Os Estágios do Luto

1.6K 187 235
                                    

Assim que percebeu que eles estavam longe o suficiente, Gustavo se virou para o Deus da Morte, e com o mesmo sorriso, puxou o gatilho do detonador, e, dessa vez... algo aconteceu.

Quando os explosivos começaram, ele... não sentia medo, mesmo que soubesse que tudo se incendiaria ainda mais com os Molotov que ele tinha em sua bolsa... ele não estava mais com medo.

Ele não precisava mais ter medo de como as pessoas daquele mundo iriam vê-lo, ou se teria a chance de acabar morrendo por alguma criatura antes da hora certa... o seu maior arrependimento... devia ser não poder ter falado mais com a Equipe Brasa, ou por, talvez, ter preocupado demais os outros, mas...

Achava que nunca conseguiriam entender a satisfação que ele sentiu... Levando sua mão até o Distintivo da Equipe Brasa em seu peito, ele sorriu aliviado, percebendo que o seu propósito havia sido, finalmente...

Cumprido.

— Não era pra ter sido desse jeito... — Joui falou.

Os cinco agentes da Ordem haviam acabado de sair de Santo Berço, todos andando lentamente, alguns, segurando o choro pelo o que havia acontecido, outros... apenas não haviam aceitado o que tinha acabado de acontecer.

Gustavo havia se explodido dentro da caverna, não havia nem ao menos o seu corpo para trás...

— Eu pensei em todas as maneiras... e como isso podia terminar, todos os cenários possíveis, como a gente começou... eu pensei tudo. — Elizabeth se pronunciou. — E a verdade, Joui, é que no final das contas ele tinha razão... o Ferreiro, ele dedicou a vida dele inteira pra Ordem, mas pra quê? A que custo? O custo da vida dele?

Por mais que o Jouki mexesse sua cabeça negando, a mulher não parecia acreditar no que ele estava tentando dizê-la, aquela cena... ainda estava gravada em sua memória.

— Porque... é isso que foi o custo pro Gustavo.

— Se esse é o final, significa que a gente não pensou em tudo. — o japonês respondeu ela. — Não pode ter sido assim...

— Acredita, eu pensei... Por tempo o suficiente.

Os dois pararam de conversar quando ouviram um barulho alto vindo do lado, havia sido Thiago, que havia dado um soco em uma das árvores.

De todos eles, o Fritz devia ser o que estava com mais raiva de tudo que aconteceu, ele era, com toda a certeza, o que menos havia acreditado no que havia acabado de acontecer.

— Eles nos devolvem o moleque, para então, ele ter que morrer?! Ele, Kenan... Morreram nessa merda!

— Thiago... vamos...

— Eu... Eu não posso aceitar o que aconteceu, Arthur... Era pra ter sido eu, eu que estava com o detonador e... de repente, aquela coisa me soltou, e foi pra cima dele. — disse, se ajoelhando, enquanto tampava seus ouvidos com seus braços.

Não demorou muito para o jornalista se levantar e sair andando, sendo seguido pelo restante da equipe. Nenhum demorou muito para encontrar o carro azul que tinham usado para chegarem ali, com todas as coisas deles.

Mas conforme saiam, conseguiram ver um carro se aproximando, e saindo dele, viram o policial Victor.

— Gente, 'tá pegando fo... — parou de falar, analisando a situação dos cinco. — O que 'tá acontecendo aqui?! O que... O que aconteceu com eles?! — perguntou, apontando para Elizabeth e Thiago. — 'Cês tacaram fogo na floresta?!

— Senhor detetive... — Cesar se pronunciou. — A gente só fez o que tinha que fazer...

O policial olhava para todos, toda a equipe com marcas de sangue em suas roupas, parecendo estarem abalados, além de Arthur estar sem um braço. Percebendo que não deveria ter perguntado aquilo, apenas acenou com a cabeça, ainda confuso.

Se Tudo Fosse DiferenteOnde histórias criam vida. Descubra agora