CAPÍTULO 96: A Vida Perfeita.

356 56 10
                                    

[Narrado por Luka]




Levantei da cama com um salto de susto.
 
Ah... tudo aquilo foi... um sonho? Uau, parece ter passado uma vida inteira!
 
Nossa, que estranho. Acordei tão tarde. Achei que tinha me acostumado a acordar cedo. Cocei meus olhos e me levantei da cama. Foi um sonho muito estranho. Não lembro de muita coisa, mas eu me lembro da minha mãe, dos meus irmãos, mas... não lembro do meu pai. Ele nem apareceu no sonho, como se ele nem existisse.
 
Recebi mensagem da Nathalie brigando comigo por eu estar atrasado. Tínhamos marcado de ir no shopping, mas eu dormi demais. Fiz todo o processo matinal e fiquei me olhando no espelho. Minhas bochechas estavam rechonchudas como o normal. Havia até espinhas na minha cara. No meu sonho eu era tão mais bonito. Eu tinha até músculos! Mas eu sou tão preguiçoso com exercícios, até parece que eu conseguiria chegar naquele estado algum dia da minha vida. A única coisa que presta em mim são os olhos azuis do meu pai.
 
Eu: — Ah, eu preciso muito de um glow up. — tentei arrumar meu cabelo.
 
Após me arrumar da melhor forma que eu podia, desci para falar com o povo.
 
Turok: — Boa tarde, Bela Adormecida! Não fala mais não, é? — parei no corredor e voltei alguns passos. Ele estava sentado no sofá tentando consertar o liquidificador que mamãe tacou nele ontem, porque ele colocou sal no bolo que ela estava fazendo. Ela passou quase uma hora tentando explicar pra ele que está escrito nos potes o que há dentro, e ele deveria ter lido SAL, não AÇUCAR, mas ele ignorou.
 
Eu: — Boa tarde, pai. — fui até ele e o abracei por trás. Ele me cercou com seu braço direito em um abraço e riu.
 
Turok: — Agnar virá hoje. Quero que você receba ele.
 
Eu: — Foi mal, pai, mas marquei de sair com a Nathalie. — ele pôs o liquidificador na mesa de centro e me olhou. Seus enormes olhos azuis estavam quase me implorando para aceitar. — Não, não. Nem vem.
 
Turok: — Por favor...
 
Eu: — Não. Isso não vai funcionar comigo. — é impressionante o quão parecido Cássio e ele são. O corte de cabelo baixo, espetado pra cima, o sorrisão, os olhos... e até mesmo os mesmos talentos. Não tem nem como dizer que ele não é nosso pai. Cássio, Agnar, ele e eu somos idênticos um ao outro. Parecemos cópias do papai em idades diferentes.
 
Turok: — Tá bom, eu vou deixar de ir visitar seu avô pra atendê-lo. Cê sabe que seu avô anda doente, né? — revirei os olhos. Parece que estou falando com o Cássio, exceto pelo sotaque ucraniano puxado.
 
Eu: — Tá bom, pai. Eu volto mais cedo pra ficar com ele. Só porque ele é legal, e não porque você pediu! — seu sorriso exagerado abriu. Ele ergueu a mão direita, esperando um hi-five.
 
Turok: — Bate aqui. — aceitei o cumprimento e ri. Ele sempre fica feliz assim quando meu irmão vem nos visitar. Ele gosta muito de ver todos reunidos, e a nossa proximidade com ele. Agnar é bem legal, pena que não mora conosco. A faculdade ocupa muito tempo dele, tadinho. Eu realmente sinto a falta dele durante a semana.
 
Fui para a cozinha falar com minha mãe, com a Caca e com o Cássio. Carlim estava lavando a louça enquanto minha mãe a secava, e como sempre, Cássio enchia o saco dela querendo dinheiro pra comprar mais jogos de videogame pra ele.
 
Sílvia: — Eu lá tenho cara de banco?! Vai pedir teu pai!
 
Cássio: — Ô PAIEEEE!!!
 
Carlim: — Não grita, Peste!
 
Fiquei com eles um tempinho, comi alguma coisinha e... a campainha tocou.
 
