OLHAR ÁUREO

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Pipoca, suco de laranja, biscoitos processados... Tudo para uma boa noite de filmes.
Já passara das dez da noite quando os créditos de um filme romântico subia na tevê. Rosa e Antônio já estavam sonolentos e não viram o final do filme. Num susto, debruçada no ombro do parceiro, Rosa acordou sentindo que estava com baba na boca. Sorrindo, Antônio notou que ela se limpava rapidamente com receio de estar suja.
— Calma Borboletinha, não está babada.
— Ei, me diria se estivesse, ou riria da situação?
— Bom, digamos que eu riria, mas diria — dá uma pausa — após meu maxilar parar de doer!
— Seu...
— Bobo? Viu, leio pensamentos, sou um metahumano.
— É o quê?
— É uma referência dos filmes que vejo com o Toni.
— Neeerrrdeeee...
— Ei, mais respeito: Senhor Nerd para a senhorita.
— Está bem — faz uma voz divertida —, Senhor Nerd... velhooo...
— Que abuso da sua parte. Eu tenho poderes inimagináveis.
— Sei, sei... Pode me dizer qual o poder de tomar banho, eu estou com muito sono.
— Isso é fácil, você precisa de poderes aquáticos. AquaRosa, ou, Rosáqua. Que tal?
— Então você é o... Senhor Nerdônio... Não, apenas Nerdônio.
— Ih, olha ela, já estamos em outro nível: já estamos nos apelidando doce e debochadamente.
Aos sorrisos, se beijaram. Antônio pegou uma toalha, Rosa tomou banho. Ao retornar, viu Antônio sentado ne beirada da cama, inquieto, pensativo e esperando-a para falarem de onde dormiriam. Rosa, enrolada na toalha preta, sorriu ao notar que estava sendo observada. Antônio, gentil e envergonhado, se levantou.
— Se... achar melhor eu... durmo na sala e...
— Antônio, por favor! Não somos crianças. Eu quero dormir ao seu lado.
— Sim, claro... eu... vou tomar banho, por favor, fique a vontade.
A forma que Antônio falou com Rosa, a deixou ruborizada. Antônio não era o cara mais seguro do mundo, mas costuma esconder tudo através do prisma do humor, mas agora, estava sem palavras ao vê-la seminua. Somos todos adolescentes na primeira vez, lembrou da conversa que tiveram horas atrás.
De volta ao quarto pós banho, Antônio encontrou Rosa já deitada com o seu celular na mão checando mensagens. Ele, vestido com uma regata branca e um short, sentou na cama e perguntou se ela queria algo, inclusive alguma roupa emprestada. Negando, disse que talvez em outro momento. Rosa pediu que Antônio deitasse ao seu lado, como ela estava: nua.
— Não quero que sinta que não quero, mas não quero ser pressionada. Eu... se quiser, eu posso fazer "algo" por você.
— Não precisa fazer nada, se não for recíproco. Quero e... como vê pelo meu short, estou excitado. Mas é uma reação involuntária. Vamos deitar, apenas.
Antônio se despiu e deitou com Rosa. Trocaram caricias e até tocaram em suas genitálias. Rosa transpareceu desconfortável com o toque. Antônio parou e ficou acariciando sua face.
— Eu só quero você. Se tiver que ser apenas o amor e não a física, que seja. Eu aprendo a te amar por amar quem és, e não o que pode me oferecer.
— Eu...
— Não precisa se explicar novamente. Está tudo bem.
— O que sente por mim é...
— Amor. Sim eu te amo. Sei disso a um tempo, mas agora, disposto a ter o seu carinho pra sempre, sem nada da carne, me sinto seguro para dizer em voz alta. Eu te amo Rosa.
Rosa sorriu docemente, foi para cima do enamorado Antônio, sobre ele, ficou uns segundos trocando olhares e o beijou. Após separarem os lábios ela o abraçou forte, suspirou, voltou a fitar e respondeu.
— Eu te amo. Amo a criação do passado e o adulto bem-humorado.
— Olha, rimou — sorriram.
Tudo que Antônio queria, desejava do fundo do seu coração, era vê-la feliz. Queria degustar do seu sorriso, não um sorriso qualquer, este que controlamos por educação, ou até um sorriso externado por uma piada suja. Antônio sonhava com um sorriso puro, mas não ingênuo. Queria um sorriso destes que nos descontrolamos. Um sorriso que, sem notar, fazemos caretas, ficamos fracos, sentimos dor na mandíbula, um aperto abdominal e buscamos massagear com as mãos, perdemos a coordenação motora, sentimos o relaxar dos músculos e choramos de alegria.
Um sorriso tão distinto que apenas os apaixonados tem a recíproca. Ainda assim, um não sorri como o outro. Pois de um lado há um carisma em seu auge encantando a maior das primaveras; do outro um observador debulhando-se em um orgasmo angelical. Este se vê em uma ala Vip, podendo apreciar a orquestra vibrante, calorosa, dona da audição penetrante no cérebro, condutora de um tapa-olho que veda a razão, permitindo o derreter do subliminar coração. Nas veias bombeadas por este músculo que transcende a ciência, carrega para as almas o entrelaçar quântico de todas as vidas que conhecem, viram, passaram e regozijaram em suas existências mundanas. Tudo isso, levado pela ternura chamado amor.
Sentindo o corpo feminino quente sobre o seu, Antônio fechou seus olhos sentindo suas mãos acariciarem a mulher mais linda denominada por seu coração. Não era gorda, magra, musculosa... era uma mulher de estrutura comum, mas para ele, tinha a maior beleza já esculpida por Deus. O sorriso nasceu em sua face enquanto imaginava as partes que seus dedos alcançavam e, no decorrer do percurso, uma única lágrima caiu de sua pálpebra esquerda.
Rosa também sorria, mas também pensava no que Antônio estava sentindo e o quanto estava segurando para não dizer estar excitado — mesmo com seu membro duro. Se perguntou se o torturava e se se torturava por estar na cama com um homem que amava, mas tinha uma coisa estranha que travava sua vontade de cometer o ato sexual.
Minutos passaram e um calor os tomou, deixando-os suados. Antônio levantou e ligou o ar condicionado, quando já estava quase sentado na cama, Rosa o impediu e abocanhou sua genitália. Antônio, desnorteado, não sabia se a impedia ou permitia o ato. Então relaxou olhando o corpo nu em quatro apoios em sua cama.
Antônio segurou seus cabelos, gemeu, sorriu, fechou os olhos, abriu incrédulo e voltou a visão para baixo e viu Rosa o olhando. Sem mais, ele gozou. Antes que falasse algo, Rosa o limpou, o direcionou a cama, se pôs novamente sobre seu peito e ficou sorrindo sutilmente sentindo o corpo suado e ofegante do seu amor.

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