LXXXI. Em Marcha

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— Onze mil, duzentos e trinta e sete, Majestade. — Glem, general da Terceira de Parsos respondeu.

— Quantos Vélis levou e para onde ele os levou? — Não queria perder tempo com perguntas inúteis e comentários fúteis.

— Vélis leva cerca de quatro mil. Foi o que o conselho aconselhou. — Quem respondeu foi um dos outros generais, que provavelmente estava presente no encontro. — Ele os leva para Linea, onde os Treze Reis estão juntando suas forças.

— Doze Reis. — Ela consertou. — Parsos não vai com eles. — Os olhares que recebeu eram de surpresa e até medo, mas ninguém ousou contestar. — O caminho mais lógico seria seguir pela costa norte até o rio Délcio e, então, para as montanhas.

— Exato, Alteza. — Glem disse. — Ao menos foi isso que Vélis disse que faria na última carta enviada. — O elfo fez uma pausa, fechando a mão e batendo contra a mesa. — Não acredito que confiei naquele imbecil.

— Esqueça isso. — Dalária tentou acalmá-lo. Não precisava que seus generais ficassem tão nervosos quanto ela mesma se sentia. — E não precisa enfeitar suas falas com pronomes de tratamento. Todos aqui sabem quem eu sou.

— Sim, senhora. — O elfo parecia sem graça, mas recuperou rapidamente a postura.

— Se acelerarmos a marcha, quanto tempo até alcançarmos o maldito?

— Se bem conheço Vélis, — Morleen, a única fêmea na cabana além de Dalária, falou — ele vai tentar mostrar para os outros que Parsos não se curva às demandas dos outros reinos. Deve prosseguir calmamente pelas planícies, sem forçar muito suas tropas.

— Pelo que ele disse na última carta, calculo que podemos alcançá-lo antes da travessia do Délcio, impedindo também a chegada de reforços. — Glem completou o pensamento da elfa ao seu lado.

— Acha que ele tentará atravessar na foz? — Para isso, precisariam de barcos, pensou Dalária. —  O mais fácil seria seguir até Atmos onde o rio é mais estreitos e há pontes em abundância.

— Isso alongaria a viagem em quase dois dias. — Glem apontou para a cidade referida no mapa à sua frente. — Se tivesse barcos, eu atravessaria.

— Acho seguro presumir que ele os tem. — Outro dos generais falou. — Linea quer juntar logo esse exército, seja lá qual for o motivo. Provavelmente está enviando barcos para a foz neste exato momento.

— Linea comanda as tropas? — Era estranho que um duque assumisse controle sobre os exércitos de reis.

— É ele quem assina e sela todas as cartas.

— Estranho, mas não completamente incompreensível. — O duque era um general habilidoso, afinal. — Mais uma coisa: Vélis sabe que eu voltei?

— Não, Majestade. — Glem pareceu arrependido do tratamento no momento em que o disse. — Se soube, não foi pelas mãos de ninguém que está aqui presente. Assim que soubemos da traição, evitamos o contato, respondendo o mínimo possível de suas perguntas.

— Pois continuem a respondê-las. — Dalária respondeu. Ela pôs uma mão no queixo, pensativa, enquanto olhava para o mapa. Se conseguisse atrasar Vélis... — É melhor que ele continue a pensar que está no comando. Do contrário, pode acelerar a própria marcha.

Tentando pensar o mais rápido possível, a Rainha calculou as distâncias no mapa. Havia vários lugares no caminho que seriam bons palcos para a batalha, mas a escolha teria que ser cuidadosa e provavelmente levaria mais tempo do que tinham para ficar parados ali.

— Enviem batedores para encontrar o exército dele. — Ela falou, por fim. — Quero saber sua localização exata para que possamos planejar a batalha. Enviem a cavalaria um dia para o sul, caso seja necessário atacar o flanco. Levantem o acampamento assim que possível.

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora