Capítulo Oitenta e Oito!

2.2K 190 14
                                    

"Querida, Angel.
Quando descobri que você estava crescendo dentro de mim, ainda era apenas uma sementinha. E me perdoe, mas pensei que a minha vida tinha acabado ali mesmo e que eu não saberia como cuidar de você. Com o tempo, você foi crescendo de semana a semana e com isso, foi crescendo o meu amor por você. A minha vontade e ansiedade de te ver, te conhecer e te ter em meus braços também. Com o tempo eu já havia trocado minhas famosas compras de saltos e vestidos, por sapatinhos e roupinhas fofas de bebê. Eu já sentia você. Eu já sentia até mesmo o seu cheirinho, mesmo ainda distante a data do tão esperado parto. Eu contava os dias, ate mesmo as horas. Quando descobri que você seria uma menina, a minha vida não poderia ter ficado melhor. Uma linda princesinha estava vindo para poder reinar o meu mundo quando nascesse. Com o passar do tempo, eu fui percebendo que eu estava enganada; a minha vida não havia acabado e sim começado! Com você dentro de mim eu me sentia completa, a solidão já não vinha me visitar mais porquê você estava ali, só crescendo dentro de mim e esperando o momento certo para poder estar em meus braços. Eu aprendi muito com você, minha pequena. Aprendi o que é amar de verdade, assim como também aprendi a perdoar porque isso faz bem para a nossa paz interior. Aprendi a me amar em primeiro lugar, ou melhor, em segundo, porque em primeiro eu amo você.
A minha vida já não fazia mais sentido sem você. E eu só quero te agradecer por tudo isso. Por ter colorido a minha vida e por ter completado o meu ser por inteiro.
Eu te amo. Amo com todo o meu ser e além do que você possa imaginar quando estiver lendo isso aqui.
Eu sou capaz de mover montanhas para te ver sorrir, minha querida filha.

Com amor,
Sua mãe,
H.C"

Eu nunca tinha parado pra olhar tudo o que aconteceu na minha vida no último ano, com um sentimento de gratidão além da compreensão. Não até eu estar ali com aquele pequeno ser me encarando com expectativa em seus olhos azuis tão intensos quanto os de seu pai.
Angel... minha pequena Angel, minha salvação.
Nunca também imaginei que eu amaria alguém além do meu ser e que eu seria capaz de matar e morrer por esse alguém também. E ali estava, aquele pequeno serzinho sorrindo pra mim enquanto seus olhos tão lindos batiam seus cílios sem parar.
Meus olhos estavam embaçados por causa das lagrimas que insistiam em cair, mas eu podia vê-la ainda assim perfeitamente. O seu corpinho tão quente e pequenininho em meus braços, faziam o meu coração quase explodir de tão forte que batia. Eu estava encantada e ao mesmo tempo incrédula. Eu não conseguia proferir nenhuma palavra se quer coerente por causa do choro que fazia minha garganta doer de tanto que guardei a angústia em meu peito até aquele momento. Minha mão acariciava a pele macia de seu rostinho tão pequeno e com grandes bochechas rosadas, quando ela segurou meu dedo e apertou ainda encarando os meus olhos.
Eu não conseguia parar de chorar. Ter ela ali era um descarrego de todo o desespero, medo e dor que senti durante aquele tempo, saindo de mim me dando uma sensação de alívio. Mas ao mesmo tempo fazia o meu coração se cortar ao lembrar que ela foi tirada rudemente de mim e que sem compaixão fomos separadas. Saber que eu não a conheci quando ela saiu de mim, e que não foi para os meus braços doía mais que tudo em meu peito. Mas eu sabia que deveria agradecer que no final eu estava ali finalmente e que não perdi tanto tempo assim. Porem, para uma mãe que ama seu filho de verdade e que esperou durante todos os meses conhecer o seu tão esperado filho, era doloroso demais saber que fomos afastadas durante três meses.
O seu cheirinho era o que me acalmava naquele momento e era como se ela conversava comigo pelos seus pequenos olhos tão intensos e azuis, enquanto sorria. Era como se quisesse dizer que agora tudo estava bem e que finalmente estávamos juntas e eu consegui proferir algo coerente dessa vez.

- Eu amo você, filha. - O som da minha voz fez seu sorriso se alargar e eu vi o quanto eu amava aquele bebê tão pequeno, mas que pra mim sua vida era mais importante que a minha.

A Outra!Onde as histórias ganham vida. Descobre agora