CAPÍTULO 76: Um Passo no Atlântico.

988 117 31
                                    

[Narrado por Luka]:

Sílvia: — Aonde está indo?

Eu: — Paris.

Sílvia: — Como é??? – ela largou o que estava fazendo e me encarou.

Eu: — Vou ver como o Gui está.

Sílvia: — Ser atacado por um Djinn, perder parte da memória e brigar com um deus não foi suficiente pra essa semana?

Eu: — Não. E se tudo der certo, vai piorar.

Saí de casa olhando no GPS do celular. Como o celular do Gui tem rastreador, graças aos novos recursos de defesa da casa, o cacei no mapa e logo comecei a correr. Não consegui passagem para hoje, então a melhor saída é correr mesmo. O GPS não conseguia acompanhar a movimentação e demorava a dar respostas, mas deu tudo certo. O ótimo é que, por eu conseguir correr numa certa velocidade, a densidade da água não me deixou afundar, então eu literalmente atravessei o Atlântico correndo. Apenas corri, sem nenhum guia de para onde eu estava indo. Atravessei toda a cidade e cheguei na praia. Parei no meio das árvores perto da praia para ver se havia alguém por lá, mas estava vazia. Aproveitei o momento para sentir as sensações em minha pele, então tirei os sapatos, os segurando um em cada mão, e comecei a correr em direção à água. Ao sentir meu pé tocar a areia molhada, dei um impulso forte o bastante para quebrar a barreira do som. Escutei o barulho da quebra da barreira, mas não liguei. A praia estava vazia mesmo. Continuei correndo, e correndo, e correndo sem parar. Parei no meio do oceano para descansar. Claro que eu não afundei, afinal, uma das minhas habilidades herdadas é a hidrocinese, e Marcus fez questão de me relembrar que eu posso usar a água ao meu favor, além das chamas, então eu apenas continuei caminhando normalmente por cima das ondas, sentindo a sensação deliciosa da água por baixo do meu pé.

Encontrei uma tempestade no meio do caminho, e achei melhor não passar no meio dela. Parecia perigoso. Mas vi um barco cheio de pescadores que parecia estar dispostos a enfrentar aquela tormenta. As nuvens negras estavam se aproximando rapidamente e era um clima bem denso e intenso. Não iria deixar aqueles pescadores sofrerem com a tempestade, então os forcei a ir pra casa. Levantei meus braços e com bastante dificuldade, consegui formar uma onda grande o bastante para assustá-los. Eles se apressaram em remar. Os ajudei e fiz uma onda mover o barco na direção contrária à tempestade. Eles não me viram, e nem veriam, pois estavam focados em escapar da tormenta. Pude escutá-los berrando em um idioma completamente estranho pra mim. Olhei o GPS e me localizei no mapa. Eu estava perto de uma tal de Libéria, mas ainda assim bem afastado do continente. Assim que se afastaram bastante da tempestade, acho que eles me notaram. Os vi olhando em minha direção e todos ficaram parados olhando. Alguns apontavam pra mim. Talvez tenham me visto, mas e daí? Se eles contarem que viram alguém caminhando pelo mar, ninguém vai acreditar mesmo. Só vão levar fama de malucos, e isso não vai me afetar. Talvez eu até vire uma lenda local.

Droga, eu deveria ter previsto que teria uma tempestade pelo caminho. Ela é enorme! Para eu desviar, teria que passar por terra e dar a volta por diversos países, mas não vou fazer isso. Vou ter que passar pelo meio de qualquer forma.

E assim eu fiz. Continuei correndo o mais rápido que eu podia através da tempestade. Chovia forte pra caramba, e caiam raios para todos os lados, mas me manti vivo... Pelo menos por partes. Parei no meio do caminho para descansar. A chuva não batia em minha pele, mas naquele momento eu deixei que me molhasse. Eu estava suando e bem cansado. Mas continuei andando por cima das ondas enormes. Quase fui derrubado por uma, mas consegui me manter de pé na água. Parei por alguns segundos e esse foi meu erro.

Aquele Djinn afetou meu modo de raciocinar. Eu também deveria ter previsto que uma tempestade daquelas não viria sozinha. Logo senti uma presença colossal debaixo de mim. Não demorou muito pra eu sentir tentáculos nas minhas pernas. Chacoalhei meus pés para me livrar daqueles tentáculos vermelhos grossos, mas não deu certo. Aquilo só me soltou quando eu segurei e queimei o tecido mole e escorregadio. Aquilo desceu outra vez para a água e um outro tentáculo, esse milhares de vezes maior e mais grosso, se ergueu da água.

ABOOH : Amores Sobre-Humanos Donde viven las historias. Descúbrelo ahora