Eu: — Deve ser a Nath. — corri para abrir a porta antes que meu pai fosse. Cheguei bem na frente dele.
 
Eu: — Oi, Nath.
 
Nath: — Inhain! – ela me abraçou tão forte, que achei que meu coração e meu estômago iriam trocar de lugar. Ela estava linda com aquele vestido xadrez um pouco acima dos joelhos.
 
Eu: — Ai! Você está triturando as minhas costelas! — ela me soltou.
 
Nath: — Oi, tio Tuke! — ela acenou pra ele atrás de mim.
 
Turok: — Oi, Nathalie! — ele acenou de volta no mesmo entusiasmo.
 
Nath: — E qual é a dessa blusa, Luka? Pólo? Sério mesmo?
 
Eu: — Gosto dela.
 
Nath: — Coisa de hétero, joga fora. Vai vestir alguma coisa que preste, e de preferência azul, porque menino veste azul e menina veste rosa.
 
Eu: — Nem pensar. – meu pai riu e voltou para o que estava fazendo.
 
Nath: —  Na primeira oportunidade eu queimo essa blusa. Nem que seja no teu corpo mesmo. – ela agarrou meu braço e me puxou para fora de casa.
 
Eu: — Espere um pouco, vou pegar a minha carteira.
 
Nath: — Aproveita e troca essa coisa que você vestiu! – mandei o dedo do meio para ela.
 
Turok: — Luka! Gesto feio!
 
Eu: — Foi mal, pai! — subi correndo. Comecei a procurar a carteira e demorei um pouco para encontrá-la. — Ah... finalmente. — a peguei e a guardei. Saí do quarto rápido e... parei no corredor. Olhei para trás, para a porta do meu quarto e paralisei. Senti algo estranho... como se... se fosse acontecer algo, mas não sei o quê. Olhei para minhas mãos e me arrepiei inteiro. — Eu, hein...
 
Acho que estou ficando louco.
 
Sílvia: — Ah, vocês fazem um casal tão bonitinho. — meu pai riu ao lado dela. Tive que rir também.
 
Nath: — Também acho isso. – ela me lançou uma piscadela e beijinhos no ar.
 
Eu: — Credo! – elas riram. — É mais fácil eu pegar o irmão dela do que ela. — Carlim gargalhou e voltou para a cozinha.
 
É, não tenho vergonha de falar isso, e minha família é super de boas. Meu pai, Agnar e Carlim são bissexuais e assumem isso na cara de quem quiser saber, e não têm vergonha disso. O assunto às vezes dura aqui em casa, ainda mais quando junta o irmão e o pai da Nathalie, que também são. Nessa rua só tem viado, sapatão, bi e idoso.
 
Turok: — Luka, leve meu cartão. — ele pegou a carteira perto da TV, tirou o cartão e me entregou. Guardei na minha carteira. — Compre uns jogos pro Cássio, por favor, pra ele parar de encher meu saco.
 
Cássio: — Yass!
 
O Shopping estava cheio, tinha gente pra todo lado. Um cara bem malhado, gigantão, passou por nós e esbarrou na  Nath. Ela parou e olhou pra trás com uma cara hilária, e o cara nem percebeu e continuou caminhando.
 
Nath: — Ô, seu corno filho de uma puta!!! Olha por onde anda, quer levar meu ombro junto, mutante?! Eu, hein! Cancela o anabolizante, tá afetando tua visão, PRAGA! – as pessoas à nossa volta riram enquanto ela massageava o ombro esquerdo.
 
Fomos em algumas lojas, e ela comprou algumas coisas, e já estava cheia de sacolas. Ela sempre exagera quando está com o cartão do pai. Eu comprei quase nada, apesar de também estar com o cartão do meu pai. Procurei um pouco e consegui encontrar uma loja de games. Comprei o que eu achei que Cássio gostaria, e espero que eu tenha acertado, senão ele vai pirar comigo.
 
Em um certo momento estávamos passando em frente a uma loja e escutei Nathalie dar um grito agudo. Tapei os ouvidos e me virei pra ela.
 
Eu: — Ficou louca???
 
Nath: — Mamãe tá chegando, princesa. — ela entrou na sapataria e me puxou junto.
 
A vendedora veio rápido, escutou o que Nath tinha a dizer e foi buscar. Logo voltou com uma bota de cano alto. Não liguei muito pros detalhes, é só uma bota. O que chamou minha atenção foi o preço. Me preguntei se teríamos que deixar a carteira, um rim, metade do fígado ou o cu pra pagar aquela merda.
 
Nath: — Pode passar.
 
Eu: — Seu pai vai te matar.
 
Nath: — Ninguém mandou ele me dar um cartão. – a vendedora riu.
 
Eu: — Vai ficar pequena nesse teu pezão.
 
Nath: — Foda-se. É linda, é chique, e vai entrar nem que eu tenha que cerrar meu dedão.
 
Nem me importei muito com o que ela estava comprando ou não. Ela que se vire com o pai dela. Ele deve levar na boa, ou não. E não posso me dar ao luxo de comprar coisas muito caras. O pai dela recebe muito mais que o meu. Marcus, o pai dela, é advogado. Ele é muito bom e nunca perdeu uma causa sequer. É conhecido no tribunal como Leão Ciano, ou Lobo Azul Gigante, por ele ser feroz nos julgamentos, ter olhos azuis e mais de dois metros de altura. Já meu pai é engenheiro mecânico. Ele tem uma oficina próxima à loja de roupas da minha mãe. Lá ele concerta todo tipo de coisa, e até monta equipamentos. Ele é bem criativo e talentoso.
 
Me sentei num puff bem confortável e fiquei olhando para todos os lados, apenas admirando os produtos. Não tinha nada que me interessasse suficientemente. Logo Nath voltou e saímos da loja. Ao sair, olhei por cima dos meus ombros para a balaustrada... me senti estranho de novo. Meu peito apertou e meu corpo vibrou. Suspirei e tentei ignorar. Sinto que há algo faltando, algo que... não sei. Só ignorei.
 
Nath: — A praça tá cheia. Deve estar cheio de macho bonito lá. Bora?
 
Eu: — Não.
 
Nath: — Ué, não quer um amante?
 
Eu: — Nathalie, eu já namoro. Pare de tentar me empurrar para um trisal o tempo todo.
 
Nath: — Luka, não importa se você acha que está traindo o gostosão. Mostre sua bunda mágica pra ele e faça ele aceitar o trisal, e ele muda de ideia rapidinho.
 
Eu: — Não tenho interesse. – ela riu.
 
Nath: — Anderson ama a magia que sua bunda faz — ri e revirei os olhos.
 
Eu: — Nathalie, eu não vou convencer o Ande a abrir o relacionamento. Eu não quero. – segurei a mão dela e a puxei comigo.
 
Nath: — Tá, tá bom! Vamos comer logo. Se formos pensar só em homem, vamos morrer de fome.
 
Fomos à praça de alimentação. Nos sentamos e Nath fez os pedidos. Comemos bastante e ela parecia estar comendo por cinco.
 
Eu: — Vou ao banheiro.
 
Nath: — Não demora. Se tiver banheirão,  corre que tu é menor de idade. Não vem com essa de participar. — ergui os dedos do meio para ela mais uma vez.
 
Fui ao banheiro, fiz o que tinha que fazer e me olhei no espelho. Arrumei meu cabelo e minha roupa, e logo senti meu celular vibrando.
 
Eu: — Oi, Aggi. — escutei sua respiração pesada do outro lado.
 
Agnar: — Oi... uff... — ri baixo.
 
Eu: — Está correndo?
 
Agnar: — Sim, já foram quinze quilômetros.
 
Eu: — Você esta vindo à pé??? — ele riu.
 
Agnar: — Claro! Preciso manter a forma. Só liguei pra avisar que estou bem e chegarei em pelo menos uma hora. Pretendo ir comer sorvete, bora? Eu pago.
 
Eu: — Tô dentro. Aliás, eu vou pra casa pra abrir pra ti. Mamãe foi pra loja, papai foi ver o vô... Cássio deve estar em casa, mas vidrado naquele videogame, e não vai te atender.
 
Agnar: — Se estiver ocupado, eu darei algumas voltas no quarteirão até você chegar, não se preocupe.
 
