Luciano Carvalho

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Gustavo... nunca havia pensado sobre como seria a luta contra Kian.

Diferente da ideia sobre ir com a Ordem para o Coliseu era algo que ainda seria possível de acontecer, ele... ele não sabia que seu corpo seria capaz de se mover no momento que olhasse Kian.

Nos últimos meses, acabou tendo que começar a fumar para ter algum controle de seu corpo, por conta das memórias do dia em que a Desconjuração aconteceu. Talvez o trauma de não ter conseguido fazer nada, da forma que seu corpo apenas... não se movia.

Se lembrava de suas pernas tremendo, como ele queria mover suas mãos mas não pôde, pessoas haviam morrido por isso.

A escolha que teve... foi abandonar todo aquele mundo.

Abandonar a Ordem, abandonar o paranormal... abandonar tudo.

Porém, por mais que ele tentasse, haviam coisas que... na verdade, haviam pessoas... que ele não conseguiria deixar para trás em seu passado.

Agatha Volkomenn... se aquela pirralha soubesse o nível de importância que ela tinha, ela não teria se jogado no meio daquela briga.

Ele já havia quebrado diversas vezes suas promessas, promessas de voltar para a Ordem, de não morrer... promessas que nunca puderam ser cumpridas.

Porém, ele havia prometido para a Volkomenn algo... havia prometido que iria se lembrar do pedido dela de não morrer mais uma vez... que não iria morrer por ela.

... Ele sempre criava desculpas, dizendo que suas promessas tinham sido quebradas por conta do paranormal, por um bem maior, e não por uma escolha dele...

— Olha só... o ratinho que a gente encontrou aqui... — Kian falou, segurando Agatha pelo pescoço, enquanto ela se debatia.

— Ratinho é o seu pau, seu broxa! — a garota respondeu, tentando se soltar. — ME SOLTA! Vocês vão tudo morrer seus filhos da puta!

— E como você pretende nos matar?

—... não vai ser eu, seu filho da puta... — ela falou, acabando por sorrir. — O Khalid vai matar todos vocês!

Dessa vez...

— SOLTA ELA! — Gustavo gritou, mais afastado deles.

... ele iria conscientemente quebrar uma promessa.

Ele poderia ser qualquer coisa, mesmo que achasse que deveria ter morrido meses atrás, que não deveria ter um coração tão fraco e aceitar lutar com a Ordem tão facilmente, ou que até mesmo não era tão forte assim.

Mas Gustavo não deixaria ninguém machucar Agatha Volkomenn, não deixaria ninguém fazê-la ter dor ou chorar... sair impune... nem que tivesse que enfrentar Kian para isso.

O primeiro ocultista parecia surpreso por vê-lo ali, os agentes da equipe abutre ainda estavam chegando... ele teria que lutar contra todos sozinho?

— Vejo que nos encontramos de novo... Gustavo. Não sabia desse seu nome... Khalid? É assim que ela te chamou? — Kian perguntou, olhando para os dois mais novos.

—... preferia ficar sem te ver por mais um tempo, Kian...

— Não sou de fazer a mesma oferta mais de uma vez, principalmente para um não marcado, mas você sempre é uma exceção as regras... principalmente as da realidade. O que me diz? Se juntaria a mim?

Pelo canto de olho, parecia que a Equipe Abutres estava já mais próxima, já ouvindo aquela conversa...

Sem responder, o Carvalho pegou seu cigarro, o acendendo e tragando, enquanto Kian falava alguma coisa para os agentes da Ordem, ele foi vendo os rostos dos marcados que estavam com o ocultista, vendo Artemis ali, viva...

Se Tudo Fosse DiferenteWhere stories live. Discover now