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Jadylla...

Eu tô sentindo que ele vai se sentir que tem poder sobre mim... Eu não entendo que merda ele tem contra o Victor, e é só com ele. Dado me confunde com esse jeito dele.

Olhando na direção dos olhos verdes eu respiro fundo sentindo sua mão no meu pescoço, ele viaja e não volta mais pro Brasil. Tudo que a gente tem vai acabar. Se é que a gente tem alguma coisa. Decidimos ontem ficar um com outro e a forma que ele tá me tratano me dá... Medo. Medo pelo o que minha mãe contou que passou e pelo o que eu vi a Natiele passar quando as duas foram mulher de traficante.

Dado ele me faz bem, ele me trata bem mas quando se trata do Victor ele vira um escroto... Quero entender o que merda ele viu pra marcar tanto assim encima dele e ficar desse jeito.
Ele me deixa confusa, ele acabou de brincar comigo fazendo isso.

Eu: Vamo conversar amanhã. - ele nega.

Dado: Não vai ter amanhã Jadylla, me responde agora. - mantenho os olhos nos seus e respiro fundo.

Eu: Curte o show comigo, já vai começar. - olho pra trás escutando os gritos abafados.

Dado: Tu tá me chamando pro meio deles? - olho pra ele de novo.

Eu: A gente não precisa ficar perto, eu quero curtir o show mas também não quero brigar contigo, eu tô com álcool na cabeça, eu tô feliz demais pra brigar por isso. - ele fica calado me olhando - depois a gente vai embora e aí conversamos com calma.

Dado: Papo reto? - ele fala me olhando e me solta - Fica aí com eles. Tenho tempo pra nada disso não.

Eu: Guilherme - ele ajeita o boné na cabeça passando as mãos nos bolsos - Caraca eu tô falando contigo - abaixo meu vestido.

Dado: Eu tô te pedindo uma resposta Jade, uma - ele aproxima as mãos do meu rosto mas não me toca, olha apenas nos meus olhos - Sim ou não, eu não tenho tempo pra perder com a vida que eu levo. Não é uma novela, eu não sou um personagem nisso. Eu tenho 30 anos de idade, não tenho a sua, eu vivo em uma realidade diferente, tô querendo te puxar pra isso mas eu tô dizendo que eu jamais vou deixar que te prejudique. Mas você não quer largar a vida de farra porra.

Eu: A gente ia falar sobre isso quando você voltasse! - falo alto ficando puta com ele, mais ainda - Você tá me pressionando com essa merda, por causa de uma pessoa que eu nem se quer sabia que ia tá aqui, ele veio e eu não posso fazer nada, nada! Que situação doente.

Dado: Tá enrolando muito - ele mexe a mão na orelha - Sou bobinho não. Fica aí e se divirta quero que se foda.

Eu olho ele pegando o celular no bolso e cruzo os braços.

Dado: Eu preciso de alguém pra correr comigo lado a lado. Ou rema comigo ou pula do barco. Você não é menor de idade, eu não quero ter que sair no meio da noite pra te deixar em sua casa, não quero esconder o quanto eu gosto de você e é por isso que eu quero te assumir... Não é só pra dizer que você tá comigo, é pra dizer que eu também tô contigo eu sou seu e você é minha. É isso que eu quero, porra.

Eu perco o ar por alguns segundos e ele fica calado me olhando.

Dado: Agora volta pra porra da sua festa - ele entra no carro - Quem não quer nada contigo sou eu.

Eu me afasto e ele liga o motor saindo dali em alta velocidade pela rua sumindo na primeira esquina. Eu tento convencer meu corpo a andar mas eu só fico parada ali na rua olhando pro nada até que a voz da Natiele me chama e eu vou até ela tentando manter minha cabeça no lugar.

Natiele: Ele foi embora?

Eu: Foi, terminou comigo - falo passando por ela pegando na sua mão e entrando na boate de novo. Cabeça quente demais pra fazer qualquer outra coisa a não ser beber.

Assim que a gente entra no camarote vip L7 invade o palco cantando. Mesmo sem vibe eu me aproximei dos ferros segurando um copo de whisky e gelo e o Pêu abraçou a Natiele por trás os dois dançando enquanto cantava a música, poesia 9.

Mecho meu copo com o canudo olhando pro gelo e o som vai se propagando na minha cabeça, tirando as vozes e eu com a cena dele sumindo com o carro pela rua. Respiro fundo colocando o canudo na boca e sugo o líquido gelado que desce ardente pela garganta.

Víctor: Jade? - A voz faz um eco e eu volto pra mim olhando pra ele - Te chamei duas vezes.

Eu: Que foi? - Me inclino perguntando na sua orelha.

Víctor: Aquele cara é seu namorado? - pergunta na minha orelha e eu dou ombros.

Eu: Não quero falar sobre isso - Ele faz um joinha com a mão.

Víctor: Mas tá tudo bem? - sorrio falsa assentindo e dou as costas pra ele olhando pro palco.

Curtir o show dele e quando ele foi embora eu sentir vontade de ir também. O relógio marcando 00h40 da manhã.

Eu me sentei em um dos bancos da mesa vazio e a Natiele se sentou do meu lado.

Natiele: Pêu foi pegar o carro, ele teve que estacionar lá embaixo... Eu já vou também. Tô cansada pra caralho eu nem ia vim, mas não ia te deixar sozinha - ela faz um bico e eu sorrio dando um selinho nela - Confio no Pêu mas no Víctor não. Vagabundo mentiroso - Olho pra ele que tá mais a frente fazendo coração pra ela com as duas mãos - Tomara que morra com a próxima maconha que for fumar engasgado, cabeça de pica.

Eu dou risada e bebo o restante do meu whisky com gelo derretido, o gosto aguado desce e eu faço uma cara de nojo deixando sobre a parte plana da mesa esperando pra ir embora.

-

No dia seguinte é como se eu sentisse que falta algo. Realmente... A noite de ontem foi bem puxada, eu tô ciente de tudo que aconteceu. Não tô bem mas também não vou me recorrer atrás por tá mal.

Foi ele que disse que não queria mais nada. É bom que ele vá mesmo pra longe. Eu não ia ter peito pra lidar com as coisas que estavam por vim. Eu tenho medo. Ser mulher de traficante é fácil em um mundo criado por quem tem pais conservadores. Na realidade é bem diferente, você tem que ama muito uma pessoa pra entrar nessa vida com ela sabendo o risco que vai correr. Eu não tô pronta pra viver esse tipo de aventura.

E eu também não amo o Dado, eu acho que não.

Anoite ontem assim que eu cheguei em casa, eu entrei no meu quarto, tomei um banho e fiquei mexendo no meu celular... Sem querer fiquei sabendo pela página que ele tava no Jacaré. Morro ali próximo de Búzios.

Eu não me importo com a dor que sentir quando vi que ele tava curtindo depois de me dispensar, no fundo ele fez como qualquer homem faria. Seguir o baile como se não fosse nada.

Saio da cama andando pela casa percebendo que minha mãe não tá lá e sinto meu celular vibrar na minha mão, curiosa eu viro a tela vendo uma mensagem do Vasques.

______

Vasques: Vou passar aí depois.
Vasques: Dado já viajou.
Vasques: Tô com seu salto.

Euv - Era Uma Vez... Onde as histórias ganham vida. Descobre agora