Se Tudo Fosse Diferente

Você Esqueceu de Mim

— Tristan?

As pontas da boca do Monteiro, começaram a se abrir, quase como se o forçasse a sorrir, como se algo estivesse o puxando, começando a ser levitado no ar.

Suas mãos estavam tremendo

As vozes haviam voltado, mais altas, gritando em seu ouvido.

O silêncio não existe mais.

O que o quebrou... foi um alto barulho, de algo que ficaria eternamente em sua memória.

— Tristan! — Fernando gritou.

O que foi aquilo que ele ouviu? Ele... O que havia acontecido?!

Gritos soaram do andar de cima, por que ele havia se separado de seu filho?

Ele iria de novo ir embora, deixa-lo sozinho... de novo ficaria sozinho?

Mas quando começou a subir para o segundo andar, só pôde ouvir o barulho de outro tiro, seguido por um grito da Erin:

— Gustavo!

— Depois cuidamos desse machucado! — o Carvalho mais novo havia falado, olhando para o machucado.

Ele estava no meio de uma crise há poucos segundos atrás, ele não conseguia se mover sem tremer.

Mas ele não podia deixar que Tristan fosse morto na sua frente, sem poder fazer nada.

Colocou sua mão em cima de seu machucado em sua coxa, vendo o Monteiro ajoelhado no chão, tampando sua boca com uma de suas mãos, podendo ver o sangue escorrendo dali.

A única forma que havia achado para conseguir salvá-lo... foi sair de sua crise a força.

Na sua frente, estava o Viajante, ainda na maior parte invisível, mas com algumas partes de seu corpo ensanguentadas, ele quase havia matado seu amigo... ele quase não conseguiu salvar ele.

Mancando para se aproximar do companheiro de equipe, o puxou com força, o fazendo cair no chão, atrás de si, dando outro tiro na criatura, que então, desapareceu logo na sua frente.

Agora, ele só tinha três balas... ele não podia desperdiçar mais uma, mas não iria perder a chance de bater naquela coisa antes que piorasse tudo. Gustavo defenderia sua equipe da forma que poderia.

Finalmente pôde cair de joelhos no chão, respirando fundo, não sabendo como assimilar tudo o que havia acontecido em tão pouco tempo.

O que... o que havia acontecido? Ele não conseguia se lembrar.

Alguém tinha falado? As máscaras estavam ali, mais cedo do que o esperado? Por que... ele não conseguia se lembrar de nada desde o momento que havia subido para o segundo andar... se lembrava de ter conversado com Joui, mas... e depois?

— Gustavo, Gustavo, você 'tá bem? — Beatrice perguntou, correndo até ele. — A sua perna... o que aconteceu?

— Eu... eu precisava me mover, ajuda o Tristan... Joui! Me ajuda, vamos descer.

Finalmente seu sangue estava esfriando, e a dor em sua coxa estava aparecendo.

Se levantou com dificuldade, ouvindo o Jouki se aproximar rapidamente de si, o pegando em seus braços, quase como se fosse uma princesa, e na situação que estava, apenas poderia agradecer pela ajuda, mesmo que constrangido pela cena.

Olhando por cima do ombro do japonês, apenas pôde ver algumas partes do tecido rasgado de sua calça sumindo no meio da fraca luz... o Viajante ainda estava ali.

— Gustavo, o que aconteceu?! — dessa vez, era Luciano falando, parecendo irritado, até olhar a perna de seu filho. — Você se deu um tiro?!

— Vamos descer, depois explico o que rolou... Dante, a boca do Tristan se machucou, tenta curá-lo de alguma forma... eu vou ir na moda antiga aqui.