Capítulo 26: Uma Aventura no Necrotério

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— É uma pena estarmos em um lugar cheio de gente morta. — Respondi em tom de deboche, quase esquecendo nosso real foco. — Temos uma hora até o eletricista chegar. Rose disse que ficava no andar de cima, então sejamos rápidos! Aliás, eu tenho um compromisso essa noite, não posso demorar.

— Espero sair daqui o mais rápido possível. — Afirmou quando chegamos ao topo da escada.

Haviam quatro ou cinco portas espalhadas pelo corredor, sendo cada uma um caso específico. Na terceira porta havia uma placa indicando que eram os corpos em análise investigativa, então presumi que Audrey estivesse lá.

Sorte que a porta estava aberta, porque eu não conseguiria fazer a mágica com os grampos que a Alice faz. Entrei lentamente na frente de Alexander, que carregava a lanterna.

— Seline, olhe os corpos e veja se algum é o de Audrey, enquanto isso eu vou procurar documentos sobre a morte dela.

Assim como ele pediu, tirei pano por pano por cima dos corpos nus e pálidos dos mortos na minha frente. Eles fediam e estavam com leves cortes por todo o corpo, mas nenhum era o de Audrey. Andei mais um pouco e puxei o último pano. Deus me perdoe, mas ela estava horrível!

— Encontrei a garota. E agora? — Perguntei observando Alexander pegar uns papéis que estavam guardados dentro de umas gavetas em armários extensos no canto da sala.

Alexander puxou um envelope em específico e guardou os outros. Ele se aproximou de onde eu estava e analisou o corpo de Audrey. Seu corpo estava limpo, mas ainda marcado pela tortura que sofreu. Haviam manchas roxas pelas coxas e pelos braços, uma grande abertura atrás da cabeça e a garganta cortada profundamente.

— Acho que aconteceu muita coisa além do assassinato. Olhe o buraco atrás da cabeça dela. O assassino deve ter acertado com algo e ela caiu, talvez ainda viva. Depois usaram uma faca para cortar o pescoço, e espancaram-na por todo o corpo, por isso as marcas roxas.

Fechei o corpo de Audrey com o pano que a cobria e rezei mentalmente para que ela tivesse ido para um bom lugar. Ninguém merecia ter um final daquele, e eu não entendia como o ser humano era capaz de certas atrocidades. Queria que Audrey tivesse conseguido escapar e matasse quem a fez mal com as próprias mãos, como uma velha história que eu conheço.

— Vamos? — Chamei Alexander e ele concordou.

Passamos pelos outros corpos e senti algo gelado encostar na minha mão. Meu coração deu uma leve parada. Não era possível que justamente lá, o fim do mundo começaria. Dei um grito e agarrei Alexander, que estava do meu lado e acabou deixando a lanterna cair.

— O QUE FOI? — Ele gritou de volta assustado enquanto eu respirava ofegante e talvez, apenas talvez, com medo.

— EU SENTI ALGUMA COISA GELADA ENCOSTAR EM MIM. OS MORTOS ESTÃO ACORDANDO! — Gritei em desespero e notei que ainda estava agarrada ao braço de Alexander. O soltei aos poucos, um pouco constrangida e o vi se abaixar e pegar a lanterna do chão.

— Não é nada, sua maluca! De tanto você tirar os lençóis dos cadáveres, a mão de um escorregou coincidentemente e tocou você. — Respirei aliviada. — Vamos embora antes que você tenha um ataque de verdade.

— Só se você deixar eu carregar a lanterna. — Ele revirou os olhos e me entregou a lanterna. Quem mandou não ter levado duas?

As Fases Da Lua - Bruxas & Assassinas [CONCLUÍDO]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora