Capítulo Noventa e Sete!

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Acordei com alguém colocando uma manta quentinha em mim. Abri meus olhos enquanto me espreguiçava e encarei o céu. Ainda era noite. Me sentei e procurei à minha volta quem estava ali e logo o encontrei sentado à minha direita, me observando com um pequeno sorriso.

Por que ele tinha que ser tão lindo?

— Gostaria de saber se fiz alguma coisa para você estar fugindo de mim nos últimos dias. — Foi direto e eu franzi meu cenho, enquanto aconchegava mais ainda a manta em meu corpo. — Acho que a batida em minha cabeça foi forte o bastante, para eu me esquecer de algo. — Colocou seus dedos em seu queixo, enquanto franzia o cenho e fingia pensar,  me fazendo rir naquele instante. — Porque se eu bem me lembro, você  age dessa forma quando eu faço algo errado.

— Você não me fez nada e sua memória parece estar muito boa. — Seu olhar encontrou o meu e a intensidade bateu em cheio meu corpo. — Eu só... — Deixei a frase morrer enquanto ele me olhava curioso e ao mesmo tempo ansioso.

Eu só sinto sua falta.

— Só? — Esticou seu pescoço para frente, em expectativa e eu olhei o céu novamente.

— Só estava com dor de cabeça. Os últimos dias tem sido cansativo, mas foram compensados com sua ótima recuperação. — Apressei em dizer e ele sorriu. — Desculpa não ter conversado contigo assim que chegou, é que deixei você aproveitar um pouco mais a Angel.

E eu te amo, mas não sei o que fazer com a gente.

— Oh, ela está tão linda. Porque eu tenho a impressão de que dormi muito mais que um mês? Ela está tão grande. — Dizia, verdadeiramente maravilhado e eu sorri concordando. Ficamos em um silêncio confortável e eu o olhei. Ele estava encarando sua perna que ainda estava engessada. Deu um suspiro e me olhou. — Sabe, no momento em que tudo aconteceu, eu pensei que não sobreviveria.  — Ele disse com a voz baixa e meu peito se apertou.  — Quando senti o carro girando, e meu corpo sendo atingido pela dor, eu pensei só em vocês.  — Seus olhos encontraram os meus e pareciam distantes e tristes. — Pensei em como eu amo aquela garotinha e eu daria minha vida por ela sem nem pensar.... — Olhou para o lado, e eu vi que assim como eu, ele segurava a vontade de chorar. — Pensei nos momentos que eu perderia dela, mas tudo bem eu partir mesmo sem querer. — Me olhou novamente e eu tinha certeza de que meus olhos estavam iguais ou mais marejados que os dele e ele sorriu.  — Porque ela tinha você. E eu sabia que você ia cuidar muito melhor do que eu conseguiria e se esforçar para fazê-la feliz. Então pensei no quanto eu fui sortudo e no quanto Angel também é sortuda por ter você. — Terminou e uma lágrima escapou e eu a limpei rapidamente.

Porque ele tinha que me deixar tão vulnerável e sensível quando tudo o que eu precisava era ser forte?

— Desculpa por isso, não estou querendo forçar nada e.... — E sem que eu percebesse, com lágrimas caindo em meu rosto, eu o interrompi com um beijo.

Eu não apressei e nem ele. Era um beijo calmo, cheio de saudades e dor. O gosto das minhas lágrimas salgadas se misturaram com o gosto fresco e adocicado da sua boca. Foi ele quem parou o beijo, mas quando fiz menção de me afastar ele segurou forte em minha cintura enquanto olhava no fundo dos meus olhos, procurando algo que eu não sabia o que era, mas que tinha quase certeza de que se perguntara se isso era real.

Estávamos tão próximos que fazia meu corpo formigar em completa ansiedade pelo seu toque por todo meu corpo. Ele sorriu e sua mão acariciou minha cintura enquanto eu continuei o olhando sem reação.

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