CAPÍTULO 79: Um Visitante de Glória - Parte III

612 75 6
                                    

[Narrado por Thay:]


A temperatura alta dentro do veículo submerso fez com que o restante de água evaporasse em poucos minutos. Enquanto isso, fiquei andando de um lado para o outro procurando o que fazer. Eu precisava chegar à superfície, mas sem deixar com que a nave fique visível. Fui ao painel e encarei cada botão colorido. Respirei fundo e peguei o manual, o lendo por inteiro mais uma vez.

Segui cada passo do manual, para que eu pudesse dirigir a nave por conta própria, e consegui. Era um pouco difícil de controlar, mas fiz o possível. Direcionei-a para cima até minha visão clarear e o céu surgir. A nave emergiu e pude ver pedaços de terra distantes. Tentei encontrar algum canto vazio, e consegui. E foi para lá que eu dirigi, ainda com o espelhamento ativado. Parei numa costa bem estreita, cheia de pedras, e desci. Quase beijei o chão sólido ao sentir meus pés tocá-los. Olhei para o triângulo enorme na água e respirei fundo, sem ao menos saber como esconder isso. Minha cabeça doía para um caralho! Me sentia um pouco fraco, mesmo que meus movimentos parecessem mais leves. Olhei para todos os lados e vi um conjunto de abrigos brancos, feito com algum material desconhecido. Eu não faço ideia de onde estou, mas provavelmente em algum pedaço de terra próximo àquele corpo d'água que Ravick viu no mapa. Dei alguns passos em direção aos abrigos brancos e cerrei os olhos, tentando enxergar melhor, mas minha visão ficava cada vez mais turva. Toquei minha nuca ao sentir um incômodo após virar o pescoço, e senti um buraco, com algo preso à minha pele. Esfreguei e isso me causou ainda mais vertigens. Tentei puxar com as unhas, e senti que era algo metálico. Puxei, mas senti aquilo encostar em minha vértebra... No mesmo segundo meus músculos desativaram e caí de joelhos, com a visão ainda mais escura. Tentei a telecinese, mas não estava funcionando. Nada estava funcionando.

Mas que droga está acontecendo comigo???

Voltei à nave com pouquíssima força e toquei o material espelhado. Na hora ela reagiu e afundou na água, deixando apenas metade da pirâmide visível acima do mar. Preciso arrumar um modo de tirar isso das minhas costas...

Tentei caminhar outra vez em direção aos abrigos da civilização humana, mas estava sendo difícil caminhar. Escutei vozes e mais vozes, gritando, conversando, rindo... No entanto não consegui alcançá-las. Caí entre as pedras. Não sentia mais meu próprio corpo e nem mesmo minha energia. Apaguei completamente.

Quando voltei ao meu estado consciente, eu ainda me sentia fraco. Fraco pra caralho! Abri os olhos com um pouco de dificuldade e pude sentir a luminosidade contra minhas pupilas. Não incomodou tanto quanto deveria. Provavelmente porque minhas retinas estão acostumadas à forte luz dos dias de Cetos. Eu estava em um quarto branco... Havia uma grande janela que trazia um odor fraco de maresia para dentro. Nela havia uma cortina azul-ciano, e alguns quadros pelas paredes brancas. Me sentei na cama macia com lençóis azuis onde eu estava. Olhei ao redor e notei alguns enfeites meio... Estranhos. Haviam bonequinhos diferentes, talvez personagens de entretenimento humano? Talvez sim.

Toquei minha nuca e senti algo poroso por cima da minha pele. Seja lá quem me tirou de perto da água, me colocou um curativo. Me pus de pé e fui até a janela, sendo atingido por uma brisa gelada e pela visão incrível do mar azul lá fora. Senti o frio em minha pele e só neste momento eu percebi que estava sem blusa.

Eu: — Que porra estou fazendo aqui?

— Ah, xýpnises epitélous!  [Ah, você finalmente acordou!]

Uma voz ecoou atrás de mim. Não me assustei, mas me virei o mais rápido possível me preparando para investir com um ataque rápido, mas era apenas um senhor franzino. Me recompus e engoli em seco, ainda olhando ao redor.

ABOOH : Amores Sobre-Humanos Where stories live. Discover now