CAPÍTULO 05: Ferida e Raiva

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Nós estávamos seguindo pro portão quando senti novamente uma sensação estranha. Parei no meio do caminho e fiquei paralisado olhando para o nada. Meu corpo inteiro começou a formigar e vi um flash verde nas paredes. Os alunos por perto não ligaram e pareciam não ter percebido o flash, só eu que havia visto. Fechei os olhos com força sentindo que alguém estava se aproximando de mim por trás. Logo mãos tocaram minhas costas e fui lançado para frente em um empurrão. Caí no chão e uma enorme dor na parte superior esquerda da testa me atingiu. Meus ouvidos zumbiam e me senti desnorteado. Pus a mão no canto superior esquerdo da testa e senti algo molhado e muito quente. Quase apaguei. Minha visão escureceu e só ouvi a voz da Nath me chamando...

Senti mãos fortes me puxando para cima e me ajudando a levantar. Não eram as mãos da Nath. Recuperei a visão e vi Nathalie me olhando com espanto, e ao lado dela o nosso professor de matemática. À nossa volta tinha alguns alunos curiosos olhando.

Miguel: - Tudo bem, Luka?

Eu: - Ah... não, minha cabeça dói... - pus a mão na cabeça e a senti molhada. Olhei para meus dedos e vi um pouco de sangue escuro entre eles.

Miguel: - Dispersando pessoal, dispersando. - Quando a roda de alunos foi se desfazendo, vi um grupinho de alunos segurando aquele cara estranho. O Guilherme. Dois garotos e uma menina, aparentemente tão marrenta quanto ele, o seguravam.

Thomas: - Luka, eu... - eu me virei quando escutei sua voz. Ele passou pelo portão e veio na minha direção rapidamente. - Meu Deus... o que houve???

Eu: - Nada demais. Estou bem.

Thomas: - Você está sangrando! Não está nada bem! O que aconteceu???

Nath: - E vou matar essa desgraça loira! - ela foi em direção ao Guilherme, mas eu segurei em seu braço.

Eu: - Não, Nath. Deixa ele, depois resolvemos isso. - tentei andar alguns passos, mas senti minhas pernas fracas e quase caí. Meu professor e Thomas me seguraram. Novamente aquele enjoo retornou com força total. Respirei fundo sentindo que eu iria vomitar e me preparei.

Miguel: - Você está quente... acho que está ficando febril.

Minha visão voltou a ficar turva e senti o ferimento queimar como se estivesse pingando lava ao invés de sangue. Thomas me soltou ao mesmo tempo que o professor Miguel. Me curvei, sentindo o enjoo cada vez mais forte. Apenas consegui levantar a cabeça e ver todos os alunos que ainda estavam ali ficarem desconfortáveis. Eles se abanavam, estavam com a respiração pesada e com a pele vermelha. Olhei diretamente para os olhos do Guilherme e ele paralisou onde estava. Os amigos dele o soltaram e ele ficou parado retribuindo meu olhar. Ele era o único que parecia não se importar com seja lá o que os outros alunos estejam sentindo. Os músculos da face dele se enrijeceram e o olhar frio tomou um tom acalorado. Ele sorriu pelo canto esquerdo dos lábios e eu fiz o mesmo. Rapidamente o enjoo passou e arrumei minha postura. Dei um passo para trás e senti o toque do Miguel em meus ombros.

Miguel: - Calma... você ainda deve estar meio desnorteado por causa do impacto da sua cabeça.

Eu: - Estou bem.

Miguel: - De qualquer jeito, venha, vamos para a enfermaria. - ele tentou fazer com que eu me apoiasse nele, mas eu conseguia andar normalmente. - E você, Guilherme, prepare-se para uma grande suspensão.

Thomas: - Esse cara de novo?! - Ele me soltou e foi andando em direção ao Guilherme.

Miguel: - Thomas! Não! - ele não escutou, ou apenas não fingiu não escutar. Guilherme estava de costas e conversava com seus amigos naturalmente, como se não tivesse feito nada.

ABOOH : Amores Sobre-Humanos Where stories live. Discover now