Lembrar

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Se lembrava da sensação daquele sonho, a sensação de ter perdido tudo o que uma vez amou, por saber tudo... era isso que ele estava passando agora?

Seu perder tudo, ser toda sua família e amigos, e seu saber tudo, ser saber das mortes de todos eles?

Ele olhava ao redor, e seu coração se apertava, porque dali... todos deveriam estar mortos. O único que havia se salvado, até agora, era Tristan, mas os outros... não tinha certeza de como seria.

A próxima era Beatrice, isso não demoraria tanto quanto esperava, mas... poderia ir ajudar ela?

A sensação de tinha, era que não demoraria para que algo muito importante aconteceria em breve, algo que ele não poderia evitar, que iria acontecer alguma coisa que... poderia mudar tudo.

As horas passaram, mas, para Gustavo, que parecia com tanto medo do que poderia acontecer, passaram mais rápidas do que esperava.

— 'Tá moscando aí, mano? — ouviu Beatrice perguntar para Kaiser.

Seus pés batiam rapidamente no chão, estava ansioso, mas não estava com sono.

A Portinari havia falado alguma coisa com o Cohen, mas não prestou muito atenção, estava mais focado no seu redor, prestando a atenção se alguma criatura apareceria, afinal, coisas que haviam acontecido originalmente já tinham mudado, então talvez... mais coisas pudessem mudar.

Pegando uma das balas em seus dedos, começou a brincar com ela, tentando se concentrar no que se passava em sua mente.

No estado que estava atualmente, pensando sobre o que aconteceria no dia em que a calamidade começasse... queria xingar Sato, mas usar a analogia de que estava jogando xadrez contra Gal-Sal era o que mais fazia sentido.

As tatuagens em seu corpo ainda o assombravam, se lembrar de cada uma das vezes que foi tatuado por aqueles caras, se lembrar de cada dor que passou naquele orfanato... aquilo havia deixado uma cicatriz em sua mente, mesmo que não quisesse demonstrar.

Ele estava contra Gal, tentando ao máximo não perder suas peças, ou acabaria em uma desvantagem enorme... começava a invejar o ocultista, que não estava tendo esse problema em relação a perder os amigos, já que nenhum deles realmente morreria, pelo menos, nenhuma das crianças do Orfanato não morreria até a Calamidade, ou o final de Desconjuração.

Quando sentiu algo o deitando, colocou rapidamente a bala em seu revólver, se virando para a pessoa.

— Ei, relaxa aí, Maconheiro, você já pode ir dormir. — Tristan falou, levantando suas mãos, como se ele estivesse indefeso.

— Ah... eu não 'tô com sono, pode ficar lá com o Arthur e os outros... — respondeu, respirando fundo logo depois.

— Só não dá um tiro em ninguém, viu?

— Não vou...

Mesmo que tivesse dito aquilo, assim que encostou sua cabeça na parede, não conseguiu segurar sua vontade de acabar dormindo ali.

Mas aquilo não durou tanto tempo assim. Acordando com um susto de batidas fortes na porta, junto com um tom alto de uma voz desconhecida.

— É a polícia, abre a porta!

No momento em que percebeu o que estava acontecendo, se levantou.

Onde poderia deixar suas armas? O Viajante logo apareceria, não tinha o que ele pudesse fazer pra tentar agilizar as coisas?

Suspirando derrotado, apenas deixou seu revólver em sua cintura, mesmo que já soubesse onde aquilo terminaria.

— Oi, senhor policial. — Joui falou, abrindo um pouco da porta. — Posso ajudar?

Se Tudo Fosse DiferenteWhere stories live. Discover now