101. Ímã de confusões - PremWad (SOTUS)

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{Um agradecimento especial para @NicoleLima195 por pedir por PremWad}

P.O.V. Wad

     Observo meu rosto no espelho do banheiro, vendo-o finalmente livre das marcas deixadas pela briga em que acabei me metendo há algumas semanas. Por algum motivo, ela permaneceu marcada na minha mente por mais tempo do que no meu corpo.
     Lembro-me da dor de cada soco e chute, mas muito mais do que isso, lembro-me do alívio que senti quando um senior interferiu para me ajudar, e enfrentou agressões ele mesmo para que pudesse me defender. P'Prem.
     Ainda era difícil entender o porquê de ele ter feito aquilo. Perdi a conta de quantas vezes ele mesmo havia quase voado para cima de mim antes daquele dia, mas admito que eu também não era um junior muito fácil de lidar...
     Mesmo assim, ele não hesitou, e ainda me pediu desculpas na cerimônia de finalização do projeto SOTUS. Eu também pedi perdão, arrependido por tê-lo provocado tanto, e aceitei a pulseira de barbante que ele amarrou no meu pulso. A pulseira que eu ainda não havia tirado.
     Essas lembranças e pensamentos me agarram de vez em quando, mas eu não deveria me deixar levar tanto por eles. O que estou fazendo aqui ainda? Já posso ir para casa.
     Deixei o banheiro e tomei o caminho para fora da universidade, seguindo pela calçada que a rodeava ao sair pelo portão. A rua estava relativamente vazia, já que a maioria dos alunos já havia ido embora, e isso tornou o barulho em uma das esquinas ainda mais nítido e estranho.
     Não pude conter minha curiosidade. Ao me aproximar, pude discernir os sons e ter certeza de que era uma briga, pra variar. Infelizmente, esse tipo de coisa acontece com mais frequência do que deveria. Eu ouvia os xingamentos, acompanhados com gemidos de dor, socos e chutes. Com cuidado, escondi-me no limite da esquina e espiei com um dos olhos, assustando-me com a visão.
     Mas que droga. Será que eu não podia ser mais azarado? Lá estava Prem, junto a mais algum senior que eu não conhecia, brigando feio com... merda... exatamente os mesmos caras daquela vez.
     E eu não podia ficar parado. Não podia abandoná-los ali, claramente levando uma surra. Não depois do que ele fez por mim naquele dia.
     Corri até o caos e agarrei o cara que focava em Prem por trás, empurrando-o para longe e tentando separar a briga. O cara ao lado percebeu minha intromissão e virou-se para me dar um soco, mas apesar de ter me atingido em cheio, sua mudança de foco permitiu que Prem o socasse na barriga. O grandalhão que eu havia empurrado já estava quase de pé, e eu jurava que ele estava rosnando de ódio, mas eu e Prem aproveitamos os pouquíssimos segundos que nos restavam para empurrar o terceiro babaca, ajudar o outro senior e sair correndo.
     Corremos até o fim da rua e viramos correndo por mais um bom tempo até percebermos que os idiotas não nos seguiam. Paramos em frente a um parque, e nos sentamos no primeiro banco que vimos pela frente, ofegantes.
     - Prem! Você disse que seria uma conversa pacífica! - O senior disse, parecendo irritado e assustado ao mesmo tempo.
     - Eu não sabia que eles tinham pavio tão curto! E também não fui eu quem começou a briga - Prem se justificou.
     - Bom, temos sorte de termos saído vivos. Obrigado pela ajuda...
     - Wad - me apresentei, um tanto sem graça.
     - Obrigado Wad. Eu não estava afim de morrer hoje. Se me dão licença, eu tenho uma vida pra cuidar, e já me meti em confusões demais por hoje - ele se levantou e saiu andando, estressado, deixando-me sozinho com Prem.
    - Você está bem? - Ele me perguntou, parecendo observar meu machucado.
    - Eu estou bem... mas e você? Eles te espancaram feio! O que aconteceu?
    - Bom, eu... queria tentar entender o motivo de eles terem te atacado daquele jeito naquele dia, e chamei um amigo para ir comigo e garantir que eles não voltassem a atacar nenhum junior. Acontece que eles ficaram putos e vieram pra cima, sempre em maior número, covardes do jeito que são. Obrigado por ter interferido... poderia ter sido bem pior.
     - Não precisa agradecer, você fez o mesmo por mim - suspirei, sentindo-me culpado. - Se eu não tivesse arranjado confusão com aqueles caras em primeiro lugar, isso jamais teria acontecido.
     - Ei, relaxa - ele deu um tapinha no meu ombro, mas pude ver sua leve expressão de dor ao levantar o braço - não é culpa sua. São eles os problemáticos.
     - Pelo menos deixe-me fazer alguma coisa. Você está com o braço dolorido, não está? Quer que eu te leve para o hospital?
     - Não, não se preocupe, não está tão ruim. Só preciso passar na farmácia, cuidar dos machucados e tentar fazer uns curativos.
     - Eu posso ajudar - insisti. - Na verdade, antes de encontrar vocês eu estava lembrando de quando eles me atacaram, e como minhas feridas melhoraram até que rápido. Uma coincidência esquisita, eu diria - comentei, pensando na sorte de ter enrolado no banheiro por pensar demais, porque se tivesse ido embora cinco minutos mais cedo, talvez não tivesse encontrado Prem.
     - Certo... eu aceito uma ajuda sim. Sou péssimo com essas coisas.
     - Ótimo... tem uma farmácia daqui a duas quadras - apontei na direção do estabelecimento - você está bem para caminhar até lá ou...?
    - Nós corremos que nem malucos até aqui. Eu aguento caminhar duas quadras - ele disse, firme.

Fine Line - One Shots BLWhere stories live. Discover now