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Dado....

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Eu: O que tá rolando, Lobo?
Eu: Abre o jogo comigo de uma vez.

Lobo: Opa, Gui Jr.
Lobo: Aquela parada de domínio né mano? Não sou o dono do lugar, não posso dá ordem.

Eu: Tem essa não porra.
Eu: Eu não tô aí, tu é meu gerente então se eu te botei de frente quando eu não tô é você que toma a decisão

Lobo: Vou tá me estressando com moleque não, Dado.
Lobo: Tô velho demais pra lidar com molequice.

Eu: É esse mesmo moleque que volta e te mata seu viado.
Eu: Eu vou voltar pro Brasil na semana que vem, da uma segurada, eu ia essa semana mas não quero chegar aí e andar de pé por uma semana.

Lobo: Tu pode ter o carro que tu quiser Gui Jr kkk
Lobo: Tá enrolando pra voltar?

Eu: Só vou quando meu carro tiver aí.

Lobo: Uma semana... Na próxima quinta tu tá aqui?

Eu: Próxima quinta, vou mandar o carro amanhã. Ele vai chegar em dois dias e põe isso preciso de que tu faça uma pra mim.

Lobo: Ir pegar seu carro?

Eu: Ir pegar meu carro, trocar a placa da Itália por uma BR e tratar como se fosse sua vida por que ela vai depender disso.

Lobo: Que isso.
Lobo: E eu aqui com meu Onix, kkkkk mas fechou, vou buscar pra tu Gui Jr. Na quarta né?

Eu: quarta-feira
Eu: E abre o olho Lobo, eu botei tu de frente da VK por que eu confio em você. Mas não gosto desse lado bonzinho que você tem em poupar todo mundo. Comigo não existe essa.

Lobo: Tô ciente.
Lobo: Eu tô segurando as pontas aqui pô.

Eu: Então é isso, vou ir falando contigo.

Lobo: Tá voltando depois de 3 meses.
Lobo: Mas pô, nada mudou não
Lobo: Tá tranquilo até. Complicação tem todo dia por que a vida bandida é assim mas a gente resolve

Eu: Se a parar de agir pra sobreviver nesse inferno, a morte que te pega irmão.

Lobo: Papo reto.

Escuto o barulho do empacotamento por trás da porta de zinco e olho na direção escutando as vozes conversando em inglês.

Eu: Falo contigo depois.

Saio da conversa com ele sem esperar ele responder e me levanto puxando a porta fazendo ela abrir olhando o galpão onde tudo acontece.
Eu não trabalho com mais de 5 pessoas aqui dentro, tem uns americanos que se tu der uma dormida já era, e eu sou desconfiado pra caralho. Não confio.

Guardo meu celular no bolso e me aproximo das caixas embalado com fita marrom lacrando tudo. No galpão do lado eles separa os pacote em valor de 5 a 100 dólar e manda pras casas do prostituição, casa noturna, boate, hotel também, essas festinha que rola sempre tem uma demanda maior. Mas aqui dentro é só 5 pessoas pra exportar... Os que conquistaram minha confiança desde quando eu comecei aqui no exterior vieram e trabalha comigo aqui dentro na hora de exportar. Separar e empacotar até um cracudo faz pra receber no final do dia um pouco de droga de graça, mas tu não pode confiar nessas pessoas quando se resume em dinheiro. Exportar, é levar a mercadoria e receber o dinheiro, no final do mês recebe pelo trabalho, se meu dinheiro não tiver somado eu tiro do meu caminho.

Eu não entendo nada que esse povo fala, Benjamim anda comigo por aí todo e quando ele não tá eu uso o tradutor por que é foda. Fico perdido pra caralho no assunto. Sem saber como eu sobrevivi. A primeira vez que eu vim pra fora eu fiquei 2 anos, voltei pro Brasil, depois voltei fiquei 10 meses, agora voltei tô há 3. E já vou voltar de novo. Amo meu Brasil demais pra ficar longe por muito tempo.

Observo no meu canto e o Benjamim se aproxima me entregando uma chave.

Benjamim: A chave reserva da trasportadora. Falei com o homem como você pediu, amanhã eles vai passar aqui pra elevar seu carro.

Eu: Qual o valor do frete? - Pego a chave da mão dele.

Benjamim: Ele quer em real. Já que vai ficar no Brasil por algum tempo.

Eu: Tenho que pagar quando ele chegar lá então?

Benjamim: Isso aí. Mas pra trocar vai ter que ir em algum aeroporto ou banco...

Eu: Tô procurado no Brasil, vai ter que ser no aeroporto daqui pra levar pra lá.

Benjamim: Isso mesmo. - cruzo os braços. - Vai ser trasporte aéreo. Só que como você só vai semana que vem o carro vai ter que ficar preso enquanto ninguém vai buscar.

Eu: Já resolvi isso aí, essa chave é pra que? - pergunto olhando pro objeto.

Benjamim: pro galpão lá no Brasil onde o carro vai ficar guardado.

Eu fico calado.

-

Mi: Vai voltar pro Brasil? - Passo os dentes pelo lábio olhando ela dentro da hidromassagem me olhando com a cabeça deixada no braço apoiado na borda.

Encontrei ela em Miami 1 mês atrás. Não foi combinado, a última pessoa que eu esperava ver aqui era a Milena e como a gente já se conhece a uns anos a gente marcou de se ver algumas vezes e hoje.

Mi: Precisa muito voltar pra lá?

Eu: Eu volto - engulo a saliva colocando o baseado na boca puxando a fumaça pra dentro - Gostou do Texas?

Mi: Já tive aqui outras vezes - ela sorri pra mim - foi minha primeira viajem internacional.

Eu: Papo reto? - Ela confirma - não é tua primeira viajem? - ela nega rindo. - Loira, Loira...

Mi: A primeira vez que eu viajei foi com um cara, chegou aqui ele em roubou levando meu celular, dinheiro... A sorte foi que eu investir nas minhas aulas de inglês se não eu tava fodida. Conheci pessoas maravilhosas que me ajudaram a voltar pra casa, um tempo depois eu voltei pra rever eles e agradecer por que não é todo mundo que ajuda pessoas que você não conhece né? Agora eu tenho amigos nos Estados Unidos.

Eu: Foda - Falo baixo vendo ela tirar o rosto do braço apoiado na borda exibindo os peitos, grande, Milena é toda turbinada, linda pra caralho. Qualquer um ficaria com ela fácil, com ela também não tem frescura.

Ela passa as mãos molhadas no cabelo e se levanta da hidro pelada do jeito que tá andando até a cadeira de canto pegando uma toalha vermelha e colocando na cabeça depois de enrolar o cabelo vindo andando na minha direção.

Mi: Então - ela passa as mãos molhadas pela minha perna e eu fico olhando nos seus olhos. Por um minuto só querendo que eles fossem pretos e não verdes da lente de contato.

Euv - Era Uma Vez... Onde as histórias ganham vida. Descobre agora