Capítulo Noventa!

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Deixei a mansão uma semana depois da minha conversa decisiva com Daniel. E me surpreendi por ele não vir correndo pedindo pra eu ficar. Assim como também não contrariou quando eu decidi pagar por conta própria um apartamento novo. Não aceitei seu dinheiro, e a pensão da Angel seria depositada em uma conta para que ela pudesse desfrutar disso quando crescesse, e também quando eu precisasse urgentemente. Nessa parte ele quis argumentar, mas fui firme e ele aceitou.
Dois meses se passaram e eu decidi que estava na hora de voltar a ativa no trabalho. E, para isso, eu precisava de uma carta de recomendação do meu antigo trabalho . Isso significa que eu precisava ir até a Empire.

E lá estava eu.

Entrar naquele prédio depois de muitos meses, ainda mais depois do que aconteceu ao mesmo tempo que me dava nostalgia, eu sentia calafrios. Tive medo. A cada passo que eu dava eu sentia que além dos fuxicos e olhares curiosos sobre mim, tinha um olhar de ódio misturado com obsessão entre eles, e aquilo me causava calafrios. Por isso quase não cumprimentei ninguém, muito menos fiquei de conversa com quem parecia querer muito saber de primeira mão o que havia acontecido. Eu só queria subir até o RH e pegar minha carta. Nada mais além disso.

Mas era claro que quando eu chegasse na sala de Indi eu teria que subir até o último andar, eu deveria suspeitar. Indi me informou que Daniel estava com minha carta em mãos e queria me ver. Respirei fundo tentando manter a calma para espantar não só o estresse como também o medo. Sorri verdadeiramente para ela quando a mesma me abraçou dizendo sentir muito por tudo o que acontecera e rumei ao elevador assim que passei pelo portal de sua sala.

Enquanto o elevador subia eu tentei não pensar naquele que fizera da minha vida um filme de suspense com uma pitada de terror.
Estava respirando um pouco rápido demais quando enfim o elevador parou e a porta se abriu.

— Hellen? — Amélia era quem estava de pé a minha frente, pronta para entrar enquanto eu estava pronta para sair. Ela me abraçou fortemente, aquela não era a primeira vez que nos víamos desde que eu voltara, mas todas as vezes que nos encontrávamos ela me abraçava forte como se fosse a última vez que nos veríamos.

Meu sorriso saiu fraco quando ela me avaliou e perguntou sobre como eu estava e como ia minha terapia, tentei não falar muito sobre aquilo. E com um sorriso mais largo a tranquilizei dizendo que estava tudo bem.

— Como vai a Angel? Ela está tão linda, cada dia mais parecida com você. — Seus olhos brilharam ao falar de minha filha e eu sabia que aquele comentário era muito exagerado e nada verídico. Porque a cada dia que se passava, mas eu tinha certeza de que ela era a cópia perfeita do pai.

— Ela está muito esperta, você precisa ver. Não para de tentar falar algo, gosta muito de atenção e fica muito brava se a ignoramos. Te lembra alguém? — Ela gargalhou olhando para a grande porta de madeira e meus olhos acompanharam o seus.

— Ele está te esperando. — Caminhou até a sua mesa e olhou seu relógio de pulso. — Eu preciso ir até o andar de design e volto rapidinho. Vou avisar que está aqui e quando sair, que tal almoçarmos juntas? Sinto tanta falta de você.... — Fez um bico muxoxo e eu assenti sorrindo verdadeiramente dessa vez.

Eu também sentia falta dela.

— Onde está a secretária? — Formulei em voz alta a pergunta que eu queria fazer ao notar a falta da mesma.

Amélia suspirou enquanto jogava seus cabelos para o lado e estava pronta para avisar Daniel sobre minha chegada.

— É isso que eu também quero saber. Não apareceu hoje ainda, então imagina como está tudo aqui. — Pareceu exausta e eu a entendia — E agora o Sr. Delavounne não quer atender. Santa paciência! Como você o aguentou por todos esses... — Sua frase morreu quando ela encarou meus olhos e eu apenas balancei a cabeça dando um sorriso.

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