando as lágrimas do rosto - ela tava chorando com dor e...
- Calma, está tudo bem - Duen tentou me confortar - É normal entre os bebês dessa idade. Qualquer coisa, se ela estiver tendo cólica com muita frequência, podemos trocar o leite e ver se ajuda - ele disse, e Mali continuava procurando por ele na sala - Mas agora ela está bem?
- Aparentemente está - respondi - Ela parou de chorar assim que atendi o telefone.
- Maliiii - Duen a chamou, mas mesmo que ela virasse para a direção certa, acho que não conseguia ver ele na telinha do telefone - Acho que ela reconheceu minha voz e ficou curiosa... que fofa, eu mal posso esperar pra voltar pra casa e ver vocês.
- Também estamos com saudade, mas não se preocupe - Eu sei que isso também não está sendo fácil pra ele... meu marido se preocupa demais de vez em quando - Pode se concentrar no trabalho. Estaremos aqui esperando você.
- Okay... qualquer coisa me liguem - ele lembrou antes de se despedir - Amo vocês.
- Também amamos você. Dá tchau pro papai, filha! - Ergui a mãozinha dela e dei tchau por nós dois antes de desligar - E agora, melhorou? - perguntei pra Mali, mesmo sabendo que não receberia uma resposta verbal.
Ela grunhiu e voltou a sorrir, me fazendo suspirar de alívio.
- Você é mesmo uma sem vergonha, hein? - brinquei - Eu fico aqui que nem um louco pra te ajudar e basta o papai dar um "alô" pra você parar de chorar - fiz uma careta, só pra ver a reação dela.
Acreditam que a danada riu da minha cara?

Fine Line - One Shots BLWhere stories live. Discover now