L. Chamado às Armas

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- O quê? - Ode esbravejou ao ouvir a proposta de Fedra.

A Rainha das fadas estava em pé, em frente ao trono da Matriarca e cercada pelos representantes das principais raças, todos prestando total atenção a cada sílaba que saía de sua boca. Sua magia se agitava, o fogo ansioso por uma oportunidade de proteger sua mestra, ainda que não houvesse necessidade para tal. Estava entre aliados, assim ela esperava.

- Ouviu certo, Ode. - Falou a fada, olhando a outra nos olhos negros. - É uma oportunidade única de incitarmos rebelião entre as linhas dos elfos.

- Estes orelhas-redondas não têm a menor capacidade de agir contra um exército de elfos. - Contrariou Malthus. Um adversário persistente, aquele. Junto a Ima Fura-Coração.

- Ainda não os vimos em combate, não podemos afirmar com certeza. - Ela defendeu os humanos. - Eles, ao menos, parecem confiantes. Além do mais, estou disponibilizando minha Guarda Real para fornecer-lhes proteção mágica.

- E por que não enviar uma guarnição de magos feéricos? - Ima esbravejou. O que diabos a rainha das Fura-Coração estava fazendo ali, afinal? - Por que fadas que sequer experimentaram uma batalha na vida?

- Isso não é verdade e você sabe, Ima. - Fedra enfrentou seu olhar odioso. - Minhas tenentes são experimentadas e poderosas. Mas estes elfos raramente enfrentam fadas, não estão prontos para nossa magia. Feéricos, bem, eles enfrentam toda vez que a Aliança os encontra no campo de batalha. Já sabem como contrariar seus feitiços e artimanhas.

- E você liderará o ataque? - Perguntou Ode, a única que não parecia decidida a recusar a ideia imediatamente.

- Não, ó Matriarca. Pretendo que minha mais confiável tenente o faça em meu lugar. - Eisa certamente faria um excelente trabalho em auxiliar as forças humanas. - Quero poupar as forças principais da Aliança. Se algo der errado, nossos exércitos permanecerão intactos.

Não era uma mentira completa. Se a tropa humana, junto às fadas, fosse repelida de Linea e destruída completamente, ainda restaria à Aliança todo o contingente de bruxas, feéricos, midgellers e outros. Caso desse certo, no entanto, seria um recado muito bem enviado a todos os elfos, seus escravos e até mesmo aos aliados das fadas. Aqueles que eram considerados fracos demais para combater estavam prontos para a guerra e podiam destruir uma das principais fortificações dos Treze Reinos.

Um ataque a Linea era corajoso, talvez estúpido, mas com a legião do Duque longe da cidade, talvez a guarnição estivesse enfraquecida o suficiente para possibilitar um ataque rápido e devastador. Não havia forma de sustentar um cerco, no entanto.

- Suponhamos que a Matriarca autorize esta loucura. - Começou Malthus. - Qual é, exatamente, a mensagem que quer transmitir aos nossos inimigos?

- Não aos nossos inimigos, somente. - Respondeu, reunindo toda a calma que conseguiu em suas palavras. - Para os escravos também. Se destruirmos a cidade com seus iguais, a palavra irá se espalhar e, em meses, teremos por todos os Treze Reinos escravos ansiosos pela oportunidade de fazer aos seus mestres o mesmo que faremos em Linea.

- É uma ideia interessante. - Admitiu Ode, a aliada mais improvável de Fedra naquele jogo político.

- Não foi você mesma, fada, quem se opôs ferozmente ao ataque em Alis? - Ima Fura-Coração era como uma pedra em sua bota. A Rainha estivera, no entanto, esperando por aquela pergunta.

- Sim, Ima. - Respondeu. - Pensei que a resposta dos elfos àquela batalha seria mais rápida e mais violenta do que a que se apresenta.

- Nossos batedores informam que um gigantesco exército se une ao herdeiro de Alis em busca de vingança. - Comentou Malthus, casualmente.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora