XXIV. A Guerra de Alis

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ATENÇÃO: Este capítulo possui 3389 palavras!


Taverna era um nome medíocre para o lugar onde Deimos enfiara Eralyn. Ao menos era muito melhor e menos mofado que a maioria das tavernas que o guerreiro élfico tinha frequentado em sua longa vida.

Não muito longe do porto, o salão de madeira e pedra cinza era rústico, porém aquecido e agradável. Alguns dançarinos de ambos os sexos se movimentavam num dos cantos ao ritmo de uma música agitada, liderada por um violino delicado que preenchia o lugar com seus sons agudos. A bebida era servida por escravos incrivelmente bem vestidos, que corriam de um lado a outro carregando copos, canecos e taças. Era, definitivamente, um lugar a ser frequentado por capitães e oficiais do porto, não por funcionários e soldados rasos, percebeu Eralyn enquanto passava os olhos por todos aqueles elfos contentes com a chegada do fim de mais um dia.

Pela quantidade de bêbados que esbravejavam nas mesas ao redor, parecia-lhe que várias horas já tinham passado desde o fim do expediente. As meretrizes já se acumulavam do lado de fora do estabelecimento, esperando que aqueles mesmos boêmios saíssem em busca de mais um pouco de diversão e descontração. O olhar do guerreiro passeou um pouco antes de, finalmente, repousar sobre Deimos, que olhava para uma das dançarinas com uma expressão faminta no olhar.

- A aposentadoria é realmente boa. - Eralyn falou, puxando assunto. Ele analisou o pequeno copo de vidro que segurava na mão esquerda, onde antes havia uma bebida alcoólica cujo nome ele já não se lembrava. - Este lugar não é muito barato.

- A aposentadoria é uma merda. - Deimos não ousou tirar os olhos da bela dançarina de pele dourada, que retribuía sensualmente o flerte. - Mas quando se sabe usar bem a língua, consegue-se chegar a qualquer lugar.

Eralyn não queria imaginar qual era exatamente o uso ao qual o colega se referia. Se aquela era a filha do dono do lugar, no entanto, ele entendia como Deimos conseguiria bebidas gratuitas naquela noite.

- Ainda recebe soldo? - Perguntou, ignorando o flerte descarado que ocorria à sua frente.

- Vez ou outra, quando nosso amado monarca decide lembrar que possui dividas a serem honradas. - Finalmente, o elfo tirou os olhos da dançarina. - Tenho feito alguns serviços aqui e ali. Todos de forma honesta, claro. Posso carregar cargas preciosas no porto, caçar criminosos em troca de recompensas, e até mesmo foder a filha do estalajadeiro em troca de uma cama e uma refeição para a noite.

- Não é um padrão de vida difícil de se acostumar. - Eralyn brincou. - Talvez eu deva reconsiderar minha permanência na legião após o fim de minha missão. - Se sobrevivesse a tudo aquilo, pensou.

- Qual é, exatamente a missão? - Deimos parecia subitamente interessado. Esquecera-se completamente da elfa.

- Estou à procura de uma bruxa. - Relutante, o desertor achou que contar algumas meias-verdades não prejudicariam seu objetivo final. - Preciso encontrá-la e matá-la o quanto antes.

- Essa bruxa tem nome? - O amigo o encarou, inclinando o corpo para frente e colocando uma das mãos sobre o queixo.

- Não se sabe. - Essa era a parte que ainda irritava Eralyn profundamente. - Só sei que devo encontrá-la onde quer que esteja.

- Vai ser difícil, meu caro. Este continente é grande e, se houver a menor probabilidade de ela ter fugido para outras terras, sua busca levará séculos. - Deimos fez uma pausa, deixando que suas últimas palavras ficassem suspensas no ar por alguns segundos. Eralyn não ousou dizer nada, já tinha pensado aquilo milhares de vezes desde que deixara a Legião para trás. - O que essa bruxa fez para que o Duque se livrasse de um grande guerreiro para ir atrás dela?

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora