Capítulo 56: Viagem ao Passado

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— Você sabe que a Seline não bate bem da cabeça! — Falou querendo gritar, mas se controlou respirando fundo. — Eu vou acompanhar seu corpo quando você for. Não quero que nada de ruim aconteça.

— Vamos daqui a pouco, na cabana tríade. — Respondi e os olhos dela brilharam. — Mas não quero deixar minha mãe sozinha.

— Ela pode ficar com aquela sua gata que você nem cuida. Falar nisso, eu não a vejo há uns dias.

— Será que ela morreu? — Perguntei assustada, mas tia Ellie deu de ombros.

— Se morreu é culpa sua. — Falou se afastando. — Enfim, até daqui a pouco.

Depois que tomei banho e me arrumei, demos uma desculpa esfarrapada para minha mãe e saímos de casa, em direção à floresta Sweet.

— Jasper quer que eu conheça os pais dele, mas não sei se eles vão gostar de mim. — Falei enquanto caminhávamos.

— Primeiramente, quem tem que gostar de você é ele. Os pais dele vão ter que aceitar, mas não seja tão negativa. Eles podem gostar de você mesmo não sendo do mesmo nível que ele.

— Obrigada pela sinceridade. — Agradeci, e ela ficou quieta. — Minha mãe falou que você está namorando, é verdade?

— Namorando? — Questionou surpresa. — Não. Ainda não.

— Ainda? — Rio com seu comentário.

— Só conhecendo. Seu tio morreu não tem muito tempo, mas só para constar, eu não o matei.

— Aham.

— A pessoa que eu estou "conhecendo" é bem interessante. Ele não é de Saint Luna, mas quem sabe um dia eu não leve você e sua mãe para conhecê-lo.

— Por mim tudo bem. É legal ver que você está tendo a oportunidade de conhecer outras pessoas, sem envolver esse... mundo sobrenatural. — Disse e ela concordou com a cabeça. — Você tem quantos anos mesmo?

— Trinta e três. — Assumiu quando entramos na floresta. — Mas finge que eu tenho dezenove.

— Okay.

Andamos mais um pouco até chegarmos na cabana. Eu sabia que Ellie já tinha estado ali na sua época, mas não sabia que ela sentiria tanta falta. Ao nos aproximarmos, abri a porta e deixei ela entrar primeiro.

— O que sua tia faz aqui?

Seline perguntou curiosa, e vi que não éramos as únicas que estávamos ali. Nantai, a neta de Aylen, também estava.

— Ela pediu para me acompanhar. Não tem problema nenhum nisso. — Falei e ela deu de ombros.

— Vamos começar. Vai ser um pouco mais difícil do que quando foi com Seline, porque ela automaticamente foi parar no labirinto. — Disse Nantai acendendo algumas velas. — Tentem voltar o mais rápido possível.

— Não pode ser tão ruim quanto o meu. — Seline falou dando de ombros.

— Quando Jesse e eu formos, vamos continuar juntas ou vamos nos separar? — Perguntei para Nantai.

— Depende só de vocês.

Olhei para Ellie e, apenas com seu olhar, ela me encorajou a seguir em frente. Jesse e eu nos deitamos no chão, dentro de um círculo de velas que Nantai havia acendido.
Confesso que estava bastante nervosa, tinha medo de algo dar errado. Eu precisava ser corajosa, precisava seguir os desafios.

Nantai começou a falar algumas palavras, que deixaram Jesse e eu sonolentas. Como uma anestesia, eu caí no sono sem ao menos perceber.
Assim que acordei, levantei meu corpo e tentei enxergar. Eu estava em uma cama como se estivesse em uma casa normal, mas estava tudo bem escuro. Não havia janelas, apenas uma única porta para fora daquele cômodo.

— Ainda bem que você está aqui!

Suspirei aliviada quando Jesse acordou ao meu lado. Ela estranhou o lugar como eu, mas logo levantou da cama também.

— Estamos em uma casa? — Questionou olhando ao redor.

— Tudo indica que sim. — Falei me aproximando da porta. — Vamos sair daqui.

Jesse veio logo atrás de mim, e quando abri a porta, vi um extenso corredor escuro. Tentei fazer com que uma chama de fogo aparecesse na minha mão para iluminar o lugar, mas os poderes não funcionavam.

— Vamos seguir o que conseguirmos. Qualquer coisa a gente corre.

Andei pelo corredor, encostando as mãos nas paredes para não tropeçar ou cair em algo. O corredor era muito grande, mas teve uma hora que eu não senti mais a parede ao nosso lado.

— Acho que tem um caminho. — Falei tentando enxergar.

— Na verdade tem dois. Dois corredores opostos, só precisamos decidir em qual seguir. — Ela falou esperançosa.

— Não vamos nos separar. — Pedi, e quando estendi a mão na sua direção, senti outra parede. — Jesse?

— Alice? — Gritou do outro lado. — O que aconteceu? Onde você está?

— Não é possível. — Sussurrei em pânico, tocando a parede que nos impedia de ficarmos juntas.

— Tudo bem, não surte. Vamos fazer o seguinte, você segue para esse lado e eu para o daqui. Vamos tentar nos reencontrar, mas toma cuidado.

Era apavorante a ideia de que eu não pudesse voltar dali. Aquela mansão escura e enorme me deixava mais apreensiva. Pelo menos Seline conseguia enxergar na floresta macabra dela.

Okay, vamos lá.

Andei na direção em que fui posta. Respirei aliviada quando um candelabro com uma vela acesa.
Tudo parecia cenário de filmes medievais, como castelos com velas e monstros adormecidos. Aquele não era o melhor momento para se pensar aquilo.
Iluminei o caminho à minha frente e comecei o seguindo. Cheguei em uma porta de madeira, aparentemente comum. Nela, tinha um quadro escrito "você mudaria o que mais te corrompeu?"

Aquilo era um enigma, algo que eu conseguia desvendar muito bem.
Abri a porta aos poucos e me assustei com o lugar. Prendi a respiração quando vi que era a antiga sala de experimentos do meu pai, onde ele me usava de cobaia. Tudo estava exatamente no mesmo lugar como antes, cada detalhe.

Entrei aos poucos, me segurando para não virar e sair correndo. Eu precisava passar por aquilo, não só por mim. Tia Ellie confiava em mim, não iria desapontá-la.

— Alice? Que bom que chegou, preciso da sua ajuda.

Um homem com o uniforme sujo de algumas substâncias, surgiu de trás de uma das máquinas. Meus olhos vidraram nele, sem poder acreditar que era real. Meu pai estava ali, bem na minha frente, e não parecia uma alucinação.

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As Fases Da Lua - Bruxas & Assassinas [CONCLUÍDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora