67. Paranóia - OatM (Manner of Death)

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     {Um agradecimento especial para @Koarxz por pedir por mais OatM}

     Era um dia comum de trabalho para Oat, apesar do estado de correria e urgência em que alguns de seus superiores se encontravam com alguns casos. Ele estava auxiliando Bun com algumas autópsias quando alguém bateu na porta e entrou logo em seguida, com pressa.
     - Oat... - P'Fah, a enfermeira, chamou. - Você não está muito ocupado, certo? Estão te chamando para cuidar de um policial ferido.
      Policial ferido...M! As palavras passaram imediatamente pela cabeça de Oat, acompanhadas com um sentimento de desespero. Seria mesmo M? Teria sido algo grave? E se algo terrível tivesse acontecido?!
     Oat olhou para Bun, pedindo permissão para ir checar a situação, e seu amigo e colega de trabalho assentiu com a cabeça, indicando que cuidaria do resto. Oat agradeceu e foi correndo até Fah, desesperado.
     - O que aconteceu? Quem se machucou? - ele perguntou, enquanto ela o guiava a passos rápidos pelos corredores do hospital.
     - Eu não faço ideia, está tudo muito corrido hoje - ela disse, ansiosa - Inclusive, preciso voltar para a operação em que eu estava. Você consegue seguir sozinho? O paciente está na sala B15.
      - Certo... obrigado - ele se despediu, desejando boa sorte, e andou o resto do caminho até o consultório.
     Foi necessário um momento para respirar fundo antes de entrar. Ele estava torcendo muito para que a pessoa atrás da porta não fosse M... tanto que não soube nem como agir quando enfim a abriu e encontrou seu namorado sentado na maca, cheio de arranhões, abrindo um sorriso assim que o viu.
     - Oi amor - M cumprimentou, com a maior naturalidade, assim que Oat fechou a porta atrás de si.
     - "Oi amor"?! Você quase me mata de susto! - Oat se aproximou, com pressa - Está tudo bem?! O que aconteceu?!
     - Não foi nada demais. A gente foi prender um traficante, mas ele correu pro meio do mato. Fomos parar em uma parte meio difícil de percorrer, e tinha um monte de galhos vindo na minha cara, por isso os arranhões. Mas o problema foi depois, porque quando a gente alcançou ele, chegou um outro cara e bateu com um galho grande na minha cabeça. Daí me mandaram vir checar se estava tudo bem.
     - Fizeram bem. Cabeça é um lugar perigoso de bater - ele disse, com um ar sério - Onde foi? Deixa eu dar uma olhada...
     - Aqui atrás... - M sinalizou com a mão, e Oat começou a examinar.
     - Dói quando eu pressiono?
     - Um pouco.
     - Por acaso o cara que te bateu estava bêbado ou drogado?
     - Muito provavelmente. Como você sabe?
     - Porque é uma baita sorte você estar aqui falando comigo. Se ele tivesse tido a capacidade de te bater um pouco mais forte, você teria no mínimo ficado inconsciente por um tempo.
      M suspirou, aliviado, enquanto Oat examinava mais alguns sinais básicos.
     - Você se sente tonto? - ele perguntou.
     - Não. Tudo normal, doutor - M sorriu.
     - De fato, parece que está tudo bem. Mas tome um cuidado extra com a sua cabeça agora, okay? Fique aqui mais um pouquinho... vou cuidar desses arranhões pra não infeccionar.
     - Okay. Sem pressa - qualquer um que trabalhasse com M sabia como ele podia ser uma pessoa séria, mais isso era completamente diferente com Oat. Além de sorrir muito mais que o normal, M parecia muito mais relaxado... menos como um valentão ameaçador e mais como um ser humano apaixonado.
     - Fico feliz que esteja bem. De verdade - disse Oat, sentando-se ao seu lado na maca com o kit para cuidados com ferimentos - Fiquei assustado mais cedo quando falaram que tinha um policial ferido. Eu sei que seu trabalho é sempre perigoso, mas por favor, nunca mais leve um tiro ou se machuque sério.
     - Fique tranquilo, vou sempre tomar muito cuidado - M respondeu, confiante, e Oat começou a limpar seus arranhões, parecendo mais tranquilo.
     - Quer que eu fique com você essa noite? Pra caso você comece a se sentir mal por causa da cabeça...
     - Bom, não precisa se preocupar com isso... Mas eu realmente gostaria de passar a noite com você. Você sabe que sinto sua falta.
     - Tá bom... - Oat concordou, sem conseguir segurar o leve sorriso idiota - Não tenho plantão hoje, então tudo bem.
     - Posso vir te buscar mais tarde então?
     Oat assentiu e finalizou os curativos, dando uma última olhada na cabeça do namorado para ver se não tinha mesmo deixado passar nada incomum.
     - Prontinho. Está liberado. Tome cuidado, por favor. Principalmente com sua cabeça e com o seu rostinho lindo - Oat deu um beijo rápido na testa de M, sem conseguir deixar de abusar um pouco da privacidade do consultório.
     - Pode deixar, querido - o inspetor respondeu, corado - Até mais tarde.
     M deixou o consultório, mas a preocupação permaneceu com Oat até o final do dia.

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     Horas depois, no final do turno de Oat, M já estava aguardando na frente do hospital, com os mesmos curativos e a mesma naturalidade de antes.
     - Não se meteu em mais nenhuma encrenca, inspetor? - Oat brincou quando o encontrou, tentando disfarçar enquanto checava se não tinha nenhum machucado novo.
     - Nenhuma - ele garantiu.
     - Muito bem - o doutor sorriu, aliviado, dando-lhe um selinho antes de entrar no carro. Por que aquele alívio não era suficiente para tranquilizá-lo por completo?

     Em casa, os dois tomaram banho, e Oat refez alguns dos curativos logo depois, enquanto outros já não eram necessários. M preparou um bom jantar, mimando seu namorado com uma de suas comidas favoritas, e logo estavam os dois agarrados no sofá, conversando e trocando os beijos que tiveram que segurar durante o dia.

      - Está tudo bem? Tem algo te preocupando? - M perguntou, percebendo a forma que Oat o abraçava mais forte que o normal.
     - Não... está tudo bem... por quê?
     - Certeza? - M levou a mão seu rosto, virando-o de leve para olhar em seus olhos. Oat era um péssimo mentiroso, e isso ficava bem claro em seu olhar inquieto.
     - É só que... - ele suspirou - Você sabe que eu vejo pessoas machucadas e doentes o tempo todo, certo? Na verdade, sendo assistente do Bun, eu também vejo gente morta o tempo todo.
     - Sim...
     - E é normal que médicos se acostumem e aprendam a lidar com esse tipo de coisa, porque é necessário para a profissão... mas hoje eu eu estava pensando... Nada disso adiantaria se o corpo na minha frente fosse de alguém que eu ame. Eu desmoronaria como qualquer outra pessoa, mesmo depois de anos de estudo e treinamento. Eu sei que você está bem... mas o susto que eu tomei antes me deixou pensando nisso, e eu acabei ficando um pouco paranóico... tenho muito medo de que algo aconteça com você.
     - Ei... - M deixou um beijo em sua mão, tentando dar o seu melhor para oferecer apoio. Ele não se considerava muito bom dando conselhos emocionais, mas era tudo que ele queria ser naquele momento - Eu estou aqui... estou bem, não estou? Nada de ruim aconteceu, nem vai acontecer - ele sorriu de leve - Eu também acabo lidando com algumas mortes e tragédias no trabalho, então posso imaginar como pode ser angustiante pensar nisso de vez em quando... mas... é... deixa eu te mostrar uma coisa - sem saber mais muito o que dizer, M tirou o celular do bolso, mostrando sua tela de início para Oat.
     - Sou... eu? - seu namorado perguntou, vendo sua foto no fundo de tela.
     - É claro que é - M riu - Eu sempre pego muito meu celular no trabalho para atender ligações importantes ou receber localizações, então deixei sua foto aqui pra ver toda vez. É um lembrete... pra me cuidar o máximo possível, porque tem alguém que eu amo esperando por mim - ele sorriu.
     - Você... - Oat corou, sentindo a angústia e preocupação se esvaindo aos poucos - é um fofo. Obrigado.
     - Não há de quê - M sorriu, mudando de posição e deitando sua cabeça no colo de Oat com cuidado - Agora deixe essas paranóias pra lá e relaxe. É só me deixar deitar assim que minha cabeça vai estar novinha em folha amanhã.
     - Queria eu que medicina funcionasse assim - Oat riu, acariciando os cabelos do namorado com cuidado - Mas tudo bem. Pode ficar. A única coisa que eu exijo é que você continue se cuidando, e que só ouse morrer quando estivermos beeeem velhinhos. Depois de mim, de preferência.
     - Então isso quer dizer que você quer ficar comigo até ficarmos velhinhos? - M perguntou, sem nem tentar esconder sua felicidade.
     - É... até o fim. Não importa como seja.

Fine Line - One Shots BLWhere stories live. Discover now