Ódio

520 78 261
                                    

— Ei... — sussurrou, tentando ignorar a discussão entre os dois sacrifícios ao seu lado. — Ei... vocês que... falaram comigo antes... quando eu transcendi... vocês estão aí?

Gustavo não pôde ouvir nenhuma resposta, porém, sentia que aquelas pessoas deviam estar o escutando.

—... por favor... por favor me ajudem... vocês me ajudaram antes... me ajudem agora, por favor... eu não consigo sozinho...

Olhando a cena na sua frente, pôde ver Kian pouco a pouco mostrando a lâmina do medo.

—... por favor, o que eu faço...?

Apertou forte os olhos, tentando se concentrar em ouvir a resposta que viria do além, ele tinha que conseguir ouvir...

— Gal vive... ou Gal morre?

O preto... foi o que dominou sua visão.

Achava que estava realmente próximo da loucura para acreditar que conseguiria ouvir alguma coisa vindo do nada, de pessoas que ele teve a impressão que uma vez falaram com ele, mas... talvez ele estivesse realmente louco.

Muito de longe, mais longe do que esperava, mais longe do que seria humanamente possível escutar algo... ele escutou.

Abrindo pouco a pouco seus olhos, ele tinha uma resposta.

— VOCÊ ARRANCOU TUDO DE MIM!

Clarissa já estava ali, mas... era antes de sequer machucar Gal, qual fosse a ação que ele fosse tomar, Gustavo tinha que fazer logo.

—... obrigado pela ajuda, Tony e Andrew... — sussurrou, olhando os símbolos em seus braços, e puxando os itens necessários para conjurar algum ritual. —... mas eu vou me virar com isso agora.

—... Escolha sabiamente o que irá fazer, Gustavo Carvalho.

É meio clichê essa merda, mas as suas ações vão ter consequências bem grandes.

Calmamente se ajoelhou, aproveitando que ainda estava invisível aos dois, começou a preparar suas coisas, colocando em sua espada o ritual Descarnar, checando se haviam balas em seus revólveres.

— Kian! Kian! — Gal gritava.

— Eu vou tirar... TUDO de você!

Tratou os pequenos ferimentos que tinha, e o grande que Boris havia causado em si, estralando seu pescoço e suas mãos, quase como se estivesse se preparando para algum combate.

— Chama ele o quanto você quiser!

— KIAN!...

— Ele não vai volta!

— P-Por que ele fez isso...

— Você 'tá sentindo, o que eu senti...

Então, pouco a pouco, sua aparência começou a aparecer, apoiando sua espada em seu ombro, começou a andar calmamente até perto dos dois.

— Já deu, Clarissa.

Foi só nesse momento que repararam na presença do antigo agente da Ordem, olhando ao redor, Gustavo já sabia que aquela cena estava sendo mostrada para os Abutres.

— Gustavo... — ela falou, olhando seria para ele.

— Gal, se lembra do nosso combinado, não é? — perguntou sorrindo, ignorando a garota. —... grita por mim, e eu penso se eu te salvo.

A faixa que tampava os olhos do escripta começava a cair lentamente, conseguindo finalmente ver os olhos dele... olhos que demonstravam medo.

— G-Garoto valente...

Se Tudo Fosse DiferenteTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang