QUILOMBO DAS MARGARIDAS

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No alto do morro verde
Pessoas brotavam como flores
Não flores de verdade
Mas um refúgio para suas cores

Nesse mundo repleto de vida
Esses residentes encontraram paz
Comida em abundância
Mas o foco eram as margaridas no solais

Como ouro reluzindo a luz do sol
Essa beleza natural crescia sem igual

- Somos gratos aos ancestrais!
Uma anciã contava para os demais

- Temos que cultivar a terra e viver em harmonia.
Ensinava para este Quilombo, que aprendia com alegria

Um senhor de branco apareceu
Apresentou-se para a anciã
Que de braços abertos o recebeu
Lhe abraçando como irmã

- Eu vim da Pátria Mãe, a África de todos os cantos e campos.
Ele dizia.

- Eu lhes trouxe um presente, uma semente. Plante-a sem heresia.

A semente era uma bola grande
Do tamanho de sua mão
Uma cor brilhante e magnífica
Semelhante ao fruto jamelão

- O tempo sombrio, um dia os assolará, mas com a nascente desta semente, uma saída para liberdade surgirá.

- Plante-a no pico da montanha
Entre as margaridas. E quando precisares, virá uma luz vital em forma de guia espiritual.

A anciã mostrou ao seu povo
E quis apontar de quem ganhou
No entanto, o Preto Velho com o vento se dissipou

No jardim amarelo
A semente foi plantada
E com o passar dos dias
Uma distinta árvore era apresentada

Em um dia chuvoso de verão
A anciã partiu
Foi enterrada no Jardim das Margaridas
Pois foi o ultimo ato
Que do coração deferiu

Anos depois
A semente metamorfoseou um Baobá
Uma árvore africana tão grande
Quanto os países que vivem lá

Meses trevosos chegaram

O outono
Ventanias como vendavais
O inverno
Frios glaciais
A primavera
Ar seco de causar aversão
O verão
Quente como vulcão

Alguns rezaram para o Baobá
Crendo que ele poderia ajudar
Outros diziam que era lenda
Que uma árvore é somente uma árvore
Sem poderes dar-lhes uma prenda

O tempo continuou passando
E a tristeza aumentando

E para piorar

O Quilombo das Margaridas foi descoberto
E estranhos armados não gostaram de vê-los libertos

Então os escravizaram

Os deixaram sem comida
Dentro de uma ignorância sem remuneração
Para não pensarem no pós vida
Ou em sua religião

Por muitos anos viveram para chorar e se lamentar

Houve muitos gritos, fugas e brigas
Porém a história danava a ser repetida

Um dia
Um dos jovens escravizados fugiu para o antigo Quilombo das Margaridas
E de baixo do Baobá
Dormiu três dias e três noites
Sendo acordado por uma luz incandescida

Como um sonho
O garoto despertou
Estava mais forte e inteligente
Determinado a tirar seus irmãos do terror

Aos poucos
Ele foi libertando outros
E lhes ensinou a se fortalecer

E depois de dias
Com o Quilombo restaurado
Todos eram dignos de se defender

Armados como guerreiros africanos
Desceram o morro para ajudar seus conterrâneos

- Somos livres.
Uns bradavam.

- Juntos somos mais fortes.
Outros completavam.

Após muitas batalhas
O lindo povo de ébano venceu
Instruiu com união e sabedoria
Foi assim que seu povo floresceu.

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