Eu: — Não, não se exalte muito. Eu sei que você quer se manter gostoso pra sua namorada, mas sossega um pouco. — ele riu e concordou comigo. — Tchau, mano, te amo.
 
Agnar: — Paka paka. Até mais tarde. Ya tebya lyublyu.  [Tchau... Eu te amo]  — desligou.
 
Eu amo ele, mas às vezes ele é insuportável com esse negócio de ser saudável, pro corpo viver mais tempo. Geral já vai morrer, vou ficar seguindo regra agora por quê? Morrer mais cedo ou mais tarde não vai mudar nada, é a mesma merda. Deve ter puxado isso da mãe, porque nosso pai não levanta um dedo pra fazer exercício. Só não dá pra saber, afinal nem ele conheceu a mãe. Morreu no parto. É triste, e ele se sente culpado sempre, mas... é a vida. As coisas acontecem e é culpa de quem criou esse mundo dessa forma.
 
Aliás, Agnar é extremamente fofo. É o cara mais gentil e carente do planeta. Ama ficar aconchegado com alguém que faça carinho na cabeça dele. Se alguma menina quiser conquistá-lo, é só aceitar o grude dele e fazer carinho atrás das orelhas. Também vai ter que aceitar que ele é extremamente ligado com a família. Ele tem um apego comigo, com o Cássio e com a Carlim que parece até relação de filme. A namorada dele fica toda boba vendo ele com o Cássio. Ele gosta muito de se gabar por ser forte, mas claro, o homem da relação é a Mia, claro... claro. Ô mulher maravilhosa também! Ela canta pra caralho, é uma puta intérprete no palco, e trabalha fazendo shows por aí, cheia de talentos. Agnar fica todo bobo com ela também, com aqueles olhos castanhos e sua pele preta retinta, com tranças fixas até os quadris. Ele vive dizendo que na relação o trabalho dela é como o de uma deusa, mandar, desmandar, trabalhar para que tudo esteja bem e dominar o mundo com sua voz e seu poder... e o trabalho dele é só ser bonito, gostoso e carente.
 
Ah, e ele também é insuportável quando começa a querer discutir em ucraniano ou russo do nada. Mia, Cássio e eu ficamos sem entender nada. Carlim tem que ficar traduzindo e ela não gosta. Nós já brigamos uma vez e eu mandei ele enfiar o país dele no cu dele. Ele ficou muito mal, e eu tive que pedir desculpas, senão ele ficaria mole no sofá o tempo todo só por ter brigado comigo e com o Cass.
 
Saí do banheiro bem rápido voltei pra minha mesa, mas assim que cheguei perto, quase esbarrei num garoto distraído. Ele passou direto e nem notou que quase batemos de frente. Ele iria perder aquele refrigerante, certeza. Me sentei próximo à Nath.
 
Nath: — Já sei. Sua mãe ligou e disse pra irmos. Seu irmão gostoso tá vindo. — assenti. Já compramos tudo o que tínhamos que comprar, e ela queria tomar sorvete logo.
 
Ao chegarmos à minha casa, Nath pôs as bolsas num canto e se jogou no sofá com as pernas arreganhadas.
 
Nath: — Ai, delícia.
 
Eu: — Sente-se que nem uma moça de família.
 
Nath: — Meu cuzão pra você.
 
Meu celular tocou de novo. Atendi rapidamente.
 
Eu: — Oi, bebezão.
 
Agnar: — Cheguei. Tá em casa?
 
Eu: — Acabei de chegar. — a porta abriu. Logo ele desligou o celular. Ao vê-lo passar pela porta, fui até ele e o abracei. Ele estava encharcado de suor! — Que nojo, você está fedendo suor. — ele riu.
 
Agnar: — Vou tomar um banho pra gente sair. Oi, Nathalie.
 
Nath: — Oi, gostoso. — ela nem levantou do sofá, permaneceu concentrada em sua preguiça.
 
Eu: — Tá. Vou falar com o Cass e vou tomar banho também. — ele subiu correndo pro quarto dele, que fica vazio a semana toda, exceto nos sábados, domingos e feriados longos. Subi também e fui para o quarto do Cass, que a porta parece ser até de uma prisão clandestina de tortura. Abri a porta e lancei a bolsa em cima dele.
 
Cássio: — Ai, corno! — ri. — Não taca!
 
Eu: — Seus jogos. Aliás, Aggi chegou. — rapidamente ele largou o controle e se levantou para ver os jogos.
 
Cássio: — Luka, eu te amo! Você escolheu certo, finalmente! Está em segundo lugar no meu coração.
 
Vou nem perguntar quem é o primeiro.
 
Fui pro meu quarto tomar um banho. Logo quando terminei e me vesti, desci as escadas e encontrei Nath jogada no sofá.
 
Eu: — Ei, Maria Preguiça! – usei um alto tom e ela levou um susto, quase caindo do sofá.
 
Nath: — Ai! Se você me matar de susto, eu volto como espírito pra puxar seu pé! — fiz uma cruz com os dedos indicadores.
 
Eu: — Sai pra lá. — ela tacou uma almofada, que acertou na minha cara, e  seguida riu. — Doeu!
 
Nath: — Que bom. Quem sabe essa pancada não te faz virar macho e orgulhar teu pai.
 
Eu: — Engraçadinha. Meu pai já pegou mais homens que eu.
 
Nathalie: — Ih, é mesmo. — nós dois rimos alto.
 
Subi pro meu quarto e tomei um banho. Logo Nathalie foi também. Desci e encontrei Aggi sentado à mesa comendo um sanduíche.
 
Eu: — Pão tem leite, cuidado. — Na hora ele arregalou os olhões azuis e cuspiu o pedaço de pão na mão, me fazendo rir. Peguei o saco de pão-de-forma e olhei rapidamente. — Pra sua sorte esse é sem lactose. — na hora ele pôs o pedaço mastigado na boca de novo. — Nojento.
 
Agnar: — Que susto. — ri. Meu pai e ele são extremamente intolerantes. Aggi já foi parar no hospital uma vez e quase morreu, tadinho. Eu não sei por que, mas é muito tóxico pro organismo dele.
 
Eu: — Escapou dessa. Mas leia os rótulos antes de sair comendo tudo o que você vê. Sorte sua que o papai só compra coisas sem lactose.
 
Esperamos ele comer e a boa vontade do Cássio de se arrumar. Ele disse que se arrumou, mas parecia ter acabado de acordar. Estava com uma blusa surrada e um short amassado, e o cabelo todo bagunçado. Saímos com ele assim mesmo, afinal é o Cássio. Se formos esperar ele ter a boa vontade de se arrumar direito, não vamos mais sair de casa.
 
Fomos para uma sorveteria que abriu recentemente. Aggi foi lá semana passada e adorou, e toda hora quer comer sorvete. Lá tem um lado onde só há picolés e sorvetes veganos, sem leite, sem ovo, sem nada animal. Thay vai lá o tempo todo também com o melhor amigo dele, já que ambos são veganos. Aggi não é vegano, mas não pode comer certas coisas. Nos sentamos e ficamos conversando. Aggi nos falou sobre a faculdade e como está sendo a vida de um estagiário de Bioengenharia e o tanto que ele estuda. Ele também disse como Mia está e em como ela anda ocupada com os eventos. Ela também é bem requisitada e famosa por aqui, está sempre em eventos chiques.
 
Agnar: — Ande virá hoje? Ele sempre vem domingos.
 
Eu: — Talvez ele durma lá hoje. Amanhã ele trabalha no turno da noite, e quer ficar com a gente hoje. — sorri.
 
Agnar: — Que bom, sinto saudade dele também. Faz quase um mês que não nos vemos. sempre quando estou aqui, ele está no trabalho. — assenti, concordando com ele.
 
Eu: — Ele está terminando Enfermagem e quer avançar pra medicina. Está trabalhando muito pra juntar dinheiro, tadinho. — Aggi sorriu de uma forma fofa.
 
Agnar: — É, eu entendo ele. Estou juntando também, mas é pro meu casamento. Sabe, eu amo muito a Mia, e eu já disse que quero estar pra sempre com ela, mas... é difícil ter acesso a recursos aqui.
 
Eu: — Mas você vai conseguir, irmão, eu tenho certeza.
 
Cássio: — Que foda, cê quer se casar com a Mia!
 
