Um Dia Ensolarado

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—... Caleb? Quem é esse?

A voz vinha de todo aquele lugar, parecia estar chateada pelo fato de que sua resposta não havia sido... Satisfatória? O que ele deveria falar?

— Olha, eu não vou ficar aqui falando com o nada, se quer tanto ficar conversando, assuma alguma forma, ou me tire logo daqui.

— Eu... Certo, certo, eu vou... eu posso fazer isso aqui.

Pequenos pontos azuis começaram a se juntar na sua frente, vindo de todo o ambiente, e pouco a pouco, eles formavam uma figura.

Uma figura... familiar.

—... acho que preferia quando estava falando com o nada.

Na sua frente, era quase como se ele estivesse vendo Tristan Monteiro, mas... uma coisa mostrava que era obviamente falso... olhos azuis.

Olhos azuis e brilhantes estavam o olhando.

— Hã? Mesmo? Eu... Eu tentei ver nas suas memórias qual corpo você poderia gostar mais, e... — interrompido.

— Chega de falatório. O que você quer?

Não tinha nenhuma arma consigo, não poderia fazer nada contra aquela coisa, ele... só poderia conversar com ela.

—... Foi tudo culpa minha, Caleb. — disse, parecendo estar triste. — Por minha culpa, você acabou assim...

— Eu já falei, quem é esse Caleb? Me trouxe para o próprio vazio, mas nem ao menos sabe meu nome?... me leva logo fora daqui, preciso ver minha família.

— Não, não, as coisas vão mudar mais, eu... Tudo o que está acontecendo é minha culpa, Caleb, você ter vindo pra esse mundo, você ter se esquecido de quem você é de verdade... o Hiroki ter se tornado aquilo...

—... Hiroki? Você está falando de Sato?

— É, eu...

Antes que pudesse começar a falar alguma coisa, pôde ver a mão daquela pessoa começando a se desmanchar, como se fosse estivesse se tornando uma poeira azul.

— Não... olha, nós apenas poderemos nos ver quando você transcender, talvez lá tenha paranormal o suficiente para que eu possa me materializar na minha forma real, mas... Eu não posso deixar as coisas ficarem assim.

— Você não 'tá percebendo que só 'tá falando em enigma?! Que merda você quer de mim?!

— Eu quero salvar o Hiroki! — quase gritou, engolindo seco. —... e eu vou precisar de você pra isso. Eu não vou conseguir impedir do paranormal continuar aumentando em seu corpo, então... só temos mais uma opção.

A forma de Tristan andou até ficar de frente a Gustavo, puxou seu braço direito, o segurando com muita força.

— Isso é tudo que vou poder fazer por agora... Caleb, me perdoe...

Antes que pudesse questionar o que era que aquela coisa estava falando... seu braço começou a arder, como se alguma coisa estivesse queimando, com informações começando a vir em sua mente.

Memórias uma vez dele, memórias de uma vida sem o paranormal, uma vida livre de todo aquele mal que ele estava lutando naqueles meses que passou dentro da Ordem, memórias de uma infância um pouco triste, mas acolhedora em alguns momentos.

Porém... um sentimento surgiu em seu peito.

Um sentimento... que não era bom.

Por que a Ordem sempre parecia... não se importar com o que sentia? Mesmo tendo que passar por tudo aquilo, por que a Ordem parecia apenas vê-lo como... uma arma?

Se Tudo Fosse DiferenteWo Geschichten leben. Entdecke jetzt