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Dado...

Encaro o longe com o baseado entre os dedos encostado no carro só esperando uma confirmação pela frequência do rádio ligado e deixado no capô
Minha cabeça tá dando uns puxão fudido aí querendo doer desde de cedo mas nada que um fumo e um copo de whisky não resolva.
Domingo, eu podendo tá curtindo... Tô aqui resolvendo caô.... Meu caô.

Puxo a fumaça pra dentro testando o pulmão puxando até o final, prendo tirando as costas do carro pegando o copo de alumínio com a mão do baseado no chão perto do meu pé me encostando de novo e soprando a fumaça antes de tomar um gole da bebida que desce ardendo. Bagulho tá quente já.

Orelha: Aí patrão - A voz rouca vindo acompanhada de uma tosse me chama e eu olho na direção da porta vendo a magreza em pessoa aparecer nela curvando a cabeça. O maluco parece um louva Deus, alto e magro pra caralho. - Pt tá descendo ai. - Quase não entendo nada que ele fala por ele tá sem voz.

Eu: Cadê Alba? - Pergunto balançando os dedos pra tirar as cinzas do baseado olhando pra ele que ajeita o fuzil no peito sem camisa mostrando a tatuagem do palhaço com os dentes cheio de sangue no peito.

Orelha: Foi lá falar com o frente da contenção de cá - Coloco o baseado na boca puxando a fumaça pra dentro novamente e enquanto olho pra ele ali parado na porta.
Penso, penso e sopro a fumaça me ajeitando no carro

Eu: Manda ele vim que eu quero falar com ele - gesticulo com a mão do baseado soprando o resto da fumaça e ele confirma saindo andando entrando no beco que dá pra uma das boca central.

Uma favela grande como a VK as coisas tem que acontecer muito escondido, eu guio meu trampo assim. Só que lá fora t mais em conta pra ganhar e sair luxando... Lá não tem polícia pra me foder, é tudo legalizado, eu tô fazendo meu dinheiro pra garantir uma vida boa pra mim e os meus. Nem que pra isso eu tenha que traficar.
Quando se nasce na guerra a única saída pra sobrevivencia e entrar nela e fazer alguma coisa.

Coloco a mão no bolso procurando meu celular que tá vibrando e olho as mensagens do Vasques pela notificação me perguntando onde eu tô. Passo a palma da mão com o baseado no nariz e bloqueou a tela sem responder olhando pra trás avistando os moleque da contenção tudo olhando pra cá. Alba. É o cabeça... O que guia todos eles, cada um dos 6 que anda comigo tem uma história e se tá ali é por que eu tenho um pouco de confiança, recebem mais. O que um vapor de plantão ganha os da minha contenção ganha o dobro pela disposição em bater de frente com tudo que venha a cruzar meu caminho.

Sozinho eu espero, já ficando puto pela demora. Ei termino o baseado e assim que solto a bituca no chão eu vejo a estrutura do homem gordo e alto com algumas tatuagens vindo andando pelo bequinho estreito que mal cabe ele guardando a arma na cintura.
Cruzo meus braços e ele sai chegando perto.

Pt: E aí Dado - Encaro seu rosto por alguns minutos e escuto a contenção se mexer chegando mais perto parando atrás do carro, o olho dele vacila desviando do meu olhando os moleque armado logo atrás

Eu: Quanto? - Pt nega com a cabeça.

Pt: Ainda não sei não patrão, uma hora tá dando um valor, tá ligado? Já no outro é outro valor pô. Eu não sei não.

Eu fico calado olhando pra ele sério por tempo o suficiente até Alba se aproximar com o fuzil na mão encarando o Pt na minha frente.
Alba para do meu lado portando a arma de precisão a longa distância e o foco é só o Pt.

Eu: Então você não sabe o valor exato que tiraram de debaixo do teu nariz? - ele respira fundo.

Pt: Eu tô tentando resolver patrão....

