Capítulo Oitenta e Dois!

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Dentro daquele carro estavam duas pessoas com os pensamentos completamente o oposto um do outro. Um estava feliz, o outro estava amedrontado e aterrorizado. Peter sorria enquanto dirigia o carro com uma velocidade um pouco alta com a pista molhada pela chuva. Já Hellen continuava de olhos fechados, fingindo ainda estar desmaiada. Ela pensava em um plano para proteger sua filha. Sabia que Christine a queria morta, como também sabia que Peter não iria seguir essa ordem. Pretendia a leva-la para outro lugar, mas isso não incluía sua filha. O que podia fazer? Precisava deixa-la? Mas assim Christine poderia a matar ou manda-la para um orfanato, e como ela conseguiria encontrar sua filha depois? Seus neurônios estavam a toda velocidade enquanto ela ia pensando. Hellen já não sabia mais que horas eram, mas sabia que já estavam a quase duas horas na estrada, tanto que a posição em que estava já incomodava. Não queria mostrar para Peter que já estava acordada, mas se ele era o único que ela tinha para a ajudar a sair dessa, teria que começar com seu teatro. Levantou-se lentamente e Peter viu pelo o retrovisor ela ficando sentada e sorriu.

— Eu fiquei preocupado, Hellen. — Disse com o cenho franzido e ela quis o xingar, mas se conteve.

— Estou bem. — Limitou-se a dizer apenas isso e olhou para a janela do carro — Vai mesmo deixar que ela tire a minha filha de mim, Peter? — Sua voz foi alterada para uma falsa manha e Peter diminuiu a velocidade.

— Sei que isso vai doer, mas prometo que a gente volta para pegá-la, hm? — Ele respondeu e ela fechou suas mãos em punhos.

— Ela pensa que minha filha é um menino, Peter... não acha que o que ela pode fazer com minha filha é aterrorizante? Como você diz que me ama se não se importa sobre eu ficar separada da minha filha? Que cresceu dentro de mim esse tempo todo e que, eu esperei o tempo todo para vê-la? — Seus olhos estavam lacrimejados, mesmo que fizesse parte do plano, ela sentia dor em dizer isso.

— Eu sei, eu sei. Tá legal? — Ele disse um pouco nervoso — Só vamos por etapas. Christine não é quem você acha que é, ela é bem pior do que isso. Por isso eu tenho que agir com cautela. — Ele dizia tenso e pensativo, mas Hellen se conteve com isso por um tempo.

Se ele estava empenhado em a ter só pra ela, então ele poderia salvar sua pequena garotinha. Só de pensar em sua filha ela respondia com chutes, como se quisesse dizer: eu estou aqui, mamãe. Vamos sair dessa.
E isso fazia Hellen sempre sorrir e sentir um pouco mais esperançosa, mesmo que a situação dissesse o contrário. Enquanto alisava sua barriga e conversava com sua filha por pensamento, observou o quão deserto era a rodovia que seguiam, seu corpo arrepiou-se e sua mente vagueou para Nova York. A uma hora daquelas todos já sabiam sobre seu sequestro e perguntou-se como estavam todos. Sua mãe com certeza estaria péssima. Sua irmã pior ainda, porque ela apareceu lá naquela manhã e ainda pegou seu celular. E Daniel... como ele estava? Em sua visão com certeza ele estaria péssimo. Quem fica bem depois de ser correspondido por um beijo e no outro dia acordar sabendo que ele ou ela foi sequestrado? Ninguém. Lembrar do beijo a levava para a noite do dia anterior onde todos que ela amava se encontravam e estavam felizes, completamente alheios do que vinha no dia seguinte. Nem mesmo ela sabia. Estavam tão bem, aceitou a casa de Daniel e decidiu não ser mais tão dura com ele. Sua mãe estava lá também, com Nina. Seu presente de aniversário marcante não foi só aquela festa surpresa. Veio mais tarde, no outro dia para deixa-la marcada e traumatizada.

Lembrou-se do quarto da sua adorável filha a qual já amava infinitamente. Estava só a esperando e agora parecia que nunca iria vê-la naquele pequeno berço que ela escolhera com tanto amor e carinho. Como também não iria usar a cadeira de amamentação enquanto cantarolava uma música de ninar para a pôr no berço. Assim como não iria usar a música de fundo clássica para que ela tivesse uma boa noite de sono. Não usaria as roupinhas compradas e ganhadas com todo o amor do mundo. Os sapatinhos, as presilhas, não teria cheiro de neném nela, não iria banhar a primeira vez...

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