O Começo do Fim

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— Obrigado por isso, pode vir me visitar mais vezes, não se preocupe com isso.

— Então, eu vou te ver de novo, amanhã!

Isso foi o que ela havia dito, passando pela porta de sua casa e sumindo de sua visão, palavras que se repetiam de novo e de novo.

Mas, desde a primeira vez que havia escutado isso...

O "amanhã" que ele tanto desejava ver... agora tinha um nome, um sorriso, e um sentimento que o fazia se sentir como se... tivesse valido de algo.

Naquela noite, Gustavo... tinha certeza que apenas tinha ido dormir, em seu quarto, com uma mochila já preparada para a viagem que ele teria no dia seguinte, já sabendo o que aconteceria lá e apenas tendo uma boa noite de sono seria o "suficiente" para acordar disposto no outro dia.

Mas... por que ele estava naquele espaço vazio mais uma vez?

—... você 'tá aí de novo? Olha, eu nem mexi em coisas paranormais nesses meses, quase um ano sem nada paranormal, pelo menos não eu fazendo nada paranormal... então, me responde uma coisa, coisinha... por que 'cê me trouxe pra cá de novo?!

— Eu... eu apenas queria conversar com você mais uma vez.

A névoa ao seu redor começou a se mexer, e do meio dela, naquele espaço enorme que estava o cercando... uma criança apareceu.

Uma pequena garotinha, com a pele quase tão branca quanto a neve, com o cabelo e os cílios parecendo ser ainda mais claros, usando uma saia longa e azul escura, da mesma forma que a camisa que usava. O cabelo longo quase branco, preso com dois coques em cima... mostrando olhos azuis brilhantes.

Aquela garotinha na sua frente... era só mais uma aparência daquela coisa.

— Você tinha me dito que eu não tinha paranormal o suficiente para que você pudesse assumir alguma forma...

— Ah, isso? — ela perguntou, parecendo olhar para si mesma. — É... eu poder aparecer assim para você foi realmente mais complicado do que eu achei que seria, sendo honesto.

—... o que é você, no final das contas?

Aquela... aquela pessoa era confusa demais para que pudesse sequer imaginar qual era seu real objetivo.

Diferente de Sato, que desde o começo já demonstrou apenas querer usar ele para algum plano maior, ou dos Sacrifícios, que sempre demonstraram preocupação e o ajudavam em suas missões... aquela pessoa era confuso.

Se ela era a pessoa que os sacrifícios tinham visto, e pouco tempo depois morreram, ela devia estar com Sato em algum momento do tempo, e provavelmente, foi a pessoa que o ajudou para que seu plano chegasse ao que está hoje em dia, mas agora... havia sido ele que havia o dado aquela habilidade para ver as informações das outras pessoas.

— Eu? É, isso realmente, é uma boa pergunta... — começou a falar, se aproximando do maior. — Eu sei que isso deveria ser bem mais simples de se responder, mas... é um pouco complicado, levando em conta a situação que estamos agora...

— Então, o que você já foi?

—... eu já fui o medo.

Assim que ele falou aquilo, Gustavo começou a levar sua mão lentamente até sua cintura, como se estivesse procurando a sua espada.

— Calma, calma! Não esse tipo de medo que você está pensando! — começou a se explicar, parecendo ter visto o que o outro estava fazendo. — Eu... eu fui criada por causa do medo.

— E isso te faz uma criatura do elemento "Medo".

—... não é exatamente assim que as coisas funcionam. — falou, suspirando derrotado, decidiu se sentar no chão, dando alguns tapinhas logo ao seu lado. — Vem cá.

Se Tudo Fosse DiferenteWhere stories live. Discover now