Alice Tupinambás

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Por mais que soubesse que ele não nasceu naquele lugar, algo dentro de si queria fazê-lo acreditar que nunca existiu um outro mundo, que ele sempre pertenceu ali.

E aí, agora, ele estava ali, com Cesar Cohen ao seu lado.

— Você... você está fazendo eu tentar acreditar que ainda existe esperança pra alguém como eu... então, mesmo que não se lembre de mim, eu... vou ficar do seu lado, 'tá?

Não importava o que fosse acontecer, ou o que falasse para que ele tivesse que desistir, na sua frente... havia alguém que salvou sua vida antes.

Se ele pudesse ter a certeza de que, talvez, apenas talvez... tivesse a chance de salvar, e tirar ele de algum momento ruim... ele iria fazer isso.

Sabendo que Joui iria vir para conversar, junto com Arthur, com o amigo, isso o dava tranquilidade, pois sabia que eles poderiam ser melhores em falar com ele do que si mesmo.

Ele decidiu apenas se afastar, aquela cena era algo que deveria ser entre os três, era algo... que ele não deveria intrometer.

Olhando para sua própria mão, conseguiu ver o anel em seu dedo, aquela coisa que ele não sabia como havia surgido... será que ele algum dia teria resposta sobre o que era aquilo?

— Gustavo... — Jouki o chamou.

— Oi, Jojo... algum problema?

—... me desculpa por não ter sido capaz de ajudar... de novo.

Apenas pôde dar um fraco sorriso, a sensação que ele sentia era estranha, como se ele fosse um agente experiente, como se ele que havia treinado e cuidado do japonês... sendo que os dois tinham a mesma idade atualmente.

— Você se lembra o que eu te falei em Carpazinha? — perguntou, olhando o outro. — Antes do... do Porteiro terminar aquele símbolo nas minhas costas?

—... você falou que eu era uma pessoa boa.

— Você continua sendo alguém bom, Joui, e coisas ruins acontecem, mudam a sua forma de ver o mundo... naquela época, eu já tinha te pedido para nunca deixar que o ódio te dominasse... eu que deveria pedir desculpa, parece que eu que não consegui fazer com que as coisas melhorassem.

— Eu nunca consegui ser forte, Gustavo... — confessou, suspirando. — Se você não estivesse lá, se você não fosse da Ordem... todas as pessoas que eu amo, como elas estariam? Foi você que salvou todas elas, e não importa o quanto eu tente... parece que nunca consigo chegar para te salvar da mesma forma que salvou eles.

— Bem, é difícil competir comigo. — brincou, coçando sua nuca. — Mas, sabe, não é algo impossível, tenho certeza que eu só estou a poucos passos de distância de você, se nós lutássemos um contra o outro... acho que eu perderia de lavada. — disse, se levantando. — Imagino o quanto que eu apanharia nessa...

Quando olhou para Joui, ele já tinha um pequeno sorriso no rosto, que sumiu assim que levou seu olhar ao tronco do Carvalho mais novo, como se ele se lembrasse de uma memória ruim.

—... eu não vou deixar o que aconteceu com você passar em branco.

— Ei, ei, o que eu disse sobre não deixar o ódio te dominar?

— Foi minha espada que te machucou, e vai ser ela que vai te vingar.

— Eu não morri naquele dia, Jojo, estou bem agora... nós temos que continuar a missão agora.

Logo ficou sozinho outra vez, seus amigos precisavam assimilar a quase morte de Tristan, mas eles também precisavam acelerar aquela missão.

Se sentou mais no canto, isolado, e para a estranheza dele... aquilo estava silencioso.

Se Tudo Fosse DiferenteWhere stories live. Discover now