XVIII. Santuário

Începe de la început
                                    

Quanto ao tumulto no centro do Santuário, aos pés da estátua, ela teve que caminhar alguns passos para entender o que acontecia. Uma fêmea anã, mais alta que os machos ao seu redor, se erguia sobre um prisioneiro elfo e mantinha a espada apontada para seu pescoço. Completamente nua, seus seios pesados e flácidos balançavam conforme ela se mexia sob o comando da batida de tambores que ecoava pelo salão. Em ambos os lados dela, dois machos encaravam solenemente o prisioneiro, claramente esperando por sua vez de participar daquele estranho ritual. Eles seguravam o que pareciam ser vasos de vidro esverdeados, todos vazios, esperando por qualquer que fosse o conteúdo.

Outras fêmeas tinham se posicionado atrás daquela que parecia ser a estrela principal do evento, todas vestidas de branco e encarando o vazio sem qualquer expressão nos rostos. Atrás delas, o centauro segurava sua lança exatamente da mesma forma como fazia no mundo presente. O que impressionou Azar não foi a nudez da fêmea, as sim a similaridade entre todos aqueles anões. Os mesmos traços, os mesmos pelos corporais - até mesmo nas do sexo feminino - e até mesmo a altura, salva a óbvia diferença entre machos e fêmeas, era similar.

A batida dos tambores foi ficando mais rápida gradativamente, juntamente com o rebolar das anãs, que começaram a cantarolar baixo quando os percussionistas tinham acelerado o suficiente. Conforme tudo ficava mais rápido, a bruxa pôde perceber as expressões nos rostos dos espectadores, todos ansiosos e atentos. Num crescendo, a música ficou mais alta e forte, as batidas cada vez mais martelando contra as paredes do Santuário e reverberando em sua estrutura. Era um cântico mágico, que penetrava a terra muito além do que os olhos podiam ver.

Quando os tambores batiam a uma velocidade que parecia impossível todos na sala pareciam prestes a ter um ataque de nervos. Num movimento repentino, os dois machos que seguravam os vasos se moveram, jogando uma fumaça negra sobre o elfo. Simultaneamente, a canção e a percussão pararam, criando um curto período de tensão onde todos os presentes prenderam a respiração, antes que a sacerdotisa - só podia ser uma sacerdotisa, concluiu a bruxa - abaixasse a espada e cortasse a garganta do prisioneiro, a espada atravessando suas veias como se não fossem nada, derramando sangue no chão abaixo de seu corpo enquanto o elfo cuspia o líquido vermelho pela boca.

Assim que o gorgolejar de sangue parou e os músculos pararam de se debater, os dois machos se moveram novamente. Ninguém na platéia ousava sequer respirar. A tensão era palpável no ar. Os sacerdotes entoavam palavras estranhas conforme posicionaram os dois vasos sobre o corpo do elfo, um sobre a garganta dilacerada e outro sobre a região pélvica. Ninguém se moveu antes que eles terminassem seu serviço, retirando os vasos - ainda vazios - e colocando-os sob a lança do centauro.

- Uma vez inimigo dos povos anões, - começou a falar a sacerdotisa, estendendo os braços para o alto e revelando, de uma vez por todas, que tinha tantos pelos corporais quanto os machos ao redor seu redor - o que uma vez lutou contra nós, agora lutara por nós. Que Yogglteír o receba sob seus braços! - Ela fez uma pausa, esperando que suas palavras atingissem a todos os presentes da forma desejada. - Seja bem-vindo à horda!

-Bem-vindo à horda. - Falaram todos, em uníssono.

Nauseada, Azar desabou no chão, interrompendo propositalmente a ligação com o passado. Após cuspir bile no chão de pedra negra, ela se levantou novamente e encarou as bruxas e os escravos, cujas faces não podiam estar mais confusas. Quanto tempo ficara alheia ao mundo presente? Parecia uma eternidade, mas ela sabia não tinha se passado tanto tempo. Sua Segunda Visão a permitia ver o passado, mas o tempo presente continuava seu caminho normalmente para todos a sua volta.

- O que foi isso? - Perguntou Asmin, finalmente. Os orelhas-redondas se distanciaram um pouco da Fura-Coração quando ela se aproximou das outras bruxas.

- Qual o problema? Eu estava somente olhando para o passado. - Azar respondeu, sem entender o porquê daquela cautela e das expressões exageradamente confusas e assustadas.

- O que era aquela fumaça preta? - Dreika indagou. Agora quem estampou confusão no olhar foi a própria batedora.

- O quê?

- Quando você se aproximou da estátua, falou um nome estranho e começou a exalar uma fumaça preta. - Asmin, que parecia estar menos amedrontada que os demais, explicou.

- Yogglteír era o nome? - Azar perguntou, para a resposta positiva da loira. - Não sei de que fumaça estão falando, mas o nome é de um deus dos anões.

Era estranho, pensou a Fura-Coração consigo mesma. Nunca tivera momentos como aquele em que falara durante uma de suas visões; ao menos não de forma consciente. Ela encarou as bruxas e, então, a estátua do centauro. O que a intrigava, acima de tudo, era a tal da fumaça. Seria a mesma que os sacerdotes tinham jogado sobre o corpo do elfo?

- Bem, o que quer que tenha acontecido aqui, não importa agora. - Anunciou, finalmente. - Seguiremos imediatamente para a Gruta. Talvez lá encontremos respostas.

Asmin e Dreika concordaram. Os orelhas-redondas pareciam ansiosos para deixar aquele lugar de uma vez por todas e, apesar de não quererem aproximar-se muito de Azar, não pareciam dispostos a abandonar a companhia das bruxas. Juntos, os cinco deixaram o Santuário, que foi selado novamente sob seus pés, e seguiram novamente para oeste, na direção da Floresta Negra.



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*Este capítulo possui 1615 palavras*

Fura-Coração (COMPLETO - EM REVISÃO)Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum