Capítulo Oitenta e Quatro!

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Andrew Gregory!

Redenção... cresci em um ambiente onde essa palavra nunca se encaixou, como tantas outras. Então passei a desacreditar nela tanto quanto nas outras. Afinal, por que eu me renderia? Para quê e por quem? Até há algum tempo atrás eu ignorava essa palavra e tudo o que ela significava.

Até ela aparecer...

Eu nunca pensei que ela seria a válvula que reacenderia essa palavra em minha vida. Sempre acabo rindo quando me deparo com a grande ironia que virou minha vida desde que a trouxe para perto de mim.

Amar Hellen Cavannaugh estava sendo a minha redenção. Eu queria me redimir por todos os meus pecados, queria ser um novo eu, me livrar do passado e ser diferente. Fazer tudo diferente dessa vez e da forma certa.

Mas ai... é como se alguém estivesse se divertindo com o meu sofrimento. Primeiro eu apareço na vida dela e acabo me apaixonando sem querer e poder. Consigo ela para mim e realmente estou disposto a mudar. Então vem o destino e a tira de mim, como se estivesse rindo da minha cara enquanto eu me afogo em meio a solidão em meu apartamento sem animo algum para pôr meus pés para fora.

Eu não sei onde ela está. Christine me disse que pediu a Peter para que ele a matasse. E eu só não matei Christine porque Jason me impediu e por meu sobrinho. Pensar naquela megera me faz querer socar tudo o que vejo pela frente e por isso eu peguei o copo vazio e enchi mais uma vez de whisky enquanto olhava o noticiário.

Tinha sido assim minha vida nos últimos sessenta dias. Isso mesmo. Mil quatrocentos e quarenta horas. E eu fiquei aqui, assistindo essa droga de noticiário que resolveu dizer que cessaram as buscas para salvar ela.

— Seus bandos de incompetentes! — Gritei com ódio e mais um copo foi parar no chão estilhaçado.

"A ex assistente pessoal do executivo Daniel Delavounne, para os policiais e investigadores pode estar morta, uma vez que não encontraram mais pistas sobre ela..."

Morta.... essa palavra nunca combinou com Hellen. Uma mulher sempre com energia, sempre sorrindo. Sempre viva! Não. Ela não estava morta.

— Hellen Cavannaugh não está morta! — Choraminguei.

Meu estado era patético e caótico. Mas eu não sabia mais o que fazer. A dor que eu sentia em meu peito ficava maior a cada milésimo que se passava. Eu sentia toda a minha vontade de viver se esvaindo aos poucos, eu sentia meu corpo implorando para ficar deitado e não se mexer porque ele já não tinha mais forças. Sentia dores de cabeça constantemente porque meu cérebro já não aguentava mais pensar e pensar e não poder fazer nada. Não encontrar saída.

Eu sentia ódio de mim, ódio de Christine, de Delavounne, de todos. Porque todos nós éramos culpados de ela estar sabe-se Deus aonde. Cada um foi culpado. Ela era uma jovem que gostava de liberdade, que adorava dançar, que tinha sonhos e agora estava desaparecida sem nunca ter conhecido a filha que tanto amou e esperou para vê-la.

Por que eu entrei na vida dela? Por que eu fui ouvir Christine? Por que eu não a deixei quando vi que ela não merecia sofrer? Por que eu me apaixonei?

Essas perguntas eram como milhões de agulhas sendo fincadas em meu coração sem dó, o despedaçando cada vez mais.

Eu deveria acabar com aquilo? Deveria. Mas eu era covarde. Eu não queria ir sem nunca mais a ter visto. Eu precisava vê-la.

— Sr. Gregory, não dê ouvidos a esses idiotas incompetentes. Tenho certeza de que a senhorita Cavannaugh está bem. — Janet, a empregada, me tirou dos devaneios me fazendo a olhar.

Meus olhos com certeza estavam vermelhos enquanto meu rosto era banhado pelas lágrimas que caiam sem cessar. Mas eu tinha certeza também de que eu estava horrível, com a barba por fazer, mais magro e os olhos mais fundos e manchas escuras na bolsa de cada um. Janet me olhou horrorizada e correu até mim.

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