CXIII. Consequências

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Dalária não conseguia acreditar que a luta finalmente tinha acabado. Levara muito mais tempo do que julgara ser necessário para liquidar as defesas do Duque e empurrá-lo na direção do mar. Por horas, tinham lutado sem previsão para descanso e a noite estava quase acabando quando finalmente saíram da Floresta para encontrar as bruxas quase cercadas por um exército muitas vezes maior de elfos.

No momento em que começaram a empurrar o duque na direção do mar, ela sabia que a batalha estava acabada. Sob a tênue luz de uma lua que se tornava crescente, ela desafiara Linea para um duelo e vencera.

No calor da batalha, o maldito sequer percebera que estava sendo empurrado contra seus soldados. Quando percebeu, já era tarde demais. Irritado, ele se jogou contra as tropas de Parsos, tentando contra-atacar, mas era um esforço inútil.

De onde observava a batalha, um pouco atrás dos soldados que lutavam ombro-a-ombro, a Rainha apontou sua lâmina para o Duque, que respondeu ao chamado com um gesto nada educado. Os dois se encontraram na linha de frente e um pequeno círculo de calmaria rapidamente se abriu entre os soldados que lutavam para observar os dois líderes e descobrir quem sairia vitorioso.

Linea lutava bem. Dalária conhecia sua reputação, então utilizou-se da própria velocidade para surpreendê-lo. Sem hesitar, a Rainha fintou para um lado e atacou do outro, cortando a coxa direita do duque, que tentou revidar com um ataque lateral de sua espada.

Dalária escapou do golpe com um rolamento e rapidamente se pôs em pé, aproveitando a perna ruim do Duque para lentamente ganhar uma vantagem efetiva no duelo. Graças ao ferimento, ele se tornou ainda mais lento e, num momento de desespero, tentou estocar usando a perna ruim como apoio, o que fez com que perdesse o equilíbrio.

A Rainha aproveitou o erro para cortar a mão de Linea e sacar sua adaga com a mão esquerda, enfiando a arma na garganta do elfo. Quando o corpo dele desabou no chão, sem vida, suas tropas imediatamente começaram a se render, percebendo que a esperança se acabara ali. Ao olhar para cima, ela viu também que os dragões de Gheyon fugiam, percebendo o fim da luta, para esconder-se em algum lugar longe de Valatr, que com certeza os caçaria depois que tudo aquilo estivesse resolvido.

Agora, a soberana de Parsos observava enquanto os líderes sobreviventes da Aliança se reuniam para uma conversa extremamente importante, escorados numa carroça quebrada. A situação ridícula a lembrou das muitas batalhas das quais participara em sua vida, a maior parte delas contra os povos com os quais dividia agora um cantil de água e pão velho.

— É tudo que temos. — Explicou a Matriarca, Asmin Flor-Invernal.

Dalária apenas assentiu com a cabeça e continuou encarando a cena. Três bruxas, um feérico e dois Midgellers. Além, é claro, de Valatr e Runa. A Rainha esperava mais partes.

Uma bruxa de cabelos azuis se aproximou da Matriarca, cochichando algo em seu ouvido. A bruxa xingou antes de se dirigir aos demais.

— Não se sabe das Ferro-Brasil. Talvez nenhuma delas tenha sobrevivido. — Asmin parecia abatida. Sobravam razões para estar assim, refletiu Dalária. — A Árvore foi queimada, nenhuma fada sobreviveu.

Valatr pareceu surpreso e abatido pela notícia. Ele parecera próximo de Fedra e Dalária simpatizou com sua dor.

— Por que estamos falando disso à frente de uma elfa? — Perguntou uma das bruxas mais velhas. — Que eu saiba, eles são o inimigo.

— Majestade, esta é ? Pedra-Negra. — Anunciou a Matriarca. Dalária assentiu com a cabeça. — ?, o reino de Parsos nos ajudou a vencer esta batalha. Acho que podemos considera-los como aliados.

A bruxa se calou, percebendo que não havia como discutir com aquele argumento, e fez um gesto com a mão para que Asmin continuasse.

— Precisamos decidir o que será feito daqui para frente. — Disse a bruxa. — Dalária, o que nós somos para você?

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora