O Símbolo

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— Tatá, vamos pra casa, está bem? Vamos pra casa... pra nossa casa.

Aquela foi a primeira e única vez que a Equipe Brasa viu o Gustavo daquela forma, com tantas lágrimas saindo de seu rosto, e com tanto desespero em sua voz.

A primeira, e última, vez que viram Gustavo Portella demonstrar medo.

— Hum...?

Raios de sol estavam batendo em seu rosto, o fazendo se sentar com calma.

Olhando ao seu redor, estava em um quarto desconhecido, deitado em uma cama. E, longe de si, conseguia ouvir o som de alguma pessoa cantarolando algo.

Se levantando com calma, percebeu que não estava com as roupas que usava desde o momento que chegou naquele mundo, vestia uma camiseta branca, com um estilo de casaco longo e fino por cima, que seu lado direito era azul e o esquerdo rosa, além de uma calça moletom preta.

— Eu... o que aconteceu?

"... eu to com medo, Lu... eu estou com medo... estou com medo...

— Está tudo bem... Tatá, eu prometo, você vai ficar bem..."

—... bosta.

Tampou seu rosto envergonhado, podendo apenas respirar fundo. Ele devia ter desmaiado em algum momento, e então alguém da Equipe Brasa o levou para outro lugar...

Andando calmamente até a voz, conseguiu encontrar as costas de Luciano, que estava fazendo algo na frente de uma pequena mesa.

— Luciano...? — chamou enquanto se aproximava, podendo ver olhos rosas e um sorriso gentil.

— Tatá! Está tudo bem? Sente alguma coisa?

— Estou bem... — respondeu, um pouco envergonhado pelo apelido. — O que aconteceu? Como vim parar aqui?

— Você... bem, me disseram que você acabou entrando em uma crise de pânico, algo até que comum para quem lidou com as coisas que você lidou... — começou a falar, com o mesmo pequeno sorriso no rosto. — Então, parece que o Lu te acalmou, e você desmaiou, te trouxeram pra cá, te deram um banho porque você estava suando frio e o Lu emprestou algumas roupas minhas, outras dele, pra você. — riu fraco, olhando o mais novo de cima a baixo.

— Isso explica muito... desculpa qualquer problema.

— Não acho que deva se desculpar por nada, mas se acha que o Lu estaria irritado por isso, seria melhor se você conversasse com ele quando desse.

—... você e ele são... — não terminou sua fala, ouvindo outra vez a risada do mais velho.

— É uma longa história, mas, resumindo pra você, nós somos casados, e... um ritual fez com que eu entrasse no corpo dele, no começo do ano... acabei meu treinamento um pouco antes de você chegar.

Mesmo que já soubesse aquela história, parecia obvio como, em alguns momentos, Fernando parecia fazer de tudo para que Gustavo não sentisse alguma emoção forte demais, ou que se lembrasse especificamente do que aconteceu durante sua "crise", nem que isso fosse contar a história do pior dia de sua vida, da forma mais tranquila que pudesse.

Todos que falavam sobre ele estavam certos... ele era realmente alguém bastante gentil.

— Sinto muito por isso.

— Está tudo bem, eu terei meu corpo logo de novo. — comentou sorrindo, parecendo otimista. — Aqui, eu não sabia exatamente o que você iria gostar de comer, e o Tristan trouxe muito pão de queijo... — olhou para a mesa na sua frente, negando de leve com a cabeça. — Eles ficaram preocupados com você também.

Se Tudo Fosse DiferenteWhere stories live. Discover now