Nathalie: — Own, que fofo! — Aggi corou.
 
Agnar: — Mas por enquanto é segredo. Não quero que ela saiba que estou juntando pra isso.
 
Nathalie: — Luka, seu irmão hétero é um fofo. Quero guardar ele num potinho.
 
Cássio: — Hétero? — ele e eu rimos. Agnar corou ainda mais. — Essa praga não é hétero nem aqui, nem em outro planeta. Eu fiquei sabendo de umas coisas aí...
 
Eu: — Cássio, cale a boca! — comecei a rir e Aggi pôs as mãos no rosto.
 
Nathalie: — Oooopaaaa, solta o babado agora, pirralho!
 
Cássio: — Aggi e Mia pegaram uma amiga da Mia e o namorado dela. Tava geral bêbado e todo mundo se pegou, e Aggi deu um trato no namorado da garota, que ele saiu até feliz.
 
Nathalie: — Pelo amor de deus, esse garoto tem treze anos! Quem contou essa safadeza pra você, criança?!
 
— Mia. — nós três dissemos juntos. Aggi estava vermelho como um tomate maduro.
 
Senti meu celular vibrando. Vi quem era e atendi rápido.
 
Eu: — Oi, bonitão. Cê tá no trabalho ainda?
 
Anderson: — Não, não, Mô. Acabei de sair. Vou passar em casa pra pegar uma roupa e vou pra sua casa... — ele bocejou e riu em seguida. — tô cansadão...
 
Eu: — Imagino. Cê tá bem? Como foi o trabalho hoje?
 
Anderson: — Ah, foi o mesmo de sempre, né. Às vezes é humilhante, mas curar as pessoas é o que eu gosto de fazer. — escutei as buzinas próximas a ele. — Ui, quase fui atropelado.
 
Eu: — Cuidado, Ande. — ele riu. — Você é muito bom pra esse povo, eles não te merecem. Vem pra casa, você pode descansar aqui.
 
Anderson: — Vou mesmo, quero dormir agarradinho contigo, sentir o calor que você tem, te beijar todinho e... umas coisinhas safadas. — ri.
 
Eu: — Aliás, meu irmão acabou de chegar, estamos na sorveteria aqui perto.
 
Anderson: — Sério? Tô com saudade do monstrão. Vou direito para aí, me esperem. Quero tomar um açaí pra dar energia... opa, o busão tá vindo. Te amo, garoto de chocolate... tão irresistível que uma mordida vicia.
 
Eu: — Seu filho da... — ele desligou o celular. Sorri por mais uma vez ele me provocar e voltei a conversar com os outros.
 
Ficamos jogando papo fora enquanto Aggi gastava todo seu salário em sorvete pro Cássio e pra ele. Se o Cássio pedir um carro agora, é capaz dele dar. O coração do Aggi é enorme, e ele não consegue falar não pra gente. O Cass até usou a cartada de que está sem jogos de videogame, e Aggi prometeu trazer alguns semana que vem, sendo que hoje mesmo eu comprei pra ele. Filho da mãe.
 
Demorou um pouco, mas Ande chegou. Cumprimentou Nath com um beijo na bochecha, o Cass com um beijo no topo da cabeça, o Aggi com um aperto forte de mãos e um abraço, e me cumprimentou com um beijo de tirar o fôlego. Inclinei minha cabeça pra trás, vendo ele de ponta-cabeça, e aceitei seu beijo saboroso. Senti suas mãos calmas e firmes tocarem meu rosto e sorri entre os beijos.
 
Anderson: — Sabe que eu te amo, né? Pra carrrralho.
 
Eu: — Igualmente. Sente aí. — ele tirou a mochila e sentou-se conosco.
 
Ficamos um pouco ali até Ande comer o que ele pediu. Assim que ele terminou, fomos caminhando e conversando pra casa. Ao chegar lá, minha mãe já estava em casa, cozinhando. Aggi foi rápido até ela ajudar em algo. Ele gosta de seu útil. Anderson e ela se cumprimentaram e subimos pro meu quarto enquanto Nath e Cass se jogaram no sofá pra assistir TV. Anderson foi tomar banho e eu fiquei o esperando. Logo ele saiu do banheiro... completamente pelado. Foi até sua mochila e pegou suas roupas, mas... fui até ele e dei-lhe um tapa em sua bunda malhada gostosa, com a marquinha de bronze solar. Ele se virou rapidamente e segurou meus braços.
 
