VEL, GRINALDA E UMA VIAGEM MARCADA

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Há dois estados que o ser humano circunda. Um deles é a prova cabal da felicidade, o outro, em oposição é a prova da tristeza. Uns chamariam de bem e mal, alfa e ômega e por aí vai. A verdade é que isso não importa – não diretamente. A frase quase indubitável da relatividade é que quando há uma pessoa de um lado do mundo sorrindo, do outro lado há alguém chorando.
Tudo foi feito as pressas, no entanto, com muita dedicação dos envolvidos. Os pais da feliz noiva Rosa ajudaram em tudo puderam. Rosa e Antônio não queriam se casar na igreja, mas queriam todo o possível que transparecesse ser um casamento como o qual. Então, em um sítio situado em Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro, fizeram a cerimônia. Contrataram um juiz de paz, alugaram o sítio que mais condizia com seus caprichos e que mais parecesse com um clássico casamento de novela. A beleza natural dos sítios dessa região é famosa pelos moradores, mas o casal não queria um mega sítio ou um que tivesse coisas absurdas, então alugaram um pequeno, porém a decoração foi bem sofisticada. Tinham bancos de ferro como em praças antigas pelos cantos, um coreto branco onde seria travada o matrimônio, em volta puseram muitas cadeiras de madeiras com almofadas douradas, uma rosa artificial em cada assento com uma fita dourada e um pequeno envelope, onde o convidado, caso quisesse, poria uma mensagem para o casal. Às árvores ao redor do sítio, sobre uma grama muito bem aparada já dava a beleza natural necessária para fotos magníficas, mesmo assim, em um dos cantos do sítio, o mais próximo do coreto, o casal resolveu pôr uma cadeira de reis no estilo medieval para melhor fotografar. Assim, tanto eles, quanto os convidados puderam desfrutar do momento.
Dentre os convidados, da parte da noiva, havia, além dos pais, padrinhos, primos e primas, tios e tias, e colegas de trabalho, escola. Já na parte do noivo, só havia Toni de família e todo o resto eram amigos de trabalho, colegas de escola e seus padrinhos e amigos confidentes Ryene e Leandro.
Para o início da cerimônia, pelas laterais do coreto, Toni acompanhou o pai, enquanto Rosa era acompanhada do seu pai. Atrás de ambos, iam seus padrinhos. Ao chegarem, os acompanhantes e os padrinhos se posicionaram na entrada do coreto, enquanto o juiz de paz, que já se encontrava no centro, esperava o casal que posicionou-se em sua frente.
A cerimonia foi rápida e feliz, com lágrimas dos pais da bela noiva Rosa que trajava um vestido branco não muito longo que ia até os joelhos, com um designer moderno, um véu pequeno ela o usou como uma presilha de cabelos que ia do coque no centro da cabeça e caia sobre seus ombros. Nos seus pés, uma sapatilha branca diferenciada sobre medida, tão linda e polida que alguns a chamaram de Cinderela, por ela ser transparente. Rosa a recebeu de presente de sua mãe que tinha em mente que ela deveria se casar com algo especial além do vestido moderno de mangas curtas e um decote sutil. Em suas mãos um clássico buquê de rosas brancas, rosas, vermelhas, amarelas... o Buquê foi o presente de seu pai, a pessoa que escolheu o seu nome de batismo e é apaixonado por essa flor.
Antônio estava belo, mas não tão ornamentado quanto sua futura esposa. Trajava um blusão branco de linho, um blazer bege, calça social branca moderna com elasticidade. Sobre seus pés um brilhante par de sapatos marrons. Seu cabelo nunca esteve tão perfeito. Não havia um fio de cabelo protuberante sobre sua cabeça. Nas laterais, cortou deixando um centímetro exato, em cima cinco centímetros. O salão que fez o corte é no bairro Madureira, e quando o barbeiro, este que ele frequentava regularmente e foi convidado, mas não pôde ir, soube que era para um casamento, ele não só caprichou, como fez questão de pôr uma mistura pessoal; esta que dava brilho e agia com gel.
Para animar a festa com comida de todos os tipos, Antônio contratou um grupo de samba local que conheceu na faculdade. O pequeno palco que cabia apenas os músicos e seus instrumentos, estava na lateral esquerda do sítio. A festa perdurou até as vinte e duas horas. Com muitas musicas, comida, bebida e um casal tão feliz que transbordava segurança de dias primorosos.
A lua de mel do casal não aconteceu no mesmo dia, ou se quer na mesma semana do casamento. Como Toni iria viajar na semana seguinte, decidiram passar três dias em Paquetá em uma casa alugada. Lá passearam por praias e ilhas, passeios de barco. Foi além de um passeio em família, era a melhor chance de todos se conhecerem e criarem um laço familiar que Rosa e Antônio não tiveram a chance de estabelecer. Ao retornarem para o bairro do Meier, Rosa dormiu de um dia para o outro, mas não morando. Deu dois dias para Toni e Antônio, e quando retornou já era o dia pré-viagem. Assim, no dia seguinte, iria com seu marido levar seu enteado.
E assim foi. Toni se encontrara no aeroporto com três amigos que conheceu via internet. Lá, também, chegou Ângela que, secamente, forçando uma simpatia irreal, deu bênçãos ao casal. O que foi uma surpresa para Toni e Antônio, pois nenhum dos dois haviam falado para ela do casamento. Toni cogitou quando conversou com sua mãe, mas sentiu que não lhe cabia essa informação e se calou. E Antônio, já não a via ou falava com ela a muito tempo. Mesmo assim, foi gentil e aceitou as palavras forçadas. Rosa apenas sorriu e assentiu.
Ângela estava sozinha, bem vestida e com uma aparência seria de executiva. Antônio, por uns segundos, se perguntou qual era o trabalho de sua ex. Ela sempre se vestia bem e usava roupas formais, mas neste dia estava com roupas nitidamente mais caras e além de uma pessoa que tem um trabalho similar a uma secretária. Porém, se deu conta que não era sua responsabilidade saber ou ter interesse. Após a ida de Toni, Rosa e Antônio se foram, já Ângela, distante deles se emocionava calada e não viu quando o casal se foi. Já ela, ficou mais um tempo, parecia se preparar para também fazer uma viagem, mesmo com apenas uma bolsa de mão, olhava as sinalizações de embarque.

O QUE NOS FALTA ...🔞Where stories live. Discover now