LIX. Uma Jura de Vingança

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Eles finalmente se moviam, caminhando pelas passagens da montanha a uma velocidade excruciantemente lenta. Dalária caminhava à frente da comitiva, ao lado de Limmen. Atrás deles, Dok era seguido pelo bando de dezessete touros que batiam lentamente seus cascos contra o chão de pedra.

Ela não sabia para onde iam, mas esperava que o lugar fosse quente. Na manhã anterior, chovera por quase cinco horas consecutivas, o que ocasionou em roupas molhadas e frio quase congelante. Não fossem as chamas conjuradas pela magia etérea do feérico, a Rainha tinha certeza de que todos ali teriam morrido de hipotermia.

Mas eles sobreviveram. E ela já não sabia se isso fora bom ou ruim.

Algumas horas mais tarde, eles tinham saído da passagem entre as montanhas para caminhar por uma trilha que seguia a lateral exposta da cordilheira. A brisa que vinha do mar abaixo batia contra as roupas leves da rainha e a faziam querer correr para longe dali, para dentro das montanhas novamente. Mas essa possibilidade não existia. Tudo que era possível era acelerar o passo para chegar logo onde quer que fosse o destino.

Na manhã seguinte, após sofrer sob a ventania marítima por toda a noite, sem conseguir dormir direito, ela finalmente avistou o pequeno vilarejo que costumava visitar com seu pai. À distância, o lugar parecia um pequeno aglomerado disforme de pedras que fora jogado na beira do mar por alguma criança brincalhona. Estava maior do que ela se lembrava, no entanto.

— Estamos oficialmente fora do Décimo Primeiro Reino. — Ela anunciou para Limmen, que caminhava silencioso ao seu lado. O feérico ainda não lhe dirigira a palavra naquele dia. — Adentrando os domínios de Eliah.

— Ninguém se importa, elfa. — Dok falou atrás dela. O touro estava sempre pronto para importuná-la não importava o que era falado.

A Rainha olhou ao redor, buscando qualquer vantagem que pudesse usar contra os midgellers. Não podia deixar que a levassem para muito longe de Parsos. Tinha que retornar ao Palácio antes que Vélis fizesse alguma besteira da qual fosse se arrepender no futuro. De onde estavam, ela teria de retornar pelas montanhas ou tentar a rota mais longa, contornando a cordilheira e subindo o vale até o palácio. Talvez a segunda opção fosse a mais rápida, pensou. Mas teria que encontrar uma maneira de fugir dali primeira.

Talvez pudesse usar sua magia para causar uma avalanche e enterrar aqueles touros na pedra, mas isso a deixaria exausta e havia a chance de sequer conseguir tal feito. Ainda teria que lidar com Limmen, que perceberia o que ela fazia no segundo em que tentasse agir.

— Para onde estão me levando? — Ela perguntou. Dok grunhiu, mas ninguém falou nada antes que o feérico se pronunciasse.

— Há um lugar seguro não muito longe daqui. — Limmen explicou. — De lá, poderemos contatar sua corte para ver se alguém oferece um resgate.

Dalária riu. Duvidava que algum daqueles sangue-sugas malditos pagaria uma única moeda para ter sua rainha de volta. Seria mais provável que pagassem aos selvagens para que estes a matassem logo de uma vez. Além de que, a probabilidade era que o contratante daquele ataque era um dos membros daquela corte.

— Alguns naquele lugar devem favorecê-la, elfa. — Continuou o feérico.

— Favorecem enquanto lhes é oportuno, garoto. — Ela respondeu. — No momento em que me virem como fraca ou incapaz de governar, dez mil facas caem sobre minhas costas.

— Então o que nos contratou só se adiantou à maioria? — Novamente, aquele questionamento assombrava a Rainha. Quem quer que fosse o maldito, ela faria questão de levá-lo consigo para a cova, se este fosse seu destino. — Vocês, elfos, se dizem melhores que todos os outros, mas se comportam de maneira tão selvagem quanto esses touros aqui.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora