EPÍLOGO PARA O ATO...

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– Meu, hoje marido, me fez uma proposta indecorosa. Quando ele começou a falar, já me senti ofendida e queria mata-lo – claro que digo figurativamente! Ele veio com um assunto estranho sobre eu ter tudo que eu queria, que realizaria meus sonhos. Vinha a minha mente que ele estava me tratando como uma prostituta, que poderia me comprar com seu dinheiro sujo. Eu jamais trairia os meus princípios por dinheiro. Tudo que fiz até aqui, foi com minha honra intacta.
Honra intacta. Maria não acreditou que tais palavras saíram da mulher que estava nua ao seu lado contando sobre a sua vida e ao mesmo tempo tocando em suas partes íntimas e desejando loucamente com os olhos sedutores.
– Dinobrega, seu patrão, é um homem atraente. É notável sua estirpe. Você já deve ter notado que ele sabe usar bem as palavras. A forma com que ele fala tornando as coisas fáceis é impressionante. Creio que isso seja um características dos empresários: saber colocar as palavras na métrica perfeita para conseguir o que deseja. Sentada querendo a minha paz de espírito, ele me atentou ao seu desejo. Nem com as minhas melhores especulações eu pude adivinhar o que era. Ele realmente estava atraído por mim, isso não é difícil de acontecer, causo isso nos homens, mas nele foi mais que uma atração máscula. Ele, não me pergunte como, me viu além do álcool, da festa, do meu corpo, de todas as pessoas ao redor. Quando enfim ele conseguiu me convencer a ouvi-lo, já que senti que não havia porquê temer. Ele estava na festa dos meus amigos e fiquei sabendo que eu, era, talvez, a única pessoa que não o conhecia por lá. Ele é dono de grande parte do comércio da área da costa verde do Rio de Janeiro. Convencida a ter suas palavras como consolo da noite, ele me explicou que era um amante da luxúria.
Amante da luxúria. Boa coisa não seria, Maria indagou não conseguindo esconder a pergunta colada na sua íris. Ângela notou e já foi diretamente explicando.
– Não, ele não queria me fazer sua prostituta. Ele queria uma coisa que... Ele me queria, de fato, mas não apenas como pessoa. Ele me queria por inteiro. Eu, até este dia, achava que uma mulher só poderia ser do homem, como o homem poderia ser dela. Apenas a troca de sentimentos, ou o forçar de uma relação. Mas não é bem assim. Há outras maneiras de duas pessoas pertencerem uma das outras sem peso, sem culpa, sem que haja um domínio – o sentido de posse, quero dizer! Ele, galante, falava manso que gostava de mulheres, homens, dinheiro, viagens, natureza... Em resumo, a vida em si é para o cenário divino para que façamos o que temos vontade de fazer. Claro, sem ferir ou agredir o próximo. E é aí que o dinheiro entra. Dino me mostrou outra forma de ver o dinheiro. Ele me falou exatamente o que significa capital. Para ele, o dinheiro é a porta do pudor e da paz. Você deve estar achando que ele é um louco e eu também por ter ouvido/acreditado, mas somente ele conseguiria pôr as melhores palavras para que entendesse sem julgamentos. Para Dino, o ser humano é o grão do universo que sonha em ser estrela. Nós criamos, damos nomes as coisas, mas muitas dessas coisas não podemos alcançar. Algumas, até o momento, são impossíveis. Como ir a outros planetas, e outras depende apenas de quê? Dinheiro. Dino procura realizar tudo que pode com dinheiro. Não apenas por seu ego ou desejo humano, mas para o acalanto da alma.

Eu sei, Maria, eu sei. Nem precisa dizer que há loucura, nessa ideia de que o dinheiro pode fazer tudo. Mas... no nosso mundo, o que nós humanos criamos, podemos fazer tudo. Algumas coisas podem demorar como o passeio a outros planetas. Todavia, se quiser ir para outro país, pega-se e paga-se uma passagem e vai. Quer comer algum prato especial, mas não tem grana, se tiver, simplesmente vai a um restaurante ou pede por aplicativo e pronto. Quer ter uma mulher linda para prazer, vai a uma casa de luxúria e se satisfaz. Quer um homem lindo... – bom, com homem é até mais simples. Descobri que os homens não se ofendem como nós com propostas de sexo. Eles fazem até de graça. – Que ingenuidade! Maria, eu não quero te comprar, longe de mim. Como eu disse, te considero uma amiga hoje. Passou pelo teste de fidelidade profissional e também é minha confidente e me sinto bem em trocar momentos da minha vida com você. E eu não estou traindo o Dino. Uma das coisas que ele me disse sobre a vida, é a liberdade de ter e ser quem quiser que sejamos. Assim não há traição, não há culpa, não há o peso de uma relação de ciúmes e sofrimentos desnecessários que o clássico casamento impõe. Eu sou uma mulher livre para fazer o que eu quiser, assim como ele é um homem livre para fazer o que ele quiser.
Ângela se aproxima, fica cara a cara com Maria. Seu hálito de pasta de dentes de hortelã ainda é forte, apesar das horas que tanto explicava a sua história.
– Você, Maria, é uma mulher linda e livre – vai tirando o edredom das mãos da Maria. – Solte-se dessas amarras que a sociedade impõe. Dino me mostrou o verdadeiro sentido da vida. Não é uma coisa piegas dizer isso. Pois hoje me sinto melhor, mais leve. Ele me dá o que quero e eu lhe dou o que quer. Somos um, sem o peso de estarmos acorrentados um no outro. Não morreremos como Prometeu no penhasco da política, e não seremos devorados pelos olhos de águia da sociedade hipócrita.
Seus lábios tocam os de Maria, mas não a beija, seus olhos estão com ternura e volúpia, enquanto os de Maria parecem não piscar; não querem perder um momento desta que lhe devora a cada momento. Maria sente que não pode fechar os olhos, sente que não pode desviar sua atenção, tanto das palavras, quanto dos seus olhos, tanto quanto de suas mãos que já massageiam seu clitóris.
– O Dino me deu uma escolha: continuar me lamentando pelas injustiças da vida. Ou ir com ele conhecer todas as possibilidades que as mãos podem – introduz dois dedos no orifício vaginal de Maria – alcançar. – Vai até o ouvido da Maria, fala baixo, sussurrando. – Liberte-se. – Tira os dedos, afasta-se vagarosamente, a olha, beija os dedos que a poucos introduziu na companheira, lambe-os, põe nos lábios da Maria. Maria não abre a boca, mas também não impede o ato. – Correntes ou liberdade Maria?

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