Eu: eu te dei um mês pra tu recuperar, mas aí no mesmo mês sumiu mais droga e dinheiro... minha cara é de que? - passo a mão na frente do meu rosto sem tocar olhando pra ele - Eu tava longe mas nada passou por mim não Pt, tu mermo tava na cobertura 15 dias antes de eu brotar no país - vejo ele vacilar mais uma vez me olhando e eu mantenho a expressão séria - Mulher, bebida, motel caro. - Tu ganha bem mas não o bastante pra bancar por uma semana. tá mais branco que meu parceiro Albino aqui do lado - aponto pro Alba com a cabeça. - Foi tu que me roubou Pt? - pergunto molhando o lábio seco.

Eu tô sabendo que foi ele desde que botei os pés no avião lá na Jamaica. Parceiro dele mesmo que veio me dar o papo com as porcas e as conta de todas as bocas de venda da comunidade, mas eu queria ouvir ele também. Ser justo.

Pt: Porra chefe, tu acha que eu ia fazer isso contigo?

Fico calado olhando ele tentando se explicar, o que me deixa mais de sangue quente. Eu roubava otário mais novo, cresci com sagacidade no sangue desde novo. Correndo de viatura dando perdido na canela pelas rua da orla. Conquistei tudo isso e papo reto que ele vai mentir na minha cara?

Pt: Pá tu ter uma noção chefe - ele aponta pra mim - tu pode puxar o fundamento com quem tu quiser e me cobrar por esse bagulho mas vai ser em vão... Tu me deixou aqui por que confia mim eu jamais ia te passar a perna patrão.

Eu pego o fuzil da mão do Alba calado e entrego minha Glock pra ele, vejo Pt mudar de cor, de branco ele tá ficando azul, mas esse é só um teste... Se ele correr ou vacilar o olhar quando eu apontar o fuzil no meio da sua testa eu vou saber se é ele ou não. E é o que eu faço.
Seguro a arma nas mãos e aponto pra ele.

Pt: E aí patrão, pô. - ele levanta as mãos começando tremer.

Eu: Roubou ou não Pt? - Pergunto calmo e ele nega vacilando o olhar pra arma na mão do Alba e eu entendo na hora. - Olha pra mim - ele levanta a cara fechada me encarando com puro ódio - Roubou né? - ele fica calado.

Alba: O patrão tá falando contigo arrombado - aponta a arma pra ele que continua me olhando.

Pt: Não roubei porra! - ele grita

Eu: Roubou - abaixo o fuzil segurando na ponta e lanço um golpe nele batendo no ouvindo vendo ele cambalear mas não cai - Tu me roubou seu filho da puta.
Entrego o fuzil pegando minha cromada de volta e puxo a trava subindo na calçada. Apontando pra ele. - Tu me roubou e mentiu na minha cara. E é o seguinte - dou uma no joelho fazendo ele cair e me abaixo colocando a mão na sua cabeça segurando ele pelo cabelo fazendo ele me olhar com cara de dor - eu te dei uma chance pra tu reverter mas foi tu mermo que assinou tua própria morte.

Pt: Eu tenho um filho cara - fala chorando - não me mata não, eu tenho mulher. Eu tenho mãe.

Eu: Eles tão bem, tu conseguiu 300k nessa porra toda - coloco a arma no seu queixo - é o que eu tu ganha por trair a única pessoa que confiou em tu pela saco - levanto e puxo o gatilho atirando do queixo pra cima vendo o corpo cair pro lado na mesma hora se espalhando em sangue. - Passa a visão que eu tô de volta e vou comandar pessoalmente. Tá muita bagunça nessa porra.

Entro no carro puto batendo a porta saindo dali, não preciso olhar pra trás pra saber que tem no mínimo uma moto atrás de mim.

-

Vasques: Qual foi? Vem pra tua festa. Trintou.
Vasques: Tá resolvendo o bagulho do Pt?
Vasques: Resenha em tua homenagem Dadinho. Encosta.

Euv - Era Uma Vez... Onde as histórias ganham vida. Descobre agora