UM SEGREDO, UM DIÁRIO E UM PEDIDO AO TEMPO

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Não gosto de datar as coisas que escrevo a você, meu caro, doce e fiel amigo diário. Vejo datas e números como uma forma de manipular as coisas, pessoas o mundo que, tão belo, não precisa de ser comemorado a sua existência. Temos que ama-lo e, em toda sua grandeza, sentir o simples prazer da vida. No entanto, hoje, sinto uma necessidade absurda de escrever e pôr a data, então, assim farei — confesso que a minha repudia sobre datas está mudando! Estar com Antônio tem me feito ser uma mulher que olha mais para dentro de si, e busca externar o que mais me dar prazer.
Hoje é dia vinte e quatro de dezembro de dois mil e vinte e dois, mas a data que quero computar, é dia dezenove para vinte, deste ano que me trouxe muitas felicidades.
Esta manhã, sentada no tapete felpudo da minha mãe, esperando ela acordar para fazermos a ceia de natalina, me encontro feliz. Com uma leveza tão mágica que, sinto a brisa bater em minha face imaginando-me a Jasmim abraçada ao seu amor voando sobre a noite reconfortante de Agrabah.
O relato que venho transcrever começou em uma tarde ensolarada — nada incomum no meu Rio de Janeiro — mas esta estava reservada a ele, o homem que tem criado fantasias em meus sonhos e me permitido realizar sem medo. Neste dia 19, não houve muitas surpresas: marcamos para conversar no parque Laje. Foi tudo ótimo. Nos ouvimos, ele me confessou que passaria o Natal com a família. Ele, tão fofo, achou que eu iria ficar chateada por descumprir o trato de passar esta data comigo. Logo eu, que não sou dessas coisas capitalistas criadas para exaurir tudo do pobre consumidor. Claro, o que ele realmente ficou reflexivo, foi por quebrar uma promessa.
Não sou de quebrar contratos, principalmente os verbais que fazemos a quem temos grande estima, mas para ele, vi em seus olhos, que era algo mais significativo. Em outra ocasião, talvez eu pensasse em lamuriar, porém, jamais pelo motivo que ele carregava: ficar ao lado do filho e fazer-lhe o esforço de ficar com sua ex-esposa soberba. — Lavo a minha boca com sabão e pimenta. Como dizia minha avó. Quando falávamos coisas ruins a cerca de alguém ou palavras de baixo escalão. Me perdoe vozinha, mas não consigo ter apreço por esta mulher de cabelos pintados que renega suas origens.
Voltando. O consolei. Disse para não se preocupar, que tudo bem, que isso e aquilo... então ficamos bem. Passeamos, brincamos, sorrimos — impossível um ser nesse mundo não sorrir com este homem. Ele é carismático, bem-humorado e tem piadas engraçadas na cartola. Eu amo muito essa parte.
A hora passara e tínhamos que ir. Ele sugeriu uma coisa que eu sabia que não se demorasse, mas, apesar de prever isso, fiquei nervosa. A minha vontade foi de correr até não poder mais. Atravessar as águas que separam o município do Rio de Janeiro de Niterói. Nadando como peixe. Mas... me diz, como recusar um pedido de uma pessoa que tem os olhos brilhando, um sorriso simples sem abrir a boca e as mãos firmes segurando as minhas?
Na casa dele, aconteceu o que eu já sabia que aconteceria, me travei. Senti que devia contar pra ele o porquê eu estava tão nervosa. Ele, no início, pareceu não entender. Porém, o homem que me apaixonei tomou a situação: foi compreensivo, amigo; sugeriu irmos ao mercado, compramos guloseimas e pusemos um filme romântico que, de tão chato, ambos dormimos. Despertamos em algum horário na madruga. Eu queria muito que ele tivesse prazer. Eu sou mulher ao cubo e sempre defendo o prazer do casal. Acho injusto o homem ter o prazer dele e nós não, se quer, sabermos o que é orgasmo. Nesta noite, eu tinha o desejo, a vontade de sentir e dar prazer, mas a trava psicológica que amarrava com um nó de marinheiro. Ele não podia levar a culpa por isso. Gentil, me passou uma confiança maravilhosa. Cheguei a conclusão que ele nunca me faria mal, não me atacaria ao dormir, como já aconteceu com um Ficante idiota que, se eu não tivesse acordado, ele teria me violentado. A impaciência de certos homens, é a fama da maioria e impede a crença feminina. Na verdade, antes do Antônio tinha a famosa frase que todos os homens odeiam ouvir: todos os homens são iguais.
Eu fui atrevida. Queria, de alguma forma sentir este homem nu sobre o meu corpo, mas não conseguia a chave do destravar da mente. Me deitei nua e pedi que fizesse o mesmo. Eu pensei "se ele não me atacar agora, este, sem dúvidas, é o homem da minha vida". Foi um jogo infantil e perigoso. Pois se eu estivesse errada, seria mais uma nas estatísticas.
Antônio, assim como eu, não é sarado, gordo ou muito magro. Ele tenta, para exemplificar o filho, manter hábitos saudáveis. Seu corpo é lindo, uma beleza natural sem tirar nem pôr. E por isso, eu caí na própria armadilha. Quando o vi nu, com seu membro latejando e me olhando com ternura — é sério: que homem no auge do tesão olha uma mulher com ternura? Isso é coisa de livro, ou melhor, coisa do filme chato que nem vimos. A visão desta entidade africana parada em minha frente me causou uma reação em cadeia voraz. Uma coisa quente iniciou nos meus pés, fiquei com uma coceirinha que me fez roçar os dedos uns nos outros, depois os pés uns nos outros. A coisa foi subindo, meus joelhos, minhas coxas até chegar na virilha e me fazer pôr as mãos entre as pernas. Não me masturbei porque não deu tempo. Esse calor estrondoso continuou me dominando e num surto que, se me perguntassem na hora não saberia explicar, voei como um gavião em sua presa.
Esse lado que ele viu nesta noite, foi tão novo pra mim, como para ele. Quando me deparei, estava com a boca na cabeça do seu pênis. — Agora que estou escrevendo, me sinto envergonhada, mas nesta noite, só senti volúpia. — Fiz coisas que nem mulheres profissionais fariam com tanta maestria, pois eu fazia para o homem da minha vida. Me lambuzei, chupei, até mordidas eu dei — espero não o ter machucado —. Quando ele estava prestes a gozar, acelerei e o fiz deixar o seu líquido da vida adentrar a minha garganta. Sempre tive nojo dessa coisa que os homens jogam por aí como saliva. Mas naquele momento, eu, desequilibrada pela libido, só pensei em senti-lo dentro de mim. Não era o que eu queria exatamente, mas foi o que consegui dialogar com a minha fobia. Eu não deixei nenhuma gota fugir. Limpei tudo. Até suguei para ver se saia mais. Adorei quando fiz isso, pois ele parecia enfraquecido e sentiu cócegas no seu músculo peniano. Foi engraçado o ver mole e sorrindo querendo me impedir de repetir o ato.
Depois disto, o deitei na cama, ele queria dizer algo, mas não deixei. Deitei em seu peito, senti a palpitação fervorosa do seu coração e sorri imaginando que, ao menos uma vez, pude dar prazer sexual a um homem.
Esta história não é tão incomum para você, meu querido amigo, mas essa foi a introdução do dia dezenove. O que aconteceu no dia vinte sim, ahhh... isso sim foi digno de presente de Natal.
Não sei que horas são agora, só sei que levantei, olhei o sol radiante e resolvi escrever, mas talvez minha mãe tenha acordado. Vou vê-la. Caso ela esteja dormindo, termino essa história que mudou a minha vida sexual para sempre.
Por enquanto é só, mas o levo dentro de mim...

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