Capitulo Oitenta e Nove!

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Dois dias se passaram desde que eu havia retornado e foram cansativos.  Com idas até à delegacia e com visitas de Alex me fazendo perguntas e me pedindo desculpas dizendo ser seu serviço e precisava seguir o protocolo. Pedi a Alex que me mantivesse longe de Peter quando eu fosse até a delegacia dar meu depoimento e ele assegurou de que eu não veria mais o rosto daquele ser. Eu estava exausta, mas estava me sentindo melhor por saber que ele iria para uma prisão longe o bastante de mim e que havia pegado 30 anos de sentença. Porém, desde que eu chegara, as  emissoras de televisão não paravam de passar o meu caso e de estampar o rosto dele em tudo quanto é manchete, e por isso, eu e todos daquela casa estávamos evitando ligar a TV.
Daniel não estava mais naquela casa, havia voltado para a sua, mas havia deixado Linda para ajudar e estar em prontidão para atender os meus desejos. Como se eu fosse desse tipo. Ele disse que iria respeitar os meus limites e meu espaço e por isso, no mesmo dia que entrei, ele saiu. Foram trocados todos os lençóis da master; o quarto principal. Todos os seus pertences foram retirados no segundo dia que ele se foi, e tudo fora limpo para que eu me acomodasse. Mas seu cheiro ainda era forte naquele enorme cômodo e eu podia o sentir como se ele tivesse materializado ali. Como naquele momento, enquanto eu via Linda dizer que minhas coisas foram trazidas de meu apartamento para aquela casa desde que tudo aconteceu, Daniel já tinha dito para deixar tudo arrumado no meu closet. Eu sentia como se ele fosse sair do banheiro ou do closet a qualquer momento.  Perguntei porque então ele dormia ali se o quarto era pra ser meu. A resposta me deixou sem palavras.

— Ele dizia que era como se você estivesse aqui, ele sentia sua presença e o seu cheiro. Eu tenho pra  mim que era por conta dos seus pertences. E isso lhe dava mais forças para continuar te procurando. — Foi isso que Linda me respondeu, enquanto encarava um enorme retrato comigo no centro, que Daniel havia pendurado na parede do quarto.

Meu coração deu uma leve fracassada e Angel, que estava em meus braços,  sorriu.
E eu deixei um leve suspiro escapar. Automaticamente me lembrei de que ele queria conversar comigo então peguei o aparelho celular no bolso da minha calça, e me sentei na poltrona perto da cama, para poder enviar uma mensagem enquanto segurava minha filha que não parava de mexer seus bracinhos e de balbuciar em sua língua bebenhes.
Pedi para ele vir até a casa àquela noite para termos a conversa e não demorou um minuto e ele já havia me respondido dizendo que estaria lá às 19hrs.
Guardei meu celular e voltei minha total atenção para aquela lindeza que agora insistia em levar sua pequena mãozinha até sua boca e sugava seus pequenos dedinhos, sinal claro de que estava com fome, fora o que minha mãe e Daniel haviam me alertado. Então anunciei minha ida até a cozinha para Linda, que assentiu e fui preparar o mama de Angel com uma enorme dor no coração por não poder amamentar. Isso com certeza nunca passaria. Sufoquei o choro enquanto os olhinhos pequeninos e azuis me encaravam curiosos,  como se pudesse sentir o que eu estava sentindo. Ela então sorriu como se me dissesse que estava tudo bem. E realmente eu me senti melhor quando seu sorrisinho se alargou.

— Eu amo tanto você, minha pequena. — Falei enquanto beijava o topo de sua cabeça e ela sorriu mais ainda como se me respondesse.

Quando diziam que crianças tinham o poder de nos curar, de tirar toda a dor que você sentia no momento, seja ela física ou emocionalmente, eu custava acreditar. Mas ali estava eu, não só acreditando, como também estava sendo muito agradecida por ter ela em minha vida. Porquê todo os momentos ruins e tudo o que me abalava se dissipava quando aqueles pequenos olhos me encaravam com tanta curiosidade e ingenuidade seguida de um sorriso tão lindo e inocente, que é indescritível a sensação.  Só tinha uma certeza de que a cada segundo que se passava, mais o meu amor por ela aumentava .

》♡《

Havia acabado de dar banho em Angel, com a ajuda da minha mãe,  porque sim eu não era boa nisso e não sabia muito bem como a segurar e dar banho ao mesmo tempo. Mas eu sabia que era só questão de tempo e que logo mais eu estaria muito boa nisso. Se Daniel havia conseguido, porque eu não? Depois do banho, dei o mama e a coloquei para dormir. Ela tinha seu schedule e não seria eu quem iria quebrar o que com certeza havia sido difícil até ter ela seguindo certinho todos os horários.
Eram oito e meia da noite quando saí do banho e estranhei Daniel ainda não ter aparecido. Sequei meu cabelo e sai do meu banheiro com o roupão vermelho e quase gritei quando o mesmo entrou no quarto.

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