CAPÍTULO 110: Traga a Mim Essa Alma

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[Narrado pelo Autor]


De repente a porta do laboratório se abriu com um estrondo, assustando a todos. Eles ficaram em silêncio, mas então o cheiro ferroso e adocicado invadiu as narinas de todos. O odor de sangue foi muito forte, e um odor que Marcus conhecia, afinal já sentiu aquilo de muito perto.

Marcus: — Mickael... — sussurrou. Com um impulso, correu o mais rápido que seu corpo pesado permitia.

Carlim: — Guilherme, ajude os outros a cuidarem do Luka. — rapidamente seguiu Marcus para o laboratório. Thay e Martha também foram.

Assim que Marcus passou pela porta, o cheiro ficou ainda mais forte. Correu para a porta da sala onde fizeram a necropsia em Anco e ao abrir, Thay e Carlim tiveram que tapar o nariz, pois o cheiro era muito, mas muito forte para eles, principalmente para Thay. Pelo chão havia incontáveis gotículas de sangue. Marcus passou na frente e viu Mickael parado ao lado do corpo imóvel de Anco. Mas o médico estava diferente... muito diferente. Estava sem o jaleco, suas roupas estavam encharcadas de sangue nas laterais. Thay pegou o jaleco ensanguentado no chão e o entregou ao pai.

Marcus: — Mickael? — chamou e se aproximou calmamente. Respirou fundo ao ver que Mickael não estava bem. Ele estava com dois braços ensanguentados saindo de suas costelas, e ninguém sabia se isso fosse, ou não, uma habilidade dele, afinal ele nunca disse nada sobre... e ao se aproximar o suficiente, viu aquele rostinho calmo e delicado coberto por lágrimas e sangue. Suas mãos principais estavam paradas e abaixadas, mas as mãos que saíam de suas costelas acariciavam o rosto de Anco, manchando sua pele com sangue. — Mickael... o que... o que aconteceu?

Mickael: — Vocês não puderam salvá-lo, então eu tomei a liberdade de sacrificar algumas coisas. Ele cumpriu o que ele se devotou a fazer. Ele morreu para salvar sua família. Agora você tem o dever de deixá-lo ser livre.

Marcus: — Mickael? — chamou. Mas ali não era ele. Mickael virou o rosto, e seu olho esquerdo mostrou-se diferente. Estava negro, e não âmbar-claro. Marcus reconheceu aquele olhar obscuro, mesmo num corpo diferente. — Troy...

“Por favor, não fique bravo com ele. Não o machuque e nem briguem com ele. Ele está sofrendo. Ele já vai sair...” — Disse Mickael em pensamentos , sabendo que Marcus poderia escutá-lo.

Marcus: — O que... o que você está fazendo com seu amigo, Troy? Olha essa bagunça... — apontou para todo o sangue manchando as roupas de Mickael e o chão do laboratório. — Você vai matá-lo!

Mickael: — Sacrifícios precisam ser feitos. Já perdi coisas mais importantes nessa vida de merda. — Marcus agarrou o pulso do braço invasor direito.

Marcus: — Você vai mesmo assassinar seu melhor amigo pra conseguir o que quer? Olha onde você está indo, cara... — suspirou. Um par de lágrimas vermelhas caíram dos olhos de Mickael. Aquilo causou uma dor incompreensível no Rei, que nem ele pode entender direito. — Troy, por favor... solte ele... por favor, eu faço o que você quiser...

Mickael: — Eu não preciso de nada de vocês. Eu só quero que vocês libertem o Anco.

Marcus: — Tá, você quer o corpo dele? Se isso for salvar o Micki, eu te dou! Mas por favor, eu te imploro... você está fazendo ele sofrer...

Mickael: — Vocês não... são nada pra mim. Não me importo com o poder e a influência da sua família. Não me importo com você. Se quiser me matar, vai ter que esperar pra encontrar meu corpo. E então teremos uma guerra.

Marcus: — Troy... por favor... — suspirou. Sentiu seu rosto arder. — Mi-Mickael, você não precisa ceder a isso só porque seu maior desejo é morrer. Você ainda tem pessoas aqui que conseguem te entender e te alcançar. Escute a minha voz...

ABOOH : Amores Sobre-Humanos Donde viven las historias. Descúbrelo ahora