Anderson: — Olha... Eu vou fazer em você também! — ri e tentei dar outro, mas ele desviou. O empurrei na cama pelado mesmo e não deixei-o se vestir. Sentei-me em seu colo e o beijei. Ele segurou minha cintura e abriu seu sorrisão gostoso.
 
Eu: — Você é muito, mas muito gostoso, sabia?
 
Anderson: — Sabia. Eu sou maravilhoso. — rimos.
 
Eu: — Sim você é. — saí de seu colo e o deixei se vestir. Ao se levantar, ele estava excitado, e isso não me surpreendeu. Ele se excita muito fácil. Qualquer coisa deixa ele com tesão. E não está na hora de brincar, afinal a casa está cheia. O horário é na madrugada.
 
O jantar foi de boas. Meu pai voltou com notícias do pai dele, e disse que está bem. Só que Marcus anda meio preocupado, porque o vovô está muito mais rabugento e está se esquecendo muito rápido das coisas. Ele só fala em voltar pro mundo dele, mas os filhos ainda acham que é melhor ele ficar nesse país, já que aqui há pessoas para ficar de olho nele e ajudar caso seja preciso. a Vovó lutou para convencê-lo a não voltar para a Ucrânia.
 
Falamos sobre Mia e quando ela poderá vir passar o final de semana conosco. Falamos sobre um monte de coisas, e dava pra notar o quanto meu pai sentia a falta de Agnar. Eles costumavam a ficar juntos o tempo inteiro, mas agora Aggi cresceu e quer montar a própria vida, a própria família, e papai não está sabendo muito lidar com essa distância. Agnar é o irmão mais velho, está há muito mais tempo ligado ao Turok.
 
Durante o jantar, vi Anderson bocejando algumas vezes. Dava pra notar o quão cansado ele estava. Estava caidinho, quieto e com os olhos vermelhos. Se ele ficasse mais um pouco, iria dormir sobre a mesa.
 
Eu: — Oh, bonitão, vai descansar. Você está caindo de sono. — segurei a mão dele e entrelacei nossos dedos. — Eu já vou subir, só vou ajudar a tirar a mesa, tá bom? — ele assentiu.
 
Anderson: — Nossa, hoje eu estou acabado... mas amanhã a gente vai curtir mais. — ele se levantou um pouco fraco. — Boa noite, pessoal. Vou subir pra descansar. Eu tô muito cansado, o plantão de hoje foi pesado. Me desculpem por não ajudar com a louça e nem..
 
Sílvia: — Ah, meu amor, pode ir, não se preocupe. Vai dormir um pouco. Você merece. — ele corou e sorriu de canto, olhando pro meu pai.
 
Turok: — Vai, você salvou vidas demais por hoje. Vai descansar. Você parece exausto.
 
Ele subiu sozinho e calado. Fiz minhas tarefas rapidinho, dei boa noite pra todo mundo e subi também. Ao chegar lá, Ande estava deitadinho, coberto até metade do dorso, e sem camisa. Estava dormindo calmamente. Achei muito fofo. Fui escovar os dentes e me preparei para dormir. Me deitei com ele e ele se moveu... abriu os olhos e sorriu ao me ver. Ele se aconchegou perto de mim e eu o abracei por trás. Entrelaçamos nossos dedos e relaxamos. Dei-lhe um beijo na nuca e sorri.
 
Eu: — Durma bem, Mô.
 
Anderson: — Com você aqui, com certeza eu vou.
 
Nunca me senti tão bem e tão feliz na minha vida. Parece até um sonho. Mas mesmo me sentindo tão bem, as coisas pareces tão... diferentes. eu sinto falta de algo que eu nem sei o que é.


•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••


Não esqueçam de apertar na estrelinha para votar e colaborar com a história, comentem o que acharam e compartilhem, isso é muito importante ❤. 

ABOOH : Amores Sobre-Humanos Where stories live